Egito espera que entrada no Brics atraia dinheiro estrangeiro, mas analistas pedem paciência

Publicado em 25/08/2023 14:45 e atualizado em 25/08/2023 15:40

 

Por Patrick Werr

CAIRO (Reuters) - O Egito espera que sua inclusão no Brics ajude a aliviar sua escassez de moeda estrangeira e a atrair novos investimentos, mas analistas dizem que pode levar algum tempo até que surjam quaisquer benefícios.

O bloco, que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, convidou na quinta-feira o Egito e outros cinco países a se juntarem a eles e o Egito imediatamente saudou o movimento.

"Aprecio o fato de o Egito ter sido convidado a participar do Brics e espero coordenar com o grupo para atingir suas metas de apoio à cooperação econômica", disse o presidente Abdel-Fattah al-Sisi logo após o convite.

Nos últimos anos, o Egito tem estado atolado em uma crise econômica agravada pela pandemia e pela invasão da Ucrânia pela Rússia.

A moeda do país caiu pela metade em 18 meses, a inflação anual subiu para um recorde de 36,5% em julho, e uma onda de empréstimos nos últimos oito anos tornou os pagamentos da dívida externa cada vez mais onerosos. A escassez de dólares forçou o Egito a adiar o pagamento das importações de trigo.

"O objetivo do grupo de reduzir as transações em dólares diminuirá a pressão de moeda estrangeira no Egito", disse o gabinete em um comunicado na quinta-feira.

A participação no Novo Banco de Desenvolvimento do bloco (NDB, na sigla em inglês), estabelecido por seus membros em 2015, fornecerá financiamento para o desenvolvimento, acrescentou.

Monica Malik, da ADCB, disse que a participação no Brics pode eventualmente ajudar o Egito a atrair mais investimentos.

"É positivo para o Egito ser incluído. Embora, no curto prazo, o impacto deva ser limitado, mas isso pode ajudar a fortalecer suas relações com as principais economias de mercados emergentes."

Charles Robertson, chefe de estratégia macro da FIM Partners, disse que obter acesso ao financiamento barato do NDB ajudará o Egito e que faz sentido manter-se próximo da China, uma fonte potencial de investimento estrangeiro direto (IED) na manufatura egípcia.

"O Egito tem duas necessidades profundas -- IED e uma carga de dívida mais barata -- e a participação no Brics pode ajudar em ambas", disse Robertson.

James Swanston, da Capital Economics, disse que é improvável que a expansão do Brics tenha efeitos econômicos importantes no curto prazo, mas que "a possível mudança no alinhamento geopolítico pode ter implicações de longo prazo para o comércio e o crescimento econômico".

(Reportagem adicional de Nafisa Eltaher e Sarah El Safty)

Fonte: Reuters

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