Produtor de MT precisará produzir 53 sacas para empatar com os custos nesta safra 16/17, aponta IMEA

Publicado em 23/09/2016 20:15
Alto custo de produção (930 dólares/hectare) e cenário instável são fatores que requerem monitoramento durante toda a safra 2016/17

Os produtores rurais de Mato Grosso negociaram seus insumos para a safra 2016/17  com o dólar a US$ 3,66, em média. Hoje, a moeda norte-americana está em torno de US$ 3,19, ou seja: as compras foram feitas com um valor mais alto do que as sacas de soja estarão sendo comercializadas atualmente. Este foi o cenário apresentado por Daniel Latorraca, superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

-- “O produtor planejou a safra em um cenário instável e a realidade está sendo desafiadora. Há riscos porque ainda há muito a ser comercializado”, afirmou Latorraca. De acordo com o Imea, apenas 27% da safra foram comercializados até o momento. O custo de produção está em US$ 920,00 por hectare, o que leva o agricultor à necessidade de produzir 53 sacas por hectare, no mínimo, para estar na faixa limite.

“Não podemos arriscar, nem errar. O produtor precisa ter atenção na implantação da lavoura para garantir boa produtividade”, alertou Endrigo Dalcin, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja). Ele também salientou que não há muita disponibilidade de sementes e, por isso, é preciso evitar plantar “no seco” e perder a lavoura. “Essa é a nossa safra mais importante. A segunda safra é consequência desta”, destacou Endrigo.

O presidente da Aprosoja também aproveitou a presença do ministro interino da Agricultura, Eumar Novacki, e do secretário de Política Agrícola, Neri Geller, para falar sobre a necessidade de prorrogação de custeio para alguns produtores rurais que tiveram frustração de safra de milho. “Houve quebras regionais e precisamos dar apoio a estes produtores para que a próxima safra não seja comprometida”, disse.

SEMENTES COM BAIXA QUALIDADE

Outro problema é a má qualidade das sementes ofertadas pelas empresas. Até o momento calcula-se atraso de 30 a 40% na entrega de sementes. As sementeiras estão cancelando compromissos diante da baixa qualidade devido às quebras trazidas pela estiagem na safra passada. Poucas plantadoras foram vistas ontem no eixo da BR-163, apesar das chuvas nesta semana. Já há regiões entre Nova Mutum e Sinop (área de 3 milhões de hectares) com mais de 100 mm de chuvas acumuladas. Domingo passado e na madrugada de sexta-feira foram os dias mais chuvosos no nortão do MT. 

2016, ANO PARA SE ESQUECER

A falta de chuvas -- problema recorrente em diversas regiões do Brasil -- foi mais agudo no norte e leste de Mato Grosso neste ano de 2016. A produção de milho 2ª safra foi a pior em cinco anos, causando prejuízos e obrigando os produtores a abandonarem as lavouras. Segundo dados do INMET – Instituto Nacional de Meteorologia, praticamente não choveu entre abril e julho.

Alexandre Nascimento, meteorologista da Climatempo, prevê, porém, que com a chegada da primavera se espera o retorno da chuva de forma regular. No mês de outubro deverá chover perto da normalidade no norte e nordeste do MT . Em novembro a expectativa é de mais pluviosidade até mesmo além do normal.

O nordeste do estado foi a região mais afetada, registrando queda de 58,85% em comparação com a safra anterior. Levantamentos realizados pelo IMEA (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) mostram que a área semeada e não colhida foi de 177,7 mil hectares, ou seja, 4,19% da área total. A queda na produção praticamente anulou os investimentos tecnológicos feitos no campo.

Alexandre Schenkel, diretor administrativo da Aprosoja - Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso, explica que o milho precisa de muita umidade para se desenvolver, por isso o prejuízo foi tão grande. “A seca pegou um período importante da cultura e algumas lavouras nem chegaram a produzir. O maior risco é durante o pendoamento (início da fase reprodutiva) e o enchimento do grão, por volta dos 60 dias de cultura”, afirma.

Como o milho precisa de clima ameno e úmido, os produtores devem se planejar para evitar prejuízos na próxima safra. “É importante que chova entre outubro e abril, garantindo o desenvolvimento completo da planta”, conta o especialista. Outra opção é plantar diferentes culturas que dependem menos das chuvas, como o sorgo.

Um incentivo para os agricultores produzirem mais é o Desafio da Máxima Produtividade, do Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB), que foi lançado durante o evento. O presidente do Cesb e diretor técnico da Aprosoja, Nery Ribas, apresentou os números dos vencedores deste ano, que chegaram a produzir até 142 sacas por hectare. “É preciso voltar a fazer agricultura, cuidar das lavouras, dos manejos corretos e, assim, conseguiremos avançar na produtividade”, afirmou.

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Fonte:
Ascom Aprosoja+NA

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2 comentários

  • Paulo Eduardo Pereira Luis Eduardo Magalhães - BA

    Essa estimativa de custo de produção safra 16/17 do IMEA-MT não está um pouco salgada? Entendo que custo de produção é muito relativo. Aqui na Bahia, temos uma média de custo de 13 scs/há de fertilizantes, 12 scs/há de químicos 10 scs/há de operacional (óleo diesel, funcionários, máquinas e serviços) onde o custo de produção com alto investimento de 35 scs/há (sem arrendamento). Tomando por base o preço da saca hoje na média de U$ 20,00 x 35 scs/há, temos um custo de U$ 700,00 p/há x o câmbio do dia de R$ 3,23 é de R$ 2.261,00 p/há. Converso com frequência com produtores da região de Sinop-MT e a estimativa deles nessa safra também está na casa de 35 scs/há sem arrendamento. Mesmo se colocarmos uma média de 10 scs/há de arrendamento, essa diferença sobe para 45 scs/há. Mesmo assim de 45 para 53 são mais 8 scs/há. Essa diferença não está muito aquém da realidade???

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    • CESAR AUGUSTO SCHMITT Maringá - PR

      Esse tal de IMEA é porta-voz do choro dos produtores do MT. Fazem planilhas irreais de custos. Será que eles acham que alguem acredita? Ou são os estagiários que montam as tais planilhas?

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    • Camilo Brunetta Mambore - PR

      Sr. Paulo não coloca semente na semeadura?

      Hoje uma semente de uma cultivar de ponta, incluindo os royalties, não fica por menos de 7 sacas por hectares. Qualquer outra diferença, varia de acordo com a região. Inclusive o arrendamento.

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    • Luiz Antonio Lorenzoni Campo Novo do Parecis - MT

      Paulo, o senhor está se referindo apenas em parte do custo variável. Infelizmente a grande maioria dos nossos agricultores não possuem controle efetivo de seus custos e nem o conhecem em detalhes. O custo de produção é uma ferramenta excepcional no controle e gerenciamento da atividade e para permanecermos na atividade, precisamos tê-lo o mais próximo possível da realidade. Com este intuito, elaborei uma planilha de custo, análise econômica e simulação/avaliação de barter. É eficiente, rápida e simples de utilizar. Se o senhor tiver interesse, posso disponibilizá-la sem custos, é só entrar em contato pelo e-mail [email protected]

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      Perfeitamente senhor Luiz Antonio, o imea esta correto, custo total de produção varia nessa faixa mesmo, sendo que isso é uma referencia, uma media. Em uma propriedade maior, com maior escala de produção os custos fixos caem pois são melhores diluidos, os custos variaveis podem cair tambem pois quando se compra em grande volume se consegue melhores condições.

      Insumos, diesel, maquinas, folha de pagamento, despesas de escritorio, telefone, energia eletrica, pro labore do dono da terra, arrendamento ou custo de oportunidade da terra, custo com analises de solo e tecidos, custo com internet... tem muito custo indireto que a maioria ignora...

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      continuando, tem os juros bancários, os seguros obrigatórios, despesas com oficina e mecânicos, manutenção diaria da sede (barracões, patio), o proprio pro labore, as despesas com o veiculo que roda para trabalhar e uma infinidade de itens que a maioria ignora ao computar os custos

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      EM SAO PAULO QUE DEVERIA SER O MAIS CARO O CUSTO DO ARRENDAMENTO GIRA AO REDOR DE 6 SACAS POR HECTARE.

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      aqui esta a planilha do email detalhando os custos item por item, para quem quiser entendr

      http://www.imea.com.br/upload/publicacoes/arquivos/22082016164821.pdf

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      GUILHERME OBRIGADO PELA INDICAÇAO DO IMEA

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      Senhor Carlo, no site do Imea eles mantem todas essas planilhas por região, tanto para milho e para soja, inclusive dos anos anteriores para consulta, é um ótimo banco de dados com informações de custo devidamente computadas.

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      senhor Carlo, no oeste de SP em alguns municipios o preço do arrendamento esta variando de 12,4 ate 23 sacas por ha.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Sr Guilherme fico no sudoeste- O valor mencionado pelo senhor acredito que seja ANUAL ou seja sao de 2000 a 2500 R-$ por ano ou seja a ser contabilizado metade em cada safra----Na regiao do Paranapanema tem gente

      pedindo R$ 3500 porem muitos produtores nao aceitam pagar isso e aqueles que aceitam sao aqueles que prometem pagar no fim da safra e depois nao pagam.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      POR ANO E POR ALQUEIRE

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      senhor Carlo, tem muitos casos, o preço normal aqui ate o surgimento de uma bolha, era de 30 de soja e 15 de milho safrinha, por alqueire

      após o surgimento da bolha especulativa apareceram contratos de 35 e 20, 40 e 20, contratos únicos em soja de 50 sacas por alqueire.

      Mas muitos dessas áreas já estão sendo devolvidas após o termino, pois nesses valores estratosféricos fica inviável produzir,

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  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Alavancagem é a disposição de correr riscos com dinheiro emprestado. O Imea faz uma nota ideológica (Produtor de MT precisará produzir 53 sacas para empatar com os custos nesta safra 16/17) pois o câmbio desvalorizado é bom apenas para os que gostam de alavancar seus negócios com alto nivel de endividamento. Para os que pagam à vista, cambio desvalorizado é muito ruim. E essa é uma das coisas que autoridades, órgãos e funcionários públicos não falam em público de jeito nenhum. Quando FHC valorizou absurdamente a moeda (e quebrou os produtores) foi muito ruim..., ou seja, a instabilidade do preço da moeda pode moer setores e atingir pessoas de forma brutal...., se a valorização excessiva é ruim por que a desvalorização excessiva é boa? É péssimo ter dinheiro retirado do nosso bolso por politicas públicas, mas é ótimo ter dinheiro colocado em nosso bolso também por politicas públicas? Essa é a essência do pensamento brasileiro..., quando o governo tira dos outros para nos dar dinheiro está tudo bem, quando tira de nós para dar a outros o mundo está completamente errado. Dificil admitir isso não é? Pelo menos os que tem um pouco de consciência moral, e mais dificil ainda é viver isso, não aceitando nem quando ganha.

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    • adegildo moreira lima presidente medici - SC

      A brisa do mar e a paisagem tem te feito bem, muito lúcido , objetivo é esclarecedor este seu comentário

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    • adegildo moreira lima presidente medici - SC

      E esclarecedor

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