Interrompida chegada de fertilizantes ao País

Publicado em 01/12/2008 12:46
A chegada de navios carregados com fertilizantes ao Brasil está praticamente interrompida.

A informação é de Eduardo Daher, diretor-executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), que em outubro viu confirmadas as expectativas de queda nas vendas e amargar o menor volume comercializado dos últimos dez anos. "O mercado parou! Já não são feitas novas compras e portanto não chegará mais nenhum navio".

As toneladas importadas dos principais fertilizantes recuou de 924 mil em outubro de 2007 para 498 mil no mesmo período deste ano - variação de 46%. Queda já anunciada desde de setembro, quando o setor já registrava retração de 3,6% nas importações. O País importa cerca de 70% das nutrientes que consome.

Foram vendidas apenas 2,03 milhões de toneladas de fertilizantes em outubro, cerca de 170 mil a menos que em setembro.

E nem as expectativas mais otimistas para o novembro que acaba de se encerrar conseguem apontar para um número melhor que estes - no mesmo mês de 2006, o setor comemorava a venda recorde de 2,86 milhões de toneladas, no ano passado foram 2,37 milhões.

No acumulado do ano, o setor registra 20,2 milhões de toneladas vendidas, 2% a menos que em 2007 e até o fim do ano a queda pode ultrapassar 8%. A Anda é um pouco mais otimista e prevê uma retração nas vendas de no máximo 6,5%.

De acordo com informações da Associação, apenas os adubos já quitados estão sendo entregues. E a falta de novos pedidos deve congelar as vendas internas em menos de 23 milhões de toneladas este ano.

A consultora Elizabeth Chagas ressalta que teremos um estoque de passagem suficientemente grande para abastecer o mercado brasileiro durante quase todo o primeiro semestre de 2009 - o montante pode chegar a 9 milhões de toneladas de acordo com estimativas do setor.

Esse considerável volume que deve permanecer nas mãos das indústrias e dos canais de distribuição foi adquirido por um valor superior ao praticado atualmente no mercado interno.

Essa defasagem nos preços de reposição dos fertilizantes podem decretar o fim de algumas empresas menores. "As grandes multinacionais têm mais condição de suportar as perdas", prevê Elizabeth.

Já o representante das indústrias não aposta nessa discriminação na hora de contabilizar os prejuízos.

"A crise não escolhe empresa por tamanho, todo o setor vai sofrer as conseqüências desse recuo nas vendas. E ainda existe a falta de crédito. Assim como as outras indústrias do agronegócio estão carentes de financiamentos, no nosso caso o crédito rural veio a falhar", detalha Daher.

O diretor-executivo da Anda não aposta em uma liquidação dos estoques encalhados a preços ainda menores dos já praticados atualmente.

"No começo de novembro estávamos com um volume estocado efetivamente maior. Mas se foi comprado a um preço elevado, deve ser vendido também a um preço elevado", acredita. Até o preço do superfaturado Potássio já começa a relaxar. Nenhuma tonelada sequer do nutriente é vendida pelos antigos US$ 950.

Um primeiro semestre atípico, com vendas 22% superiores, e um segundo retraído deve reconfigurar a sazonalidade da comercialização dos produtos neste ano.

"A sazonalidade ficou mais linear, mais balanceada, com vendas em torno de 47% até julho e de 53% até dezembro", calcula Eduardo Daher.

O segmento de insumos agropecuários cresceu 14,79% no primeiro semestre do ano, segundo cálculos da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

No caso específicio dos insumos agrícolas, o crescimento acumulado foi de 17,69%. Foram o elevado preço dos fertilizantes e do volume de negociações os principais responsáveis pela sustentação desse crescimento. Isso, porém, não deverá se repetir neste segundo semestre de 2008.
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Fonte:
Gazeta Mercantil

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