Compradores de grãos do Brasil estão fora do mercado há 3 semanas, dizem operadores

Publicado em 23/06/2018 08:34
Por Ana Mano, da Reuters

SÃO PAULO (Reuters) - Tradings de grãos pararam de comprar milho e soja de produtores no Brasil há mais de três semanas, na medida em que preocupações com os crescente custos de frete congelaram o mercado de duas das principais commodities do país, disseram operadores à Reuters nesta sexta-feira.

O Brasil terminou recentemente de colher a soja de 2018 e está colhendo a segunda safra de milho.

O aumento dos preços de frete também está dificultando o transporte da soja comprada durante abril e maio, quando os prêmios dos portos dispararam com o cenário da disputa comercial entre os Estados Unidos e a China acelerando as vendas dos grãos brasileiros.

Receios com os custos de transporte levaram as tradings no Brasil a atrasarem a remoção dos produtos dos armazéns de produtores, para evitar prejuízos, disse um operador.

"A ordem é para não comprar", disse um operador de Mato Grosso à Reuters.

"Não houve propostas para o milho ou para a soja futura por cerca de 25 dias", disse um operador do Paraná, que também não está autorizado a falar com a imprensa.

O problema deve persistir até que as regras para estabelecer custos de frete estejam mais definidas pelo governo, disseram operadores.

"Em algum momento, eles precisaram retornar ao mercado para suprir os pedidos (de exportação) e honrar contratos", disse um dos operadores.

De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), até a semana passada o maior Estado produtor de grãos do Brasil ainda precisava vender cerca de 32 por cento da sua segunda safra de milho.

Os custos de embarque de grãos no Brasil aumentaram acentuadamente nas últimas semanas, depois que o governo impôs preços mínimos para o frete rodoviário. Tal medida seguiu protestos nacionais de caminhoneiros, que paralisaram virtualmente a economia do país por 11 dias no mês passado.

O movimento forçou o governo federal a subsidiar o combustível e impor preços mínimos de frete como parte da solução para suspender as paralisações.

O caos no setor de transportes brasileiro e a baixa dos preços dos grãos na Bolsa de Chicago, pela intensificação da guerra comercial global, também fizeram com que os produtores brasileiros perdessem a oportunidade de vender a soja futura, disseram os operadores.

"Há uma forte demanda pela soja brasileira, mas nosso gargalo logístico significa que os agricultores não podem tirar vantagem", disse um dos operadores.

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De acordo com a previsão do USDA, serão 103 mls de t na temporada 2018/19, o que superaria em 6% aos 97 mls de t da projeção para o ano comercial atual. Em caso de confirmação esse volume representará cerca de 65% do total do comércio mundial do produto.

Para retomar transporte de carga, empresas ignoram tabela de frete

A tabela que fixa um preço mínimo para o frete rodoviário, anunciada pelo governo no fim de maio, está sendo descumprida. Com a indefinição em torno do tabelamento, as empresas têm transportado suas cargas a preços de mercado, mesmo correndo o risco de serem punidas. Em caso de descumprimento, o caminhoneiro pode entrar na Justiça e pedir uma indenização equivalente ao dobro da diferença entre o preço da tabela e o que foi efetivamente pago. Os motoristas, no entanto, aceitam o valor mais baixo para não ficar sem trabalho.

“A efetividade da tabela é bem menor do que se poderia esperar”, afirma a técnica da área de logística da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Elisangela Lopes. “Não há ambiente para o cumprimento dela.” A tabela de frete consta de uma resolução editada no dia 30 de maio pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), como parte do acordo que pôs fim à greve dos caminhoneiros.

Após pressão das empresas, o governo editou outra norma, que revogou a anterior e substituiu as tabelas. Diante da revolta dos caminhoneiros, o governo recuou novamente e revogou a segunda tabela. No entendimento geral, o que está em vigor é a primeira resolução, a do dia 30 de maio. Mas há quem considere essa conclusão pelo menos discutível. Também há um entendimento de que os contratos firmados antes dessa data não precisam seguir o tabelamento.

Leia a notícia na íntegra no site da Veja.

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Fonte:
Reuters

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