Dólar em alta e Bolsas subindo: 2 análises sobre o mercado de café

Publicado em 07/08/2015 18:15
por *Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente de N. York como colaborador da Archer Consulting + Eduardo Carvalhaes (do escritório Carvalhaes, de Santos/SP)

Rodrigo Costa: BOLSA VOLTA AOS NÍVEIS DE MARÇO E ABRIL (Archer Consulting) 

 
A criação de postos de trabalhos nos Estados Unidos tem mantido um ritmo suficientemente alto para fazer com que os agentes não mudem muito suas apostas no timing do aumento de juros pelo FED. Entretanto na sexta-feira o indicador ficou levemente menor do que o esperado, o que juntamente com a queda ininterrupta das commodities provocou uma parada na valorização do dólar.

O efeito deflacionário causado pelos preços mais baixos das matérias-primas no mercado mundial pode prolongar estímulos econômicos na Europa e Japão, ao mesmo tempo em que coloca mais pressão nos países produtores de commodities – uma das principais razões para a desvalorização das moedas e bolsas em diversos mercados emergentes.

A moeda chinesa por não flutuar livremente e, portanto continuar firme, faz dos produtos produzidos naquele país menos competitivos – outro sinal que prejudica o crescimento por lá e respinga nos parceiros comerciais (atingindo inclusive a Alemanha).

No novo mergulho dos índices de commodities os grandes perdedores dos componentes do CRB foram o complexo energético, o açúcar e o algodão. Positivamente os melhores desempenhos foram o do suco de laranja, dos grãos e do café em Nova Iorque.

O contrato “C” subiu US$ 3.37 a saca, o que não parece muito, mas levando em consideração que durante as sessões ele conseguiu se desvencilhar dos algo-traders que batiam no mercado todas as vezes que o Real escorregava, o comportamento foi muito bom. O arábica estando agora a US$ 7.95 centavos da mínima e não tão distante da resistência a 132.50 centavos tem boas chances de buscar stops de compras dos fundos que ainda não liquidaram muito de seus novos shorts.

Aos produtores brasileiros e colombianos a alta da semana combinada com o Real batendo a 3.56 e o Peso a 2971, fez das cotações nas respectivas moedas atingirem o maior patamar desde abril e março. Neste cenário a movimentação nas duas principais origens melhorou, mas como tenho dito, não há uma pressão vendedora tão grande que neste momento coloque tanta pressão nos ganhos do terminal (ao menos no curto-prazo).

Um grande exportador brasileiro em entrevista à agência do Bloomberg reiterou sua análise de que a safra 15/16 local deve ficar entre os 45 e 47 milhões de sacas devido a menor renda que os grãos miúdos provocam. O Procafé, segundo a Reuters, vê uma quebra entre 20% a 30% de sua previsão de março, que era entre 41m e 43m de sacas. Certo ou errado, o que só será comprovado no futuro, a maior parte dos participantes do mercado, incluindo comerciantes, fundos e torradores, trabalha com um número de safra ao redor de 50 milhões de sacas.

A importação-líquida de café nos Estados Unidos totalizou 2.279 milhões de sacas de café no mês de junho, acumulando durante doze meses 23.91 milhões, menos do que os 24.3 milhões importados entre julho de 2014 e junho de 2015. Uma multinacional que também tem operações no Brasil disse que o consumo de café brasileiro deve estagnar este ano. Ambas as notícias formam parte dos argumentos usados pelos baixistas para justificar uma perspectiva de demanda estagnada, em geral.

Os estoques certificados de robusta na bolsa aumentaram 58.2 mil sacas na quinzena finalizada no dia 3 de agosto, com um total de 3.4 milhões de sacas nos armazéns, bem acima dos 1.4 milhões de um ano atrás. É de se esperar que o inventário diminua depois do grande recebimento do contrato de julho.

O volume total de dinheiro investido em commodities continua caindo, com as maiores retiradas no mês de maio sendo feita no complexo energético, 900 milhões de dólares, e tendo as agrícolas perdido 200 milhões de dólares.

Tudo indica que a bolsa está preparada para continuar subindo um pouco mais ajudada tanto sazonalmente por uma recuperação que historicamente acontece na segunda metade do mês de agosto, como por alguma liquidação de vendas dos fundos. Sustentar ganhos é outra conversa, ainda mais com as incertezas relativas à economia brasileira, agravadas pela crise política, que já fazem os títulos do país negociar abaixo de nove países que tem nota em grau especulativo.

Os produtores devem ir aproveitando e tentar negociar uma parte de suas safras futuras, que com os juros brasileiros altos ajudam exportadores a pagarem preços bem razoáveis para a safra 16/17 – assumindo que seja grande como muitos imaginam que possa ser se a florada for boa e o clima ajudar.

Uma excelente semana e muito bons negócios a todos,
Rodrigo Costa*
 
 
 

EDUARDO CARVALHAES: Repasse de parte da valorização do dólar movimenta o mercado físico brasileiro (ESCRITÓRIO CARVALHAES)

 
Em seu “Balanço Semanal – 03 a 07/08/2015”, divulgado nesta sexta-feira, o CNC – Conselho Nacional do Café reiterou que a safra 2015 do Brasil se situará dentro do intervalo apurado em seu levantamento de março, mais próxima do volume menor de 40,3 milhões de sacas de 60 kg. 

Com a safra de arábica 2015 entrando atrasada e miúda, com quebra maior que a prevista pelos cafeicultores, o debate sobre o tamanho da safra brasileira atual voltou com força. Não existem dúvidas sobre a menor porcentagem de peneiras mais altas, principalmente 17 e 18, maior porcentagem de pretos e verdes, maior volume de cafés manchados e com xícaras mais fracas. 

A incerteza com o tamanho da safra de café 2015 e a séria crise política e econômica no Brasil têm levado os cafeicultores brasileiros a se retraírem, vendendo seus cafés aos poucos. Eles assistem seus custos subirem acompanhando a inflação, que se aproxima dos dois dígitos e a forte valorização do dólar, enquanto o preço de venda de seus cafés é represado pela força dos operadores em Nova Iorque, que derrubam as cotações do café na ICE Futures US, se apropriando de parte da valorização do dólar frente ao real. 

Na semana que termina hoje, parte da valorização do dólar frente ao real foi repassada para os preços do café no mercado físico brasileiro, movimentando o mercado e gerando um volume maior de negócios. 

O CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, informou que no último mês de julho foram embarcadas 2.792.692 sacas de 60 kg de café aproximadamente 8% (244.363 sacas) a menos que no mesmo mês de 2014 e 5% (128.382 sacas) a mais que no último mês de junho. Foram 2.092.601 sacas de café arábica e 404.489 sacas de café conillon, totalizando 2.497.090 sacas de café verde, que somadas a 292.579 sacas de solúvel e 3.023 sacas de torrado, totalizaram 2.792.692 sacas de café embarcadas. 

Até o dia 6, os embarques de agosto estavam em 117.035 sacas de café arábica, 10.937 sacas de café conillon, mais 20.128 sacas de café solúvel, totalizando 148.100 sacas embarcadas, contra 318.135 sacas no mesmo dia de junho. Até o dia 6, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em agosto totalizavam 461.045 sacas, contra 575.248 sacas no mesmo dia do mês anterior. 

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 31, sexta-feira, até o fechamento de sexta-feira, dia 7, subiu nos contratos para entrega em setembro próximo, 255 pontos ou US$ 3,37 (R$ 11,86) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam no dia 31 a R$ 566,30 por saca, e dia 7, a R$ 594,90 por saca. 

Nesta sexta-feira, os contratos para entrega em setembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 355 pontos.

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Fonte:
Archer + Escritório Carvalhaes

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