EUA pede para que seus agricultores se preparem para um possível fracasso das negociações do NAFTA

Publicado em 12/12/2017 15:13

A possibilidade de um fracasso nas negociações para renovar o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA, na sigla em inglês), que une os Estados Unidos, o México e o Canadá desde 1994, é real. O subsecretário de Agricultura dos Estados Unidos, Ted McKinney, está pedindo publicamente para o setor realizar planos de contingência para se proteger diante dessa eventualidade.

Segundo a agência de qualificação de riscos Standard & Poor, a indústria agrícola será a primeira a sentir o impacto direto dessa medida e também é a que mais realiza pressões em Washington para evitar a saída do país do maior acordo comercial do planeta.

Os produtores rurais do país foram chave para a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais. No entanto, embora estes sejam favoráveis a uma modernização dos tratados comerciais do país com o restante de seus sócios, eles também dizem que o pacto é útil para seus interesses, de forma que a negociação não pode falhar.

Nesta semana, uma nova roda de discussões de nível técnico será realizada em Washington para tratar do avanço em algumas questões e, assim, pavimentar o caminho para os negociadores principais, que irão se reunir no Canadá no começo de 2018. McKinney, que está responsável pelo comércio e pelos assuntos agrícolas internacionais, disse que os trabalhos não avançam como era aguardado a essas alturas.

O mais prudente, como opinou o subsecretário em uma entrevista concedida a um veículo especializado do setor, é que os produtores de grãos e de carnes comecem a tomar medidas. "Sabemos muito bem o que eles nos pedem, mas aconselhamos a todos que se preparem". Neste sentido, ele também destacou que os produtores devem buscar formas de diversificar seus negócios: não concentrar no México e no Canadá a maioria de suas vendas para o exterior.

O Departamento de Agricultura do país é dirigido por Sonny Perdue, que, há um mês, fez um comentário similar sobre a situação. No momento, ele estava em negociações com a administração de Trump e com o Congresso para encontrar uma maneira de mitigar os efeitos de um fracasso na negociação comercial para proteger os produtores e responder ao efeito negativo nos preços por conta da alta das taxas.

Negociações

Tanto Perdue quanto McKinney se mostram otimistas e acredita que a margem para um NAFTA 2.0 ainda é uma realidade. Os Estados Unidos buscam, com a negociação, eliminar subsídios que consideram injustos para o país, uma vez que eles visualizam que esses auxílios permitem aos produtores estrangeiros vender abaixo do preço de mercado.

McKinney aponta também que a culpa da falta de progresso na negociação do NAFTA vem do México e do Canadá. O agronegócio norte-americano também se mostra frustrado porque considera que não possui peso suficiente para influenciar na negociação, como outras indústrias. Washington salienta que entende as "consequências trágicas" que o abandono do acordo causariam, mas que acredita que os agricultores sabem se adaptar.

"Se alguém se pergunta se a equipe do Departamento de Agricultura está a par dos pontos de vista do setor: sim, nós estamos", conclui McKinney.

O próprio Trump ameaçou em agosto "se levantar da mesa" se não houvessem progressos. Robert Lighthizer, o principal negociador dos Estados Unidos, também disse em comunicado, após a quinta roda de negociações, que estava preocupado com os poucos avanços que vinham sendo registrados e que não visualiza que o México e o Canadá querem comprometer-se seriamente com as conversas.

Enquanto isso, a Goldman Sachs e o Bank of Montreal já estão elaborando boletins nos quais analisam o potencial impacto do fracasso na negociação.

Tradução: Izadora Pimenta

Fonte: El País

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Xarvio lança tecnologias na Agrishow 2024
Relação custo X benefício pesa mais para que o agricultor decida por máquinas com motorização a combustíveis alternativos
Powell diz ser improvável que próximo movimento do Fed seja de alta de juros
Mapas para identificar plantas daninhas em cana alta tornam controle mais eficiente, otimizando operação de colheita e evitando banco de sementes
Avanços nas tecnologias para pulverizadoras ainda são mais lentas que os avanços do agro brasileiro, diz especialista