Tereza Cristina esclarece questões sobre os incêndios no Pantanal e declaração de Bolsonaro na ONU

Publicado em 24/09/2020 09:37 e atualizado em 24/09/2020 11:36

Em live com a revista Época, na noite desta quarta-feira (23), a Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, esclareceu, novamente, questões sobre os incêndios no Pantanal. E a ministra é taxativa ao dizer que culpar o homem do Pantanal pela atual situação é injustiça. A ministra falou sobre a necessidade de punição aos maus produtores, irresponsáveis, porém, afirma que são casos pontuais e que a grande maioria segue atuando com responsabilidade e dentro da lei. 

"Passei minha infância no Pantanal. Me lembro de uma época muito seca, 50 anos atrás, que meu pai teve que escavar tanque para ter água para o gado, foi uma época difícil e depois ela passou. Então, o Pantanal tem períodos e estamos vivendo um período com a pior seca dos últimos 50 anos. Então, é natural que o Pantanal, que é uma planície, e quando o lençol freático baixo, com aquela palha do capim nativo é combustão pura. Então, um ano com uma sequidão como essa e o Pantanal com essa seca, não vou dizer que seja normal ou agradável, mas a tendêcia é de que tivessemos mais incêndios", explica. 

A ministra afirma ainda que é importa que se aprenda não só com a ciência, pesquisas e estudo, mas com as pessoas que vivem na região. "Os velhos pantaneiros falam que o boi é o bombeiro do Pantanal. Quando ele come aquela palha, quando vem a seca e se tiver fogo, ele não se alastra como aconteceu este ano", disse. 

Tereza Cristina afirmou ainda que não é possível comparar o alcance e as proporções de incêndios como os do Pantanal com o que é registrado em outros locais do mundo, como na Califórnia, nos EUA. Além disso, reiterou que o governo federal - via Ministério do Meio Ambiente - colocou todo seu efetivo entre recursos humanos e de equipamento para combate ao fogo e não tem sido suficiente.

"O Brasil é um país de tamanho continental e a Califórnia é um estado. Precisamos de recursos, de gente, e o Brasil tem necessidades enormes, muito problemas para atacar. E esse governo, sem querer comparar, colocou as Forças Armadas. É uma série de coisas que às vezes não são faladas. Precisamos pensar nisso sim, mas vivemos um momento muito complicado. Temos que estar prevenidos sim", diz.  

Questionada sobre a fala do presidente Jair Bolsonaro na 75ª Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (22), a ministra também esclareceu as diferenças entre incêndios e queimadas - que são uma prática rudimentar praticada por indígenas, pequenos agricultores. "Não podemos generalizar. Acho que meu chefe colocou algumas posições que são verdadeiras, fatos que realmente acontecem", disse. 

 

Tereza Cristina: nomeação de 140 fiscais federais agropecuários é ótima notícia

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, considerou uma "ótima notícia" a nomeação de 140 novos fiscais federais agropecuários pelo Ministério da Agricultura, autorizada nesta quarta pelo presidente Jair Bolsonaro. Esses fiscais haviam sido aprovados em concurso em 2017 e devem reforçar o sistema de Defesa Agropecuária do País.

Segundo Tereza Cristina, em live promovida pela revista Época hoje, a pasta está precisando de mais fiscais e auditores nas plantas frigoríficas do País. "Os números estão mostrando o que a gente tem feito, o que a produção brasileira tem demonstrado e vem crescendo", disse.

Indagada sobre como ela conseguiu convencer o ministro da Economia, Paulo Guedes, a autorizar a nomeação dos fiscais em pleno período de contenção de despesas, ela disse que, na verdade, convenceu o presidente Jair Bolsonaro. "Eu convenci o presidente da República, conversando com ele e mostrando a necessidade (de mais fiscais)", disse. "Ele disse para o Guedes que ele precisava ajudar a ministra", contou.

"E o Ministério da Agricultura está feliz porque isso vai dar mais tranquilidade para a iniciativa privada trabalhar", comemorou Tereza Cristina que disse não saber, ainda, como vai ser a distribuição desses novos fiscais pelo País.

Em nota mais cedo, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) também comemorou a nomeação dos profissionais. "O Anffa Sindical defende há anos a contratação dos 140 veterinários como forma de mitigar o déficit de servidores na fiscalização agropecuária", disse a entidade, em nota.

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Xarvio lança tecnologias na Agrishow 2024
Relação custo X benefício pesa mais para que o agricultor decida por máquinas com motorização a combustíveis alternativos
Powell diz ser improvável que próximo movimento do Fed seja de alta de juros
Mapas para identificar plantas daninhas em cana alta tornam controle mais eficiente, otimizando operação de colheita e evitando banco de sementes
Avanços nas tecnologias para pulverizadoras ainda são mais lentas que os avanços do agro brasileiro, diz especialista