No Estadão: Empate técnico quebra expectativas exageradas do mercado sobre Aécio

Publicado em 09/10/2014 22:04
por José Roberto de Toledo, de O Estado de S. Paulo

A expectativa dos tucanos e do mercado financeiro de que Aécio Neves (PSDB) assumiria liderança folgada nas pesquisas que contam transformou seu empate técnico com Dilma Rousseff (PT) no Ibope em uma decepção para seus eleitores e investidores. Na segunda, a Bovespa subiu 5 mil pontos, apostando no tucano.

Os boatos sobre outras pesquisas, divulgadas ou não, dando ampla vantagem a Aécio ajudaram a criar a expectativa exagerada. Era um exagero não compartilhado pela maioria dos eleitores. A maior parte aposta mais na reeleição de Dilma (49%) do que na vitória do tucano (40%). Ele só é favorito aos olhos do eleitorado mais rico, com nível superior e entre quem mora na região Sul.

A diferença de dois pontos a favor do tucano é uma vantagem, mas pequena. Um ponto que ele perdesse já o levaria ao empate com Dilma, porque, no segundo turno, quando o eleitor troca de candidato isso conta dobrado: o que um perde o outro ganha. E 1 em cada 10 eleitores de ambos admite essa possibilidade.

O melhor da pesquisa para Aécio é que ele aparece liderando em duas regiões (Sudeste e Sul), está empatado tecnicamente no Norte/Centro Oeste e só está atrás de Dilma no Nordeste. Isso significa que Aécio leva vantagem sobre a petista em São Paulo, e poderá focar sua campanha em seu Estado, Minas Gerais.

O pior da pesquisa para o tucano é que ela confirma as bases do marketing petista, que aposta num confronto retórico entre o “candidato dos ricos” contra o “candidato dos pobres”.

Não apenas a petista vai melhor do que o tucano entre os eleitores de menor renda e menor escolaridade. Ela projeta a imagem de representante dos pobres (para 56% do eleitorado, contra 25% que apontam Aécio), dos trabalhadores (50% a 31%), dos aposentados (47% a 30%) e até dos jovens (44% a 35%). Já Aécio projeta a imagem de representante dos ricos (48% a 31%) e dos empresários (47% a 34%). Eles empatam tecnicamente como representante dos bancos: 40% para Aécio, 37% para Dilma.

Aécio e Dilma empatam na primeira pesquisa Ibope do 2º turno

Tucano aparece com 51% dos votos válidos e petista, com 49%; diferença está dentro da margem de erro, de 2 pontos porcentuais, por DANIEL BRAMATTI E JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO - O ESTADO DE S. PAULO

Se a eleição presidencial fosse nesta quinta-feira, 9, o tucano Aécio Neves teria 51% dos votos válidos e a petista Dilma Rousseff, 49%, segundo a primeira pesquisa Ibope/Estado/TV Globo no 2.º turno da disputa presidencial. Os dois adversários estão em situação de empate técnico, já que a margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos.

O universo dos votos válidos exclui brancos, nulos e indecisos. Nos votos totais, o placar é de 46% a 44%. Há ainda 6% dispostos a votar em branco ou nulo e 4% que não sabem indicar seu candidato.

Aécio, neste momento, herda dois em cada três dos eleitores que dizem ter votado em Marina Silva (PSB) no 1.º turno, Dilma, por sua vez, fica com apenas 18% deles.

O tucano colhe seus melhores resultados na Região Sul, onde lidera por 61% a 33% dos votos totais. No Sudeste, ele também está à frente, mas com vantagem menor: 48% a 38%. No Norte/Centro-Oeste, há empate técnico: 46% para Aécio e 43% para Dilma. No Nordeste, a candidata do PT venceria por 59% a 32% se a eleição fosse hoje. 

Renda. A intenção de voto no candidato do PSDB cresce à medida que aumenta a renda dos eleitores: 33% entre os que ganham até um salário mínimo, 36% entre os que recebem de um a dois mínimos, 51% na faixa de dois a cinco e 63% acima disso. Com Dilma, a progressão é inversa: 58%, 52%, 39% e 29%, respectivamente.

Divulgação
Aécio e Dilma: candidatos estão em empate técnico.

A atual presidente tem desempenho melhor nos municípios de até 50 mil habitantes, onde venceria o adversário por 49% a 43%. Nas cidades que têm entre 50 mil e 500 mil moradores, a situação se inverte: Aécio ganharia por 50% a 39%. Onde há mais de 500 mil habitantes, os dois estão empatados tecnicamente: 44% para o tucano e 42% para a petista.

Religião. Também há empate no eleitorado católico: 46% para Dilma e 44% para Aécio. Entre os evangélicos, o tucano lidera: 49% a 39%.

Apenas 11% dos eleitores dos dois candidatos admite repensar o voto até o dia da eleição - para 85%, a decisão é definitiva. Outro sinal do alto grau de definição é o fato de o resultado da pesquisa espontânea estar muito próximo do da estimulada: 44% a 42%.

A atual presidente tem a maior taxa de rejeição: 41% afirmam que não votariam nela de jeito nenhum. Outros 33% respondem o mesmo em relação a Aécio, e 18% afirmam poder votar em todos. 

Favoritismo. Dilma é vista como favorita para vencer a eleição por 49%. Outros 40% dizem acreditar que o candidato do PSDB será o vencedor.

Além de medir a intenção de voto - ao apresentar a lista de pré-candidatos e pedir ao entrevistado que aponte seu preferido -, o Ibope cita o nome de cada concorrente e pergunta se o eleitor votaria nele com certeza, se poderia votar, se não votaria de jeito nenhum ou se não o conhece o suficiente para responder. 

A soma das duas primeiras respostas - “votaria com certeza” e “poderia votar” - é o potencial de votos de cada presidenciável, isto é, o teto de votação em um determinado momento. A pesquisa detectou que o teto de Aécio é de 60%. O de Dilma, um pouco inferior, é de 54%.

O resultado da pesquisa de 2.º turno não deve ser comparado com as projeções feitas durante o 1.º turno em relação a esta etapa da eleição. Como agora os eleitores trabalham com um cenário real, não hipotético, as perguntas do Ibope são feitas de maneira distinta.

A avaliação do governo permaneceu estável: 39% o consideram ótimo ou bom, 33%, regular, e 27%, ruim ou péssimo. O Ibope ouviu 3.010 eleitores entre os dias 7 e 8 de outubro. 

O nível de confiança da pesquisa é de 95%. Isso significa que, em cada 100 pesquisas feitas com a mesma metodologia, 95 ficarão dentro da margem de erro estimada. 

 

O registro do levantamento na Justiça Eleitoral foi feito sob o número BR-01071/2014.

 

 

Eleições 2014

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Fonte:
O Estado de S. Paulo

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