Confiança do Agronegócio cai mais de 10 pontos no 2º trimestre, mostra índice da Fiesp e da OCB

Publicado em 25/08/2014 15:47
Segundo levantamento, forte queda na confiança do setor foi maior entre as indústrias de insumos e alimentos do que entre os produtores agropecuários

A confiança do agronegócio piorou acentuadamente no segundo trimestre do ano. A principal influência para essa percepção é uma avaliação mais negativa, por parte dos empresários, com relação aos rumos da economia brasileira em geral. A conclusão é resultado do Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro), pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). O estudo foi divulgado nesta segunda-feira (25/08).

“Esse resultado marca uma reversão importante de expectativas, o que pode determinar uma tendência para os próximos meses. A piora na avaliação da economia e a preocupação com os custos de produção são componentes fundamentais para explicar o resultado”, diz Antonio Carlos Costa, gerente do Departamento do Agronegócio da Fiesp.

Costa também explica que o resultado já era esperado, tanto pelo comportamento dos preços internacionais de parte das commodities agrícolas, influenciado pelos levantamentos que apontam safra recorde nos EUA, quanto pela impossibilidade do setor passar imune ao desempenho da economia brasileira como um todo.

Segundo o levantamento, a confiança do setor, incluindo os elos da cadeia produtiva antes (indústria de insumos), dentro (produção agropecuária) e depois da porteira da fazenda (indústria de alimentos), piorou para 91,8 pontos no segundo trimestre de 2014, uma queda de 10,9 pontos em comparação ao primeiro trimestre, quando a confiança do setor pairava sobre o patamar ligeiramente positivo, de 102,7 pontos.

A pesquisa da Fiesp e da OCB avalia a confiança do setor em uma escala de 0 a 200 pontos, sendo que uma leitura em torno dos 100 pontos indica neutralidade.

Entre as indústrias antes da porteira, o índice de confiança piorou 7,8 pontos, para 94,1 pontos, ante 101,9 pontos no primeiro trimestre do ano. Já as indústrias depois da porteira foram as que registraram a maior queda, com baixa de 19,8 pontos, marcando: 88,9 pontos.

“Outro ponto a se destacar é em relação à intensidade. A queda da confiança aconteceu mais forte nos segmentos da indústria do que no segmento dentro da porteira da fazenda propriamente dito. A expectativa que temos é que a piora nesse segmento possa ser mais intenso nos próximos levantamentos”, explicou Benedito Ferreira, diretor titular do Deagro.

Segundo o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, o pessimismo aumenta em decorrência de fatores externos, como a economia do país, resultando em um cenário de incertezas. “Caso se concretize a perspectiva apontada especialmente pela indústria pós-porteira, devemos estar atentos aos efeitos para os demais elos da cadeia.”

Preocupação é maior entre produtores agrícolas em relação ao pecuário
No segundo trimestre do ano, a confiança dos produtores agrícolas caiu seis pontos para 92,2 pontos, contra leitura anterior de 98,2 pontos. As preocupações com a economia, a reversão da expectativa em relação aos preços de venda e os custos de produção são os responsáveis pelo resultado negativo.

O produtor pecuário foi o único, entre todos os elos pesquisados, que apresentou uma pequena melhora na confiança, de 4,4 pontos, em relação à pesquisa anterior. O preço de venda do produto e a queda dos preços do milho, importante componente da ração animal, foram determinantes para o aumento do otimismo no momento da pesquisa.

Clima
Quando questionados sobre os maiores problemas do negócio, o clima ainda lidera a lista de preocupações do produtor agropecuário, muito embora o item apareça com intensidade menor à registrada na pesquisa anterior, no auge da seca ou excesso de chuvas em diferentes regiões do Brasil. No entanto, no momento da sondagem, exerceu influência nas culturas perenes, como o café e laranja, além da pecuária.

Para Márcio Freitas, “essa preocupação com o clima ainda reflete os danos causados nos primeiros meses do ano, e se soma aos impactos negativos que estão previstos no próximo ciclo, principalmente para as culturas perenes”.
O preço de venda do produto, que anteriormente era o quarto item de preocupação, passou a figurar em segundo lugar, reflexo da tendência de queda das principais commodities agrícolas.

Além disso, problemas como a alta incidência de pragas e doenças e a falta de trabalhadores qualificados continuam como pontos de grande atenção.


Investimentos
Mesmo com a queda no humor do produtor agropecuário, a intenção de investimentos segue com poucas alterações em relação ao período anterior, em áreas como tecnologia/custeio, máquinas e equipamentos, gestão de pessoas e infraestrutura.

Sobre o Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro)
Apurado trimestralmente pela Fiesp e pela OCB, o Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro) mede, por meio de um conjunto de variáveis, a expectativa dos agentes do setor em relação ao seu negócio e ao ambiente econômico de forma geral.

A pesquisa é feita com os três elos que compõem o segmento: antes da porteira da fazenda (indústria de fertilizantes, máquinas e implementos, defensivos, nutrição e saúde animal, cooperativas, revendas, entre outros), dentro da porteira (produtores agropecuários) e depois da porteira (indústria de alimentos, de energia, tradings, cooperativas, armazenadores e operadores logísticos).

Os resultados, compostos por um painel de 645 respostas, são direcionados aos especialistas, acadêmicos, empresários, técnicos e jornalistas que desejam aprofundar o conhecimento estratégico do setor.

Para dar robustez aos resultados, outros dois levantamentos são realizados em paralelo: o Perfil do Produtor Agropecuário e o Painel de Investimentos. Embora eles não entrem na composição do Índice de Confiança, essas sondagens ajudam a explicar o seu resultado.

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Fonte:
Agência Indusnet Fiesp

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