Entidades vão buscar medidas para reverter apreensões de máquinas
As ações por parte dos credores tiveram início na sexta-feira (14.11) em Rondonópolis pelo banco Case New Holland (CNH) e municípios da região, mas as informações dão conta de que os arrestos de bens espalham-se por todo o estado. Nos cartórios de Campo Novo do Parecis e de Sorriso há notificações sendo preparadas, sob determinação da Justiça.
Agora, o banco De Lage Landen (DLL) já deu início às ações de arresto e o John Deere está inserindo os nomes dos produtores rurais na Serasa. Porém, alguns produtores também já estão se mobilizando e conseguindo reverter, individualmente, os mandados e tiveram as máquinas de volta ao campo. Outros conseguiram suspender as buscas e apreensões programadas.
O não pagamento de 40% das parcelas das operações de investimentos que vencem este ano atinge 70% dos produtores de Mato Grosso. Mas a falta de capacidade financeira para desembolsar o percentual é constatada em vários estados. Segundo informações do próprio governo repassadas ao setor, no Rio Grande do Sul o índice de inadimplência varia entre 25% e 30% e na região Centro-Oeste está em cerca de 50%.
“A situação não poderia ser pior neste momento. O governo quer tratar a questão como se ainda estivéssemos na época da agricultura de tralha (utensílios velhos) e quer obter receita de uma agricultura de alta tecnologia”, afirma o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Glauber Silveira.
As apreensões de máquinas e equipamentos aumentam a instabilidade sobre os resultados desta e da próxima safra. “Com os nomes dos produtores nos serviços de proteção ao crédito, não há como tentar obter algum tipo de crédito”, pontua o diretor administrativo da Aprosoja/MT, Ricardo Tomczyk.
Na semana passada, o governo federal anunciou a criação de uma nova linha de crédito para refinanciar os 40% das parcelas que vencem este ano, com prazo para pagar em três anos com juros de 4% ao ano mais a TJLP (Taxa de Juros a Longo Prazo), mas a medida ainda não foi publicada pelo Banco Central. Conforme Silveira, a decisão da União não garante que os bancos das montadoras irão refinanciar as dívidas.
Nesta segunda-feira (17.11) os integrantes do Comitê da Crise Rural estiveram reunidos com os deputados federais, Carlos Bezerra e Carlos Abicalil para pedir o apoio da bancada mato-grossense no Congresso Nacional. “O governo deixa a situação ficar insustentável para poder tomar uma posição que poderia ter evitado o caos”, enfatiza o vice-presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Carlos Augustin.
Os representantes do setor rural de Mato
Grosso se mostram indignados com a falta de peso político do ministro da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Reinhold Stephanes, na tomada de
decisão do governo federal para equacionar a crise rural e com a posição
intransigente do secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da
Fazenda, Gilson Bittencourt, em prorrogar o pagamento das parcelas para o
próximo ano e em elevar o preço de referência da soja.