Dilma e Aécio polarizam debate mais tenso e eletrizante na TV

Publicado em 03/10/2014 05:15 e atualizado em 03/10/2014 06:18
Na última aparição na TV, petista e tucano travaram confrontos diretos em debate marcado por momentos de tensão e até de protagonismo de nanicos

NA FOLHA:

Dilma, Marina e Aécio fazem debate mais tenso da campanha

Tucano usou corrupção na Petrobras e suspeitas de uso eleitoral dos Correios para atacar presidente, que reagiu associando adversário às privatizações do governo FHC. (Após menção a sua ligação com o PT, candidata do PSB disse que mensalão começou com PSDB em Minas)

 

Os três candidatos que lideram a corrida presidencial se atacaram mutuamente em todos os blocos do quinto e último debate antes do primeiro turno das eleições, realizado na noite desta quinta-feira (2) pela TV Globo.

O evento, o mais acirrado e tenso da atual disputa, durou duas horas e meia e foi realizado horas após o Datafolha apontar o acirramento da busca por uma vaga no segundo turno entre Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB).

Um dos principais momentos de tensão ocorreu quando a presidente Dilma Rousseff (PT), que concorre à reeleição, prolongou uma discussão sobre corrupção com Marina. As duas trocaram acusações depois que os microfones já estavam desligados e o tempo, esgotado.

Empatado com Marina na disputa pelo segundo lugar, Aécio Neves (PSDB) explorou o escândalo de corrupção na Petrobras e mirou tanto em Dilma quanto em Marina.

A candidata do PSB, que por um longo tempo esteve bem a frente de Aécio nas pesquisas, anunciou uma nova promessa, a três dias da eleição, a de pagar um 13º aos beneficiários do Bolsa Família.

Acusada pelo PT de representar uma ameaça à continuidade do programa, que é o carro-chefe da política social do governo, Marina repetiu a mesma estratégia adotada quatro anos antes, também em um debate, pelo então presidenciável tucano José Serra.

A candidata do PSB resistia a apresentar essa proposta agora, às vésperas do primeiro turno, segundo apurou a Folha. Mas ficou sem opção devido à ameaça de perder a vaga no segundo turno para Aécio, segundo assessores.

"Não tem coisa pior que chegar no Natal sem ter como sequer dar uma ceia para o seu filho", disse Marina.

MENSALÃO

Já no primeiro bloco do evento Aécio e Marina se confrontaram diretamente. O tucano lembrou que Marina era do PT durante o escândalo do mensalão e que em sua gestão no governo Lula empregou derrotados nas urnas.

Marina rebateu dizendo que o mensalão começou a ser gestado em Minas Gerais, durante campanha do PSDB.

E arrematou: "Você falou que eu fui atacada injustamente pelo PT. Eu também fui atacada injustamente por Vossa Excelência, que pela primeira vez na história desse país se uniu com o PT para tentar me desconstituir".

Marina usava broche com o número de sua candidatura, 40. Segundo o Datafolha, seus eleitores são os que menos conhecem seu número.

Dilma foi questionada pelos adversários principalmente sobre suspeitas de corrupção na Petrobras. Preso, o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa acusou uma dúzia de políticos de receberem propina de empresas com negócios na Petrobras.

"Acho que corruptos há em todos os lugares, o que é necessário é que as instituições sejam capazes de investigar. [...] E quero dizer uma coisa, não acredito que tenha alguém acima de corrupção. Acho que todo mundo pode cometer corrupção, as instituições é que têm que ser virtuosas e impedirem que isso ocorra", disse a presidente.

Aécio foi o que mais tempo dedicou ao assunto, afirmando que Dilma tratou com leniência Costa, que recebeu elogios na ata da Petrobras que registra sua saída do cargo. Dilma rebateu afirmando que o próprio Costa reconheceu, em depoimento no Congresso, que foi instado pelo governo a pedir demissão.

"Vocês entregaram a nossa maior empresa, e isso quem diz é a Polícia Federal, a uma quadrilha, a uma organização criminosa que lá se instalou. O diretor está preso. Esse é o lado perverso do aparelhamento da máquina pública, a pior marca do governo do PT", disse o tucano.

Marina afirmou que Dilma patrocinou uma "demissão premiada" ao ex-diretor, em referência à delação premiada que ele negociou com o o Ministério Público.

Aécio também explorou a acusação de que a campanha de Dilma tem usado os Correios de forma irregular em sua campanha, na distribuição de material de propaganda. A estatal nega, afirmando que faz o serviço para políticos de vários partidos.

No primeiro momento em que partiu para a ofensiva contra um dos adversários, Dilma escolheu Aécio e falou sobre o tema das privatizações, que os petistas usaram contra os tucanos em campanhas eleitorais anteriores.

Aécio defendeu as privatizações do governo FHC (1995-2002) e puxou aplausos para o ex-presidente, que estava presente na plateia da Globo.

Na campanha deste ano, Aécio abandonou a tática adotada pelos tucanos nas eleições presidenciais de 2002, 2006 e 2010, quando os candidatos do partido deram a FHC e seu governo papel secundário por temer desgaste.

NO JORNAL O GLOBO:

Depois de ganhar o da Record, Aécio ganha o debate da Globo

 

por Ricardo Noblat

Foi assim domingo último no debate entre os presidenciáveis promovido pela Rede Record de Televisão. E novamente foi assim, ontem à noite, no debate patrocinado pela Rede Globo de Televisão – o último do primeiro turno.

Aécio Neves, candidato do PSDB, ganhou com folga os dois debates. No da Record, ele enfrentou principalmente Dilma Rousseff, candidata do PT à reeleição. No da Globo, mais à vontade, enfrentou Dilma e Marina de uma vez.

De dedo em riste, em um dos momentos mais tensos do debate, Aécio chamou de leviana a candidata do PSOL Luciana Genro. Acusou-a de não estar preparada para presidir o país. “Não me aponte o dedo”, reagiu Luciana. E o bate-boca terminou por aí.

No primeiro dos quatro blocos do debate, Aécio e Marina se confrontaram diretamente. Aécio lembrou que Marina era do PT quando estourou em 2005 o escândalo do mensalão. Marina deu o troco: disse que o mensalão do PSDB antecedeu o do PT.

Era visível a mágoa que Marina sente de Aécio. A amigos, ela confidenciou que jamais imaginou ver Aécio aliado de Dilma na tarefa de lhe fazer oposição. A certa altura do debate, Marina passou recibo de sua mágoa:

- Você falou que eu fui atacada injustamente pelo PT. Eu também fui atacada injustamente por Vossa Excelência, que pela primeira vez na história desse país se uniu com o PT para tentar me desconstituir.

O ponto alto do debate foi a troca de acusações entre Dilma e Aécio, que puxou o assunto da corrupção da Petrobras. Dilma valeu-se de uma cola para responder:

- Acho que corruptos há em todos os lugares. [...] E quero dizer uma coisa, não acredito que tenha alguém acima de corrupção. Acho que todo mundo pode cometer corrupção, as instituições é que têm que ser virtuosas e impedirem que isso ocorra.

Aécio sugeriu que Dilma mentiu ao dizer que Paulo Roberto da Costa, ex-diretor da Petrobras, foi demitido da empresa por ela. “Existe uma ata que prova que ele pediu demissão. E depois de roubar a Petrobras ainda saiu elogiado”, atacou Aécio.

Dilma leu uma declaração de Paulo Roberto onde ele disse que fora demitido pelo Ministro das Minas e Energia. Aécio não deixou por menos: - Vocês entregaram a nossa maior empresa, e isso quem diz é a Polícia Federal, a uma quadrilha, a uma organização criminosa. O diretor está preso. Esse é o lado perverso do aparelhamento da máquina pública, a pior marca do governo do PT.  

No meio do debate, pesquisas com grupos de eleitores bancadas pelo PT indicavam que Aécio estava sendo melhor avaliado. Ao fim do debate, era visível a frustração de assessores e correligionários de Marina com o fraco desempenho dela.

Em VEJA: Dilma e Aécio polarizam debate eletrizante na TV

Na última aparição na TV, petista e tucano travaram confrontos diretos em debate marcado por momentos de tensão e até de protagonismo de nanicos

O último debate na televisão entre os candidatos à Presidência da República antes das eleições, realizado pela TV Globo, foi eletrizante. Houve de tudo: embates diretos entre os principais presidenciáveis – Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) –, momentos de nervosismo explícito e de humor, dobradinhas entre candidatos e até um tenso confronto entre nanicos.

O resultado da mais recente pesquisa do Datafolha, segundo a qual Aécio segue crescendo e empatou tecnicamente com Marina no segundo lugar, também ditou as estratégias dos candidatos: Dilma e o tucano travaram os confrontos mais explosivos. Líder nas pesquisas, Dilma teve de responder várias vezes – e se enrolou devido à já conhecida dificuldade com os microfones – sobre escândalos de corrupção que assolam a Petrobras. Logo na primeira resposta, feita por Luciana Genro, do PSOL, a petista deu uma resposta de difícil – e intrigante – interpretação: "Ninguém está acima da corrupção, todo mundo pode cometer, as instituições que devem investigar".
 

A estratégia da petista para revidar não poderia ser diferente: repisou o ataque antigo – que funcionou desde 2006 – de dizer que o PSDB de Aécio sempre quis privatizar a Petrobras e os bancos públicos. O tucano devolveu mantendo a crise da Petrobras em tela: "Faltou a senhora explicar quais foram os relevantes serviços prestados pelo diretor Paulo Roberto Costa". Aécio falava do delator do petrolão, o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, que aceitou um acordo de delação premiada para deixar a cadeia e entregar uma constelação de políticos e partidos que orbitam o governo federal.

Dilma também foi emparedada duas vezes sobre a afirmação feita no debate anterior, da TV Record, quando disse ter demitido Paulo Roberto Costa. Segundo os documentos, Paulo Roberto renunciou ao cargo. Dilma disse que todo servidor público tem a oportunidade de abandonar o cargo antes em caso de demissão -- mas não explicou porque ele foi elogiado ao deixar o posto.

A dois dias das eleições – o debate começou na noite de quinta-feira, mas terminou na madrugada de sexta –, alguns acenos também puderam ser facilmente flagrados – o que não significa nenhuma novidade em debates. O caricato candidato do PV, Eduardo Jorge, ajudou Dilma a esfriar o debate no momento mais tenso para ela, no primeiro bloco. A petista questionou Jorge sobre o Pronatec, programa do governo federal voltado ao ensino técnico. O debate gelou. No segundo bloco, quando os temas foram estipulados por sorteio, Jorge deveria questionar a petista sobre corrupção, mas a pergunta foi: “O que você acha da lei que mata mulheres?”. Ele falava sobre o aborto. Ela falou sobre o que quis.

O tucano Aécio Neves trocou confortáveis perguntas com Pastor Everaldo, do PSC, abordando o uso político dos Correios para distribuir material de campanha do PT e barrar material do PSDB nestas eleições e a corrupção na Petrobras. Everaldo também teve a oportunidade de apontar seu rival para responder a uma pergunta sobre a Previdência, mas escolheu Aécio e o questionou sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – o mediador chamou a atenção. Nas considerações finais. Everaldo lembrou o triste episódio no qual Dilma defendeu na Assembleia Geral da ONU a necessidade de diálogo com o grupo terrorista Estado Islâmico (EI), responsável por decapitar pessoas no Oriente Médio.

Mais uma vez apagada – exceção a um vistoso broche com seu número na urna –, Marina Silva apostou em duas linhas: inicialmente, lançou a promessa de pagar 13º salário aos beneficiários do programa Bolsa Família. Depois, tentou chamar Dilma para o confronto aberto: "Você não cumpriu seus compromissos de campanha e a corrupção foi varrida para debaixo do tapete. Você tem o projeto contra corrupção, mas não regulamentou. Houve uma ‘demissão premiada’ no caso da Petrobras?". Dilma devolveu: "Vamos colocar os pingos nos is. O diretor nomeado por você no Ibama foi afastado no meu governo por crime de desvio de recursos. E eu não saí por aí dizendo que você sabia disso. Esse diretor nós investigamos e prendemos", afirmou, em referência ao período em que as duas eram ministras do governo Lula.

Com as eleições nos estados encaminhadas, Aécio fez um aceno duplo: aproveitou para falar do "amigo" Geraldo Alckmin (PSDB), favorito à reeleição no primeiro turno em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, e citou nominalmente seu candidato ao governo mineiro, Pimenta da Veiga (PSDB), que corre o risco de perder a eleição para PT já no domingo.

Nanicos – Eduardo Jorge e Luciana Genro aproveitaram o debate para fuzilar o folclórico Levy Fidelix (PRTB), conhecido candidato do Aerotrem, sobre a fala homofóbica no debate da Record, quando ligou homossexualidade a pedofilia. Jorge e Luciana sugeriram que Fidelix "pedisse perdão" pelas declarações. "Você só falou o que falou porque não há lei que torne homofobia crime. Você deveria sair daquele debate algemado, direto para cadeia", disse a candidata do PSOL. "O senhor envergonhou o Brasil", afirmou Jorge. Fidelix se defendeu dizendo que os rivais "fazem apologia às drogas" e ao aborto. Mas sobraram provocações, dedo em riste e tensão.

O ibope do debate da Globo

Audiência alta

Audiência alta

debate final dos presidenciáveis, que acabou agora há pouco na Globo, registrou a mais audiência do que os debates da Record, Band e SBT somados: dezenove pontos em média, mas com picos de trinta pontos. No mesmo horário, o SBT obteve seis pontos, a Record quatro e a Band cravou dois pontos.

Por Lauro Jardim

NO ESTADÃO:

Debate é agressivo, mas não deve influir no quadro eleitoral

Clima foi tão pesado que num dos blocos Marina Silva e Dilma Rousseff continuaram discutindo mesmo depois do fim do tempo destinado às duas, (por MARCELO DE MORAES - O ESTADO DE S. PAULO)

No último debate do 1.º turno, sobrou agressividade entre os candidatos e faltou conteúdo. Sem exceção, todos os sete candidatos que participaram da discussão promovida pela TV Globo trocaram ataques pesados, com direito a bate-boca, dedos em riste, ameaças de processos e pouca discussão profunda. O clima foi tão pesado que num dos blocos, a ex-senadora Marina Silva e a presidente Dilma Rousseff continuaram discutindo mesmo depois do fim do tempo destinado às duas. A consequência é que o debate foi o mais quente de todos mas não produziu qualquer fato que possa ter algum peso no resultado da eleição.

Antes do início do encontro, a expectativa era pelo confronto direto entre a ex-senadora Marina Silva e o senador Aécio Neves, que travam disputa pelo direito de ir ao 2.º turno com a presidente Dilma Rousseff. E logo os dois se enfrentaram diretamente com Aécio cobrando a adversária por nunca ter se manifestado contra o mensalão quando era filiada ao PT. Marina deu o troco imediato afirmando que os tucanos também estavam envolvidos em casos de corrupção.

Na prática, a discussão em torno da corrupção ocupou todo o primeiro bloco do debate, especialmente por conta das suspeitas de uso político dos Correios a favor de campanhas petistas e por novas revelações em relação ao escândalo da Petrobrás. Dilma e seus assessores já esperavam por isso. Tanto que as inserções da petista apresentadas durante toda a noite falavam justamente das medidas que a presidente adotara em seu governo no combate ao problema.

Garantida no segundo turno, Dilma se preocupou apenas em não cometer nenhum erro grave que pudesse comprometer sua vantagem. Soube desviar-se das perguntas sobre o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa e foi vacilante apenas quando Marina lembrou que ela já defendeu a independência do Banco Central na campanha presidencial de 2010 e agora a critica justamente pela ideia. Mas nada que pudesse lhe causar problemas, confirmando a tendência do debate com efeito nulo sobre o resultado das urnas.

* É DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA DO ‘ESTADO’

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Fonte:
Folha, VEJA e Estadão

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