Bayer pode ter de se desfazer de negócios em setores concorrentes para adquirir Monsanto

Publicado em 14/09/2016 16:06
Analistas acreditam que Bayer terá de se desfazer de algumas áreas. Empresas também são concorrentes no segmento de herbicidas.

Para conseguir concluir a compra da Monsanto, a Bayer vai precisar da aprovação de uma série de órgãos reguladores que já estão trabalhando na análise de outras operações envolvendo gigantes do setor agroquímico. Alguns analistas acreditam que a Bayer terá de se desfazer de algumas áreas de negócios nas quais compete com a Monsanto, como sementes de algodão e canola.

As empresas também são concorrentes no segmento de herbicidas voltados a combater diversas pragas. A Monsanto fatura anualmente cerca de US$ 4,8 bilhões com as vendas do herbicida glifosato, negociado com a marca Roundup, enquanto a Bayer mantém negócio menor também no segmento químico, com o glufosinato. As duas companhias desenvolveram sementes transgênicas resistentes a tais herbicidas.

A farmacêutica e companhia de produtos químicos alemã Bayer anunciou a compra da norte-americana Monsanto, líder mundial dos herbicidas e engenharia genética de sementes, por US$ 66 bilhões.

Nesta quarta-feira (14), o CEO da Bayer, Werner Baumann, declarou durante teleconferência com investidores que as duas empresas tiveram "contatos iniciais com agências regulatórias para tratar das condições que envolveriam a operação". "Até o momento, recebemos um retorno encorajador, mas nada além disso", afirmou Baumann.

Leia a notícia na íntegra no site do G1 com informações do Estadão Conteúdo.

 

Transação entre Bayer e Monsanto aumenta temor de mais restrições às pesquisas (por MARCELO LEITE, na FOLHA)

A "{compra da empresa de biotecnologia Monsanto pela gigante química Bayer]":https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/09/1813174-bayer-compra-gigante-de-sementes-monsanto-por-us-66-bilhoes.shtml dará origem à maior companhia agroquímica do planeta. Para o bem e para o mal, ela dominará um quarto do mercado mundial no setor.

A fabricante alemã de aspirina assume grave risco para sua imagem ao associá-la com a demonizada campeã americana dos transgênicos.

Se o faz, e por US$ 66 bilhões, é para garantir as vantagens tecnológicas que a colocarão em posição privilegiada para lucrar com a alimentação de 10 bilhões de pessoas no fim deste século.

Foi meio por sorte que a Monsanto descobriu, nos anos 1990, bactérias que resistiam ao seu herbicida, o glifosato, campeão de vendas sob a marca Roundup. A empresa soube dar a guinada tecnológica que isolou o traço genético bacteriano e o inseriu em plantas como a soja, dando nascimento à agricultura biotecnológica.

Hoje a Monsanto reinveste em pesquisa e desenvolvimento coisa de 10% do que fatura, mais de US$ 1 bilhão por ano. Suas sementes geneticamente modificadas de soja, milho e algodão monopolizaram campos de cultivo nos EUA e noutros líderes agrícolas, como o Brasil.

A Bayer aposta alto, assim, na biotecnologia que deu longa sobrevida aos lucros com o glifosato. O agrotóxico, no entanto, teve sua aprovação pela Comissão Europeia prolongada por apenas um ano e meio, em junho, e enfrenta confusa controvérsia sobre seu potencial cancerígeno.

A tecnologia transgênica na agricultura também enfrenta grande resistência em solo europeu, em especial na Alemanha, da parte dos muitos adeptos de alimentos livres de agroquímicos, ditos "orgânicos". Outra fonte de rejeição é o excessivo poder que o pacote tecnológico de sementes e defensivo confere à Monsanto sobre os produtores rurais, que têm de pagar caro pelo uso contínuo.

Acusa-se a empresa, ainda, de erguer um excesso de obstáculos à pesquisa com seus cultivares e traços genéticos (construções de DNA) protegidos por propriedade intelectual. Uma empresa com ainda maior poder de mercado e mais patentes no portfólio teria poderosos incentivos para usar esses instrumentos a fim de ampliar seu predomínio comercial.

Não se sabe se, diante de tudo isso, a Bayer decidirá manter a marca Monsanto no mercado. De todo modo, o chefe da divisão agrária da Bayer, Liam Condon, disse ao jornal alemão "Frankfurter Allgemeine" que "nada se abalará em nossos valores e obrigações sociais".

 

Na REUTERS: Bayer adquire Monsanto por US$ 66 bi e cria líder global de agricultura

Por Greg Roumeliotis e Ludwig Burger

NOVA YORK/FRANKFURT (Reuters) - A companhia de produtos químicos e de saúde Bayer adquiriu a companhia de sementes norte-americana Monsanto com uma oferta de 66 bilhões de dólares, terminando uma disputa de meses após aumentar sua oferta pela terceira vez.

O negócio de 128 dólares por ação, acima da oferta anterior da Bayer, de 127,50 dólares por ação, é o maior do ano até agora e a maior oferta em dinheiro já registrada.

O acordo criará uma empresa que dominará mais de um quarto do mercado mundial combinado para sementes e pesticidas em uma rápida consolidação da indústria de insumos agrícolas.

No entanto, os órgãos antitruste poderão examinar o negócio minuciosamente, e alguns dos próprios acionistas da Bayer têm sido altamente críticos sobre a aquisição, apontando riscos sobre o alto pagamento e uma possível negligência sobre o negócio farmacêutico da empresa.

A transação inclui o pagamento de uma multa de 2 bilhões de dólares a ser paga pela Bayer à Monsanto caso não haja autorizações regulatórias. A Bayer espera que o acordo seja concluído até o fim de 2017.

Os detalhes confirmaram o que uma fonte próxima ao assunto disse à Reuters anteriormente.

A consultoria Bernstein Research afirmou nesta terça-feira que vê apenas uma chance de 50 por cento do negócio conseguir autorizações regulatórias, embora tenham citado uma pesquisa entre com investidores que apontou a probabilidade de 70 por cento, em média.

"Acreditamos que há políticas contrárias à realização desse negócio que vão desde a insatisfação de fazendeiros com todos os seus fornecedores consolidando em face de baixos rendimentos líquidos agrícolas à insatisfação com a Monsanto deixando os Estados Unidos, que poderia fornecer atrasos e complicações significativas", disseram em uma nota.

"CASAMENTO DOS INFERNOS"

Alguns acionistas da Bayer criticam abertamente o plano de compra da Monsanto, afirmando que há risco de supervalorização da gigante de sementes e de negligenciar o negócio farmacêutico da companhia. O negócio, chamado pelos opositores de "casamento dos infernos", foi aprovado pelos conselhos de administração da Bayer e da Monsanto. O valor final representa um prêmio de 44% sobre o preço de fechamento da ação da Monsanto de 9 de maio, antes que a empresa de produtos químicos fizesse a primeira proposta pela gigante de sementes.

 

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Fonte:
G1 + Estadão Conteúdo + REUTERS

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