Trump conversa com Bolsonaro e oferece ajuda para combate a incêndios na Amazônia

Publicado em 23/08/2019 11:43

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WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que conversou com o presidente Jair Bolsonaro nesta sexta-feira e ofereceu ajuda, se necessário, para combater os incêndios na Amazônia.

"Falei há pouco com o presidente @JairBolsonaro. Nossas s perspectivas comerciais futura são muito empolgantes e nossa relação é forte, talvez mais forte do que nunca. Disse a ele que se os EUA puderem ajudar com os incêndios na Amazônia, nos colocamos à disposição para ajudar", escreveu Trump em um post no Twitter.

Bolsonaro diz que Trump ofereceu ajuda para buscar política ambiental que respeite soberania dos países

(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse no Twitter que teve uma "excelente conversa" com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ofereceu ajuda para o combate aos incêndios na Amazônia, se o Brasil quiser, assim como para a busca de uma política ambiental que "respeite a soberania dos países".

"Tive hoje uma excelente conversa com o Presidente @realDonaldTrump. As relações entre o Brasil e os EUA estão melhores do que nunca. Temos o desejo mútuo de lançar uma grande negociação comercial em breve, com a finalidade de promover a prosperidade dos nossos povos", tuitou Bolsonaro.

"O presidente Trump também se colocou à disposição para nos ajudar na proteção da Amazônia e no combate às queimadas, se assim desejarmos, bem como para trabalharmos juntos por uma política ambiental que respeite a soberania dos países", acrescentou Bolsonaro no Twitter.

Em meio à crise das queimadas, ministros e assessores presidenciais alimentam rixa com europeus

BRASÍLIA (Reuters) - Em meio à crise causada pelo aumento das queimadas na Amazônia, ministros e auxiliares do presidente Jair Bolsonaro ajudaram a esquentar os ânimos ao reforçar críticas a países europeus e reclamações sobre ameaças à soberania nacional.

Em entrevista à rádio Gaúcha nesta sexta-feira, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que o Brasil está diante de um "ataque especulativo europeu".

"O que estamos vendo é um ataque internacional ao Brasil", bradou Onyx, irritado, ao ser questionado sobre a crise causada pelas queimadas. "Há uma grande articulação de partidos de esquerda que passam pelas ONGs, vão a Europa e que tenta desgastar o governo brasileiro."

Apesar de não ser da área, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi ao Twitter para dizer que a crise amazônica é falsa e causada pelo lobby de agricultores europeus. "Isso, combinado com ONGs de esquerda e 'artistas', revoltados com o fim da mamata", escreveu.

Assessor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o ex-comandante do Exército, General Eduardo Villas-Boas, disse que o presidente francês, Emmanuel Macron, realizava "ataques diretos à soberania brasileira, que incluiu, objetivamente, ameaças de emprego do poder militar".

Em um tuíte o presidente francês disse que "nossa casa está queimando", referindo-se a Amazônia, e convocou os países do G7 a discutirem medidas sobre as queimadas.

O secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, foi outro que usou as redes sociais para atacar os europeus. Em um texto, afirmou que a Amazônia pertence ao Brasil e que ninguém preserva mais que o Brasil.

Na sequência acusou os europeus de terem problemas "políticos, sociais, de segurança e ambientais". "Cada qual deve cuidar do seu quintal. Nós estamos cuidando no nosso", afirmou.

Na véspera, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente e indicado a ser embaixador nos Estados Unidos, postou um vídeo de terceiros em que o presidente francês era chamado de idiota.

MPF cobra ministérios e Inpe que provem que dados de medição de desmatamento não são confiáveis

BRASÍLIA (Reuters) - O coordenador do Grupo de Trabalho de Mudanças Climáticas da Câmara de Meio Ambiente do Ministério Público Federal cobrou nesta sexta-feira dois ministérios do governo do presidente Jair Bolsonaro e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que provem que os dados de medição do desmatamento e de queimadas no Brasil apresentados pelo órgão não são confiáveis.

Os ofícios do procurador Luís Eduardo Marrocos de Araújo foram endereçados aos ministérios do Meio Ambiente e de Ciência e Tecnologia, na pessoa do segundo da hierarquia das pastas (secretários-executivos), e do novo diretor do Inpe, Darcton Policarpo Damião.

Críticas feitas por Bolsonaro sobre os métodos do instituto, que apontou aumento no desmatamento desde o início do atual governo, levaram à queda do então presidente do órgão, o cientista Ricardo Galvão, no último dia 2 de agosto.

Nos ofícios enviados aos ministérios e ao instituto, o MPF solicita que sejam descritos, caso realmente existam, os fatos que teriam provocado falhas no sistema de monitoramento de desmatamento na Amazônia, indicando o período em que ocorreram, o alcance das distorções provocadas, bem como as medidas que estão sendo ou que serão adotadas para a correção das supostas distorções do sistema.

Caso o governo não tenha elementos para provar que os dados do Inpe não são fidedignos, o MPF questiona se, então, os dados são fidedignos. Caso o governo insista que os dados não são confiáveis, o procurador pede que as pastas e o Inpe justifiquem sua resposta. O MPF deu 10 dias para que o governo responda.

Além desses órgãos, o MPF também questionou a atuação de ministérios do governo a respeito das mudanças climáticas, como o das Minas e Energia e o da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Segundo o procurador, é essencial o fornecimento de informações precisas, claras e suficientes sobre a sua gestão e conservação. "Daí a necessidade de que as informações sobre desmatamento sejam continuamente prestadas de forma técnica, científica e livre de ingerências decorrentes de interesses políticos ou econômicos", disse.

"É esse o objetivo do MPF ao solicitar esclarecimentos acerca dos dados que vêm sendo apresentados a público pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais sobre o desmatamento e queimadas na Amazônia”, completou.

O objetivo da apuração é saber o que o governo está fazendo para cumprir a Lei de Política Nacional sobre Mudança do Clima, de 2009; o Acordo de Paris, ratificado pelo Poder Executivo em 2017; e, em especial, o compromisso do Brasil com as Nações Unidas sobre Mudança do Clima, assinado em setembro de 2015, no qual o país fixou suas metas de redução da emissão de gases do efeito estufa para os próximos anos.

PUNIR CULPADOS

Mais cedo, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que o Ministério Público Federal trata como prioridade a apuração e a punição de quem tem causado incêndios na Amazônia, classificando a situação como uma tragédia e um crime de incendiar esse patrimônio da humanidade.

"O assunto está sendo tratado com prioridade, com ênfase pelo Ministério Público Federal e seguirá assim até que nós descubramos quem causou esse incêndio, possamos puni-los, mas também promover medidas necessárias para conter o incêndio e preservar a floresta desse mecanismo pernicioso e ilícito de desmatamento, de destruição da Floresta Amazônica", disse Dodge, durante evento que reúne os chefes dos Ministérios Públicos do Mercosul, em Salvador (BA).

A chefe do MPF disse que há cerca de um ano e meio criou uma Força-Tarefa da Amazônia, composta por integrantes da instituição que atuam na região para acompanhar questões referentes à localidade. Disse que, na véspera do encontro, manteve contatos com os procuradores do grupo e seu gabinete também tem trocado informações com a Câmara do Meio Ambiente, outro órgão da instituição responsável por acompanhar ações do setor.

"São atuações do Ministério Público que precisam ser feitas rapidamente e dar respostas", afirmou.

"Esse é um fato muito ruim para o Brasil, para nossa nação e também para o mundo porque a Amazônia é um bem muito importante para o planeta e (gostaria de) afirmar que os membros do Ministério Público brasileiro estão todos devotados a investigar quem causou e quem está causando esses incêndios, provocar as investigações e também as medidas de proteção para que o incêndio seja contido e a floresta, preservada", reforçou.

Na véspera, o MPF no Pará abriu investigações em três municípios e na capital do Estado para apurar a diminuição de fiscalizações ambientais na região, a ausência da Polícia Militar estadual no apoio às equipes de fiscalização e o anúncio, veiculado em um jornal, convocando fazendeiros para promoverem um “Dia do Fogo”, na semana passada.

Procuradores da República em Santarém, Itaituba, Altamira e Belém apuram a relação entre a redução da fiscalização ambiental e o crescimento, registrado em dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de 50% no desmatamento e de 70% nas queimadas.

Agronegócio não pode ser culpado por queimadas, barreiras não se justificariam, diz ministra

BRASÍLIA (Reuters) - As notícias sobre as repercussões das queimadas na Amazônia preocupam, mas o agronegócio não pode ser culpado pelo problema, assim como eventuais barreiras comerciais aos produtos agrícolas brasileiros não se justificariam, disse nesta sexta-feira a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

"Vamos para ação, vamos ver quem está queimando, vamos punir quem precisa ser punido, quem está fazendo a coisa errada. Mas não podemos dizer que, porque neste momento nós temos um incêndio acontecendo ou uma queimada acontecendo na Amazônia, que o agronegócio brasileiro é o grande destruidor..." disse Tereza a jornalistas, ao ser questionada após evento no ministério.

Segundo ela, dessa forma, eventuais barreiras comerciais contra os produtos agrícolas do Brasil não se justificariam.

Nesta sexta-feira, a Finlândia pediu que a União Europeia avalie a possibilidade de banir a carne bovina brasileira, devido às notícias de queimadas. De outro lado, o gabinete do presidente francês, Emmanuel Macron, disse também nesta sexta-feira que vai se opor ao acordo UE-Mercosul, posição semelhante à da Irlanda, na esteira das notícias relacionadas à Amazônia.

O setor do agronegócio é um dos mais importantes da economia do país, respondendo por grande parte das exportações brasileiras.

A ministra destacou ações do governo que serão tomadas para combater as queimadas.

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira que a "tendência" é editar um decreto de garantia da lei e da ordem (GLO) para enviar militares das Forças Armadas para combaterem queimadas na Amazônia e o comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, aproveitou cerimônia em Brasília ao lado de Bolsonaro para alertar "incautos" e dizer que a força está pronta para defender a floresta.

"Também tem uma parte ideológica, que eu acho que a gente precisa separar. E nós brasileiros temos a obrigação de defender o Brasil", ressaltou Tereza.

"Acho que a gente tem que baixar a temperatura. A Amazônia é importante, o Brasil sabe disso, o Brasil cuida da Amazônia."

A ministra lembrou que queimadas no Brasil acontecem todos os anos, especialmente em período de seca.

"Uma coisa é queimada, outra coisa é incêndio, tem que se fazer uma diferença entre esses dois acontecimentos. Estamos vivendo uma seca grande que todo ano acontece... Este ano está mais seco e as queimadas estão maiores. Acho que precisavam saber do Brasil o que está acontecendo antes de tomar qualquer tipo de medida", declarou ela, lembrando de incêndios em outras partes do mundo devido ao tempo seco.

(Por Isabel Versiani)

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Fonte:
Notícias Agrícolas

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3 comentários

  • JOSÉ DONIZETI PITOLI CORNÉLIO PROCÓPIO - PR

    A celeuma dos incêndios que atingem diversas regiões do Brasil -- e especialmente a região da Amazônia -- merece atenção especial não só do governo brasileiro, mas também do mundo todo e ajuda internacional no combate desses incêndios, sejam ocasionais ou criminosos.

    O presidente Bolsonaro tem lá suas razões quando diz que a imprensa nacional e internacional vem acentuando críticas ao seu governo. Não é por menos que a imprensa mundial concentra seus noticiários nas ações do governo, infelizmente nosso presidente ainda não está consciente das responsabilidades de um chefe de estado, especialmente no que se extrai das suas falas. Assim, como o presidente Bolsonaro responde impensadamente aos questionamentos, resta à mídia encher os noticiários com estas más notícias. Aliás, é a má notícia que repercute audiência.

    A realidade dos incêndios, em todo país é caso de segurança nacional, quando se relaciona à Amazônia então, é caso de segurança internacional. O planeta inteiro sabe da importância das nossas florestas como fonte de revitalização do clima mundial. Daí, deve o governo, seja municipal, estadual ou federal, concentrar esforços no controle das queimadas. Sabedores, que nesta época em especial, há aumento na incidência de focos de incêndio, tem que haver um programa de educação prévia dos riscos, dos danos causados e das responsabilidades para quem provoca estes incêndios.

    É neste período que as ONGs e seus militantes devem estar atentas, diuturnamente. Não basta alardear que há fogo quando em estado avançado, é preciso estar alerta no ato do início. O mundo tem disponibilidade de satélites, aviões, drones, etc...., ou seja, não nos falta tecnologia, porém falta vontade, solidariedade, humildade.

    A Amazônia em chamas pede socorro. Se os governos, municipal, estadual e federal não tem recursos (financeiros, técnicos e logísticos), temos que ter humildade para pedir ajuda externa. Não a ajuda financeira, mas de tecnologia na vigilância, de equipamentos terrestres, aéreos, etc..., de combate a incêndios e tudo o mais que puder ser feito para salvar o pulmão do mundo.

    Em momento posterior, devemos estudar a legislação brasileira e permitir que pessoas físicas e jurídicas externas possam adquirir áreas de reserva e/ou de florestas com o compromisso de preservá-las em benefício da humanidade.

    Por isso, neste momento fatídico, temos o dever de abrir nossas fronteiras para receber todo o apoio necessário à eliminar as queimadas, em paralelo, apurar as origens e responsabilizar os responsáveis.

    O momento exige o fim das queimadas. Apurar responsabilidades, fakes e outras "cositas más" é para depois, com o problema já resolvido.

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  • Sergio toshihiko eko Umuarama - PR

    O Brasil não precisa desmatar para gerar riqueza. Vamos aproveitar a oportunidade criada pelas declarações dos países europeus, a de que temos um patrimônio valioso (e que não sabíamos que valia tanto). Ao que parece temos um ativo financeiro de maior valor que o ouro, diamantes, petróleo, minérios, dólar, etc. Proponho que convertemos a preservação da Amazônia em ativos de valor de mercado como título rastreado em áreas preservadas da Amazônia, de início em 100 trilhões de reais. O orçamento da União é de 3,4 tri, da Alemanha em 20 tri e França em 17 tri. É um título com volatilidade e o país teria interesse em preservar o valor e até valorizar, então teria que investir em preservação. Os recursos seriam destinados à preservação e demais políticas públicas compensatórias. Cada produtor com área preservado receberia uma valor pela preservação (até dividendos). Seria como um título da dívida do governo americano. As regras são estabelecidas pelo emissor. Não perderia a nossa soberania. Tem natureza compensatória e de mercado. O país teria interesse em preservar para que o título não perdesse valor ou que ficaríamos inadimplentes. Quanto mais preservar mais títulos colocaria no mercado e mais valiosos ficariam. Os compradores investidores ganhariam e nós ganharíamos. Assim como o governo americano na emissão de seus títulos de tesouro

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  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Fico assombrado com essas manobras orquestradas, daqueles que têm o poder da narrativa.

    O que está acontecendo? Por que todo mundo quer responsabilizar o governo Bolsonaro pelos incêndios no Brasil, principalmente na região amazônica?.

    Os incêndios ocorridos em Portugal, Grécia e outros países europeus nos últimos anos, inclusive com várias mortes. Esses não tiveram ataques tipo: "devemos cobrar as responsabilidades".

    Todas as línguas faladas nas antigas colônias são aquelas dos colonizadores. Além dos costumes que foram impostos a ferro e fogo. A corrupção se inicia em relação à língua e os costumes.

    No governo militar o foco era "ocupar para não entregar".

    Após a redemocratização, que se iniciou em 1985, convivemos com Sarney, Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma & Temer. Desses, quantos ainda não foram presos?

    Então, todas as ações sobre o território amazônico e brasileiro, beneficiou quem?

    Essas ONGs que teimam em não largar o osso. Devemos "ficar com a pulga atrás da orelha"... Esse povo é muito mais sabido do que a gente pensa!!!

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    • Nilton Mello Velasques Faxinal do Soturno - RS

      A verdade é que o Brasil assusta países que subsidiam a agricultura. A Amazônia é só um pretexto para não honrarem acordo entre UE e Mercosul. Em duas décadas esses mesmos países virão comprar nossos alimentos, face ao aumento populacional no globo. Além do que o verdadeiro motivo não são as árvores, mas o subsolo e os micro-organismos. Segundo a Embrapa Territorial apenas 7,8% das terras no Brasil são cultivadas. Como podem as queimadas na Amazônia ameaçarem? Tem que expulsarem do país os verdadeiros culpados pela DESINFORMAÇÃO, as ONGs.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Nao entendo porque o Ministerio da Fazenda nao encerra o CNPJ dessas ONGs

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    • HELIO LUIZ HOFFMANN Tangará da Serra - MT

      Todas as ONGs devem publicar balanços anual e prestar contas de seus desempenhos, haja visto que são isentas de tributos e suas diretorias não podem ser remuneradas.

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