Brasil: Mercado prevê PIB cada vez menor para 2014: agora, 0,9%

Publicado em 28/07/2014 15:22
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Os analistas ouvidos na pesquisa semanal Focus do Banco Central (BC) melhoraram a expectativa para a inflação neste ano, mas pioraram o indicador de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). A mediana das estimativas para o PIB passou de expansão de 0,97% na semana passada para 0,90% nesta. Para o ano que vem, as estimativas para a atividade econômica permaneceram na média de 1,5%. 

O mercado manteve a perspectiva de que a Selic (principal taxa de juros no Brasil, definida pelo BC e que serve de referência para praticamente todas as demais taxas de juros) encerrará este ano a 11% após o BC sinalizar na ata de sua última reunião que não a reduzirá. Pesquisa Focus, divulgada nesta segunda-feira, mostrou ainda que o mercado está apostando em uma inflação a 6,41% neste ano, pouco abaixo da estimativa da semana passada (6,44%), mas ainda muito próximo do teta da meta, de 6,5%. 

Para 2015, os economistas pioraram a expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que passou de alta de 6,12% para 6,21%. Isso significa que eles estão apostando que a elevação dos preços que está sendo contida em 2014 vai pesar no bolso dos brasileiros em 2015. 

Inflação de tarifas públicas vai voltar com força em 2015

A alta dos preços controlados pelo governo, como os de energia e gasolina, será maior em 2015 e deve superar a inflação dos preços livres. Desde 2009 não havia essa inversão na dinâmica da inflação

Inflação dos preços controlados pelo governo deve ficar entre 6,6% e 8,5% de acordo com os economistas

Inflação dos preços controlados pelo governo deve ficar entre 6,6% e 8,5% de acordo com os economistas (Germando Luders )

A inflação dos preços controlados pelo governo vai voltar com força em 2015 e deve superar a alta dos preços livres, o que não ocorria desde 2009. Reajustes da tarifa de ônibus, trem, metrô, energia elétrica, gasolina e do diesel, represados durante muito tempo, devem fazer com que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dos administrados supere o dos livres, afetados pelo fraco dinamismo da economia, na avaliação dos economistas. Os preços administrados – aqueles que o governo consegue regular – respondem por quase um quarto do IPCA.

As projeções das consultorias para a inflação dos preços administrados em 2015 variam, com diferenças de quase dois pontos percentuais. Mas o ponto comum entre as projeções é que a alta das tarifas deve superar a elevação dos preços livres.

A LCA Consultores projeta alta de 6,67% dos preços administrados para 2015, diante da elevação de 6,04% para os preços livres. Para este ano, a estimativa da consultoria é de uma elevação de 4,52% da inflação das tarifas e 7,13% dos preços livres. “Desde 2009 não havia essa inversão na dinâmica da inflação”, observa o economista da LCA, Fábio Romão. Ele lembra que, em 2009, por causa dos efeitos da crise financeira, os preços livres subiram 4,25%. Eles ficaram abaixo dos administrados, com alta de 4,54%.

Para este ano, a consultoria projeta aumento de médio de 14,5% para eletricidade e mais 9,5% para 2015. Para os ônibus urbanos, também é esperado um reajuste elevado sobre uma base alta: de 4,1% em 2014 e 5% em 2015. No caso da gasolina e do diesel, a consultoria espera reajustes de 8% e de 5,9%, respectivamente para 2015.

Nas contas da economista Adriana Molinari, da consultoria Tendências, os preços administrados devem subir 5,09% em 2014 e 7,64% em 2015. Ela destaca o salto dos administrados que deve ocorrer este ano, com variação de 5,09% - em 2013 o número foi de 1,52% - e reafirma a disparada das tarifas em 2015.

"O preço da energia elétrica caiu 15,65% em 2013 e o aumento médio esperado para este ano é de 17,5%. Esse é um item relevante que contribuiu para o salto dos administrados neste ano", diz. Para 2014, Adriana projeta reajuste de 10% para a energia elétrica, de 10% para a gasolina na bomba, além do reajuste das tarifas de transporte.

Em contrapartida, ela observa que os preços livres devem arrefecer em 2015 por causa da atividade fraca. Para 2014, ela prevê que a inflação dos livres deve atingir 6,61%, ante 7,27% em 2013. E para 2015, os preços livres devem subir 5,85%. Detalhe: para este ano e o próximo, a economista projeta IPCA de 6,3%. "A desaceleração dos preços livres deve ser compensada com a alta dos administrados."

Metas de inflação – O realinhamento progressivo dos preços administrados deve ficar nítido no ano que vem. Nas contas do economista da Rosenberg Consultores, Leonardo França, a inflação das tarifas deve atingir 8,5% em 2015, enquanto os preços livres devem aumentar 5,3%. Para 2015, ele espera reajuste de 20% para energia elétrica, 10% para a gasolina e 10% para a tarifa de ônibus.

Na opinião de Costa e dos demais economistas, é pouco provável que o governo reajuste o preço da gasolina neste ano, após as eleições. A razão para adiar o reajuste para 2015 é que não haveria espaço para comportar o aumento este ano sem estourar o teto da meta de inflação de 6,5%.

(Com Estadão Conteúdo)

Economia

Na contramão do mundo

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Gás natural: reajuste autorizado

Enquanto os preços da gasolina, diesel e do gás de cozinha continuam sem reajustes, a Petrobras autorizou 4,8% de reajuste no preço do gás natural de janeiro até agora. Mais uma vez, o governo está na contramão. Por que?

Assim, com o tratamento diferenciado para o gás natural (afinal, a gasolina e o diesel estão com seus preços travados) o governo tira a competitividade da energia que mais cresce no mundo em termos de consumo.

O que resolveria o problema da Petrobras seria reajustar a gasolina e o diesel, que significam 60% da receita da empresa.

Enfim, o correto seria que todos os combustíveis seguissem o preço do mercado internacional.

Por Lauro Jardim

Santander: Verdades que não cabem num extrato

Doze anos depois da ‘carta’, um extrato assusta o PT

O episódio que começou com a singela opinião de um analista do banco Santander e terminou num pedido de desculpas, na vitimização do PT e na demissão de funcionários do banco mostra o crescente constrangimento do debate de ideias no Brasil, já tão pobre e imbecilizado.monkey-covering-eyes-224x300

Dizer que, se Dilma for reeleita, a Bolsa vai cair e o dólar vai subir é como “prever” que o rio corre para o mar, ou que o dia amanhecerá depois da noite.

Ao tentar envenenar a análise clara do Santander, o PT só prova que, além de ser mau gestor da economia, o partido está cada vez mais medroso, mais cheio de mimimi, e mais distante da democracia.

Senhoras e senhores, liberais e conservadores, petistas e tucanos: O dinheiro não aceita desaforo. O dinheiro não é “amigo” de uns, nem tem antipatia com outros. Ele não é um ente político nem partidário. Ele é um freelancer que só busca uma coisa: retorno sobre o investimento. Boa parte do PIB nacional já “votou” no PT em 2006 e até em 2010, uma época em que o partido deixou a economia em paz no seu tripé e foi cuidar dos programas sociais.

Mas, ensinam os livros de economia, os donos do dinheiro são sujeitos excêntricos: eles só acham possível obter retorno quando as regras são claras e estáveis, quando a inflação está baixa, e quando o País cresce. Infelizmente — para a Presidente Dilma, para o mercado e para o País — seu governo falhou nos três quesitos. Nada pessoal, Presidente.

O Santander está certo: se este governo que produz PIBinho atrás de PIBinho e que faz com que empresários represem investimentos for reeleito, as empresas brasileiras valerão menos, o dólar valerá mais, e a economia continuará crescendo pouco ou nada. Isto é uma realidade econômica, mas se você não entende o sentido da frase “não existe almoço grátis”, nem precisa continuar lendo.

Qualquer brasileiro pode se lixar para o valor das empresas, dar de ombros para o valor do dólar, e não se ligar na taxa de crescimento do Brasil — apesar das três coisas terem impacto na sua vida e na do seu vizinho — e pode votar na Presidente Dilma. É um direito dele, assim como deveria ser direito de um analista de banco…. analisar os incentivos dos agentes econômicos, como fizeram os funcionários do Santander.

É curioso que, na eleição de 2002, o então candidato Lula (então conhecido no mercado como Satã) entendeu a importância de se comunicar com o mercado (ainda conhecido no PT como Satã) em sua famosa “carta ao povo brasileiro” — mais conhecida, na piada que a história consagrou, como “carta ao banqueiro brasileiro”. Para quem não se lembra, era uma carta em que o PT jurava que ia honrar as dívidas e não bagunçar a economia que FHC havia acabado de consertar.

É isto mesmo, companheiros. Saboreiem a ironia: o partido que um dia teve a coragem de escrever uma carta pública, renunciando a 20 anos de nonsense econômico, hoje se faz de vítima histérica de uma opinião nada controversa escrita num reles extrato. Pior: não quer que sua política econômica passe pela análise de profissionais de uma empresa financeira que é paga para orientar seus correntistas.

Rui Falcão, presidente do PT, disse ao Estadão: “O que aconteceu é proibido, porque você não pode fazer manifestações que por qualquer razão interfiram na decisão de voto. E aquele tipo de afirmação pode sim interferir na decisão do voto.”

Levada ao limite, a tese de Falcão impediria o debate político, já que qualquer cidadão que emite uma opinião “interfere” na decisão de voto de alguém. Se fosse assim, só nos restaria sentar e assistir à propaganda eleitoral, aquele espaço onde existe tudo, menos verdade.

Os esforços do PT de se fazer de vítima do mercado nessa estória revelam a pobreza intelectual do partido, sua incapacidade de lidar com críticas e seu oportunismo em bancar a vítima. Nos EUA, quando os democratas estão na frente numa corrida eleitoral, os bancos frequentemente dizem que isso é má notícia para o mercado (“vendam suas ações”), pois democratas tendem a querer mais impostos e mais gastos. Apesar disso, não há registro do Partido Democrata ameaçar o JP Morgan ou a Goldman Sachs de “interferir no processo”.

Quanto ao Santander, que assumiu o “erro” e pediu desculpas, também aprendemos uma coisa: Nem o banco mais umbilicalmente conectado com o Governo — com exceção dos próprios bancos estatais — conseguiu controlar uma opinião que, de tão óbvia, passou despercebida por qualquer controle interno.

A postura subalterna do Santander — noves fora a covardia inominável de demitir seu time de analistas — não é, entretanto, de se estranhar. O banco é como o capital: só quer saber de seu retorno. É um negócio amoral.

Já da política se espera muito mais — o livre debate de ideias — e é preocupante que os políticos não estejam à altura das expectativas.

No final das contas, o extrato do Santander só mostrou uma democracia com saldo negativo.

Por Geraldo Samor

Coisas que um banco não pode dizer hoje em dia…

… mas o Sardenberg ainda pode.

sardemberg

Por Geraldo Samor

Ibovespa já perdeu mais de 40% em termos reais desde que Dilma assumiu o governo

Já que o governo vem fazendo pressão e até caça às bruxas para que ninguém mais possa emitir opiniões ou análises pessimistas sobre sua eventual reeleição, que tal olharmos para trás? Aí ninguém poderá nos acusar de “terroristas eleitorais” ou “pessimistas”. Observemos o retrovisor mesmo: o que aconteceu com o valor das principais empresas brasileiras negociadas em bolsa? Eis a resposta:

Ibovespa x Selic em base 100 desde 2011. Fonte: Bloomberg

Ibovespa x Selic em base 100 desde 2011. Fonte: Bloomberg

O que podemos notar é uma clara tendência de baixa do Ibovespa em termos reais (i.e., deflacionado pelo custo de oportunidade da renda fixa, calculado com base na taxa básica de juros, Selic). Desde que a presidente Dilma assumiu o governo, o Ibovespa já perdeu 40% de seu valor real.

Isso graças à recuperação recente, justamente como resultado da maior expectativa de que Dilma possa ser derrotada nas eleições. Ou seja, a alta de dez pontos percentuais se deve ao efeito Aécio, aquele que o PT quer esconder dos eleitores.

Não fosse isso, a Ibovespa já teria perdido metade de seu valor real. Em outras palavras, aquele investidor que resolveu apostar na gestão Dilma e aplicar suas poupanças em uma cesta das principais ações brasileiras em vez de manter o dinheiro na renda fixa teria, hoje, a metade do valor que teria se simplesmente tivesse colocado em um fundo de renda fixa e saído de férias.

O PT pode até tentar vender por aí a imagem de que isso só interessa às “elites brancas”, como sempre faz, mas isso é ridículo. Todos perdem com esse cenário! Não só os empresários e os investidores grandes, mas quem tem FGTS aplicado em ações, quem tem algum recurso investido em fundo de renda variável, funcionários que veem suas empresas perdendo valor e tendo menos recursos para bonificações, aposentados que olham seus ativos caindo de valor, etc.

Isso porque usei o Ibovespa, um índice geral, e não as estatais. Essas foram dizimadas durante o governo Dilma. A Petrobras, por exemplo, já perdeu dezenas de bilhões de valor de mercado, e hoje é a empresa mais endividada do mundo, colocando em risco o emprego e a poupança de milhões de pessoas.

Entende-se por que o PT não quer a liberdade de previsões dos analistas. Mas se ele pode calar alguns bancos, não pode mudar o passado. Basta observar o que aconteceu. E isso porque os problemas mais graves da péssima gestão da presidente Dilma mal começaram a aparecer…

Rodrigo Constantino

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