Políticas estratégicas são pilares para competitividade do trigo

Publicado em 12/04/2019 10:28

​ Defender os interesses da indústria moageira é o principal objetivo da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo). “Somos o elo entre o campo e a indústria de transformação, com a missão de promover um ambiente de negócios equilibrado. Empenhamo-nos em integrar toda a cadeia produtiva de trigo no Brasil, estimulando as melhores práticas, compartilhando conhecimento e gerando valor para a atividade”, comenta o presidente do Conselho Deliberativo da Abitrigo, Marcelo Vosnika.

Para atender de modo mais amplo esse propósito, a Associação lançou, em junho de 2018, o seu projeto de modernização. Sob o lema “A força do nosso moinho”, esse novo posicionamento da entidade parante o mercado apoia-se nos pilares Representação e Conhecimento. “É a consolidação de um processo iniciado em 2016 e que visa transformar a Abitrigo em uma associação ainda mais atuante, presente e transparente”, pontua Vosnika.

No que se refere à Representação, a entidade reforçou as suas ações de articulação institucional, mantendo uma agenda de intensa atividade ao longo do último ano. Com assento em diferentes órgãos colegiados dos setores privado e público, a entidade participou de discussões junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), à Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), entre outros. Além disso, a Abitrigo interage com diferentes organismos internacionais e, em 2019, passou a integrar a Asociación Latinoamericana de Industriales Molineros (ALIM), órgão representativo dos moageiros na América Latina.

Ainda no último exercício, como forma de fortalecer o relacionamento com associados e sindicatos, a entidade visitou moinhos em Santa Catarina e Minas Gerais e participou de reuniões e eventos promovidos por diferentes entidades setoriais no Paraná e em Pernambuco. Por sua vez, por meio do projeto Giro do Trigo, representantes da Associação participaram de reuniões e visitas técnicas nas regiões de Mar del Plata e Bahía Blanca, na Argentina.

No pilar Conhecimento, sobressai a criação do projeto Estatísticas, que conta com parceria do Centro de Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (GV Agro). “O projeto nasceu com o intuito de consolidar informações consistentes e seguras sobre a nossa indústria”, afirma Vosnika. Também com esse objetivo, em 2018, foi atualizada a cartilha “O uso correto dos agrotóxicos na cultura do trigo” e foi lançado o título “Micotoxinas no Trigo”, material elaborado em parceria com a Embrapa Trigo, unidade descentralizada da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Também foram fundamentais para esse escopo de trabalho as parcerias com a U.S. Wheat Associates, o Sindicato dos Industriais de Panificação e Confeitaria de São Paulo (Sampapão), o Instituto SENAI de Tecnologia e o Grande Moinho Cearense para promover cursos de qualificação, que, juntos, atenderam 78 profissionais e 28 empresas.

A Abitrigo reforçou as iniciativas de promoção do consumo responsável de farinha de trigo do Brasil com o lançamento da campanha #trigou nas redes sociais, mobilizando mais de 1,8 milhão de pessoas apenas nos três primeiros meses. Consolida esse trabalho o Congresso Internacional da Indústria do Trigo, um dos mais importantes eventos do setor no mundo e que reuniu mais de seiscentas pessoas do Brasil e do exterior em sua 25ª edição.

De acordo com Vosnika, que encerra o seu mandato à frente do Conselho Deliberativo, a modernização segue como uma das prioridades da entidade. “Esse processo não está finalizado, pois acreditamos que conhecimento, engajamento e inovação são primordiais para a assertividade das decisões, algo fundamental para o desenvolvimento sustentável do agronegócio brasileiro”, conclui.

Por uma política estratégica

No âmbito da defesa do setor, o principal ponto de abordagem da Abitrigo para 2019 é a consolidação da Política Nacional do Trigo (PNT), um trabalho que teve início no ano passado e resulta de uma série de reuniões entre a Associação e representantes de diferentes players da cadeia produtiva. “Sabemos que o maior entrave para o crescimento do setor é a falta de políticas estratégicas. Por isso, lideramos debates envolvendo os players do mercado, o Governo e a Academia, para elencar as necessidades da indústria moageira e definir os eixos de uma estratégia setorial que deixe o Brasil mais competitivo na produção de trigo, farinha e derivados”, esclarece o diretor-presidente da Abitrigo, o embaixador Rubens Barbosa, ressaltando a importância de se acompanharem de perto as mudanças no ambiente regulatório.

Em 18 de dezembro último, a íntegra do documento foi apresentada à então futura ministra do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Tereza Cristina. “É importante municiar o novo governo com informações concretas sobre o setor e as suas necessidades e sensibilizar sobre a importância da definição de regras claras e ações que estimulem o ambiente de negócios. Debatemos questões sobre os ambientes legal e de negócios, abrangendo produção, incentivos fiscais, comércio internacional, logística e infraestrutura. A ministra reagiu com muito entusiasmo à nossa iniciativa”, acrescentou o embaixador.

Eixos temáticos da PNT

Dividido em seis eixos temáticos, o documento propõe iniciativas para tornar o Brasil mais com-petitivo no negócio de trigo, farinha e derivados:

Ambiente legal – estabelecimento de um programa regulatório eficaz, ágil e estruturado, o que é fundamental para a credibilidade do Brasil como fornecedor confiável de alimentos seguros.

Produção – regionalização e especialização da produção de acordo com a demanda do mercado; ampliação da área plantada e diversificação regional; e mais apoio à pesquisa.

Incentivos fiscais – adoção de um mercado livre e autorregulado; políticas públicas que valorizem a eficiência e a segurança alimentar; e revisão dos incentivos fiscais em vigor e da isonomia tributária em toda a cadeia.

Ambiente de negócios – adoção de medidas que ampliem a segurança jurídica e promovam a simplificação e a desburocratização.

Comércio internacional – convergência regulatória e modernização dos processos dos portos e da cabotagem.

Logística e infraestrutura – modernização da estrutura e dos modelos aduaneiros; e investimentos em sistemas de logística, modais e armazenagem.

Para mais informações, acesse o site da Agroanalysis

Paraná dá largada ao plantio de trigo com condição climática melhor, diz Deral

SÃO PAULO (Reuters) - O Paraná deu início ao plantio de trigo da safra deste ano com condições climáticas melhores se comparadas às de igual momento de 2018, informou nesta sexta-feira o Departamento de Economia Rural (Deral), mantendo o otimismo quanto a um salto na produção.

Maior produtor brasileiro do cereal, o Estado tende a colher 18 por cento mais em 2019, conforme a previsão mais recente do Deral, vinculado à Secretaria de Agricultura paranaense.

Conforme o órgão, foram semeados até o início desta semana 2 mil hectares com trigo na região de Campo Mourão, no centro-oeste do Estado. Embora não represente nem 1 por cento do total previsto, o plantio está adiantando ante a safra passada, segundo o Deral.

"O plantio só deve se intensificar em maio. As condições climáticas na largada desta safra podem favorecer um avanço mais homogêneo do plantio nas próximas semanas, diferentemente de 2018, quando a seca atrasou e concentrou o plantio", analisou em relatório o agrônomo Carlos Hugo Godinho, responsável por trigo no Deral.

A expectativa é de que o Paraná plante 1,04 milhão de hectares com trigo em 2019, retração de 6 por cento na comparação anual, refletindo o "desânimo" de produtores quanto à cultura, mesmo em um momento de maiores preços, afirmou Godinho. Em março, a média por saca foi de 48 reais no Estado, alta de 37 por cento ante igual mês de 2018.

Embora não descarte revisões à frente, o analista reafirmou que um dos fatores de desânimo deve permanecer inalterado: "duas safras sucessivas com perdas significativas no Estado diminuíram o apetite ao risco dos produtores".

"Há também fatores históricos justificando a redução de área: os custos elevados de produção, a baixa liquidez, o alto risco de perdas e a possibilidade de atrasar o plantio de soja. Mas, mais recentemente, fatores políticos têm contribuído com a retração", acrescentou, referindo-se, principalmente, à cota de 750 mil toneladas livre de tarifas para importações de fora do Mercosul.

A cota foi anunciada em meados de março, por ocasião da visita do presidente Jair Bolsonaro aos EUA, e preocupou não só produtores por aqui, mas também na Argentina, tradicionalmente o principal fornecedor do grão ao Brasil.

Fonte: Agroanalysis/FGV

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