Produtor recupera colheitadeira e corre para colher safra

Após 44 dias com o maquinário apreendido, o produtor rural da região de Nova Ubiratã, Valmor Marchioro, conseguiu na justiça, recuperar sua colheitadeira TC 57. No último sábado (24) o produtor veio até Várzea Grande retirar o seu maquinário, que estava no pátio da empresa Tratornet, localizada na rodovia dos Imigrantes. Ele conta que no dia 12 de dezembro do ano passado, foi surpreendido pelo oficial de justiça e pelo advogado do Banco CNH, alegando que o maquinário teria que ser recolhido devido à falta de pagamento das parcelas do financiamento.

 

Mesmo alegando a existência da liminar emitida em favor dos produtores rurais no final do mês de novembro de 2008, não conseguiu impedir que o maquinário fosse apreendido. O oficial de justiça alegou que o mandado de busca e apreensão veio do Paraná, onde o produtor rural comprou o maquinário. O jeito foi acionar o advogado para fazer valer a prerrogativa da lei. Para buscar sua colheitadeira, o produtor teve que desembolsar R$ 4,5 com o aluguel da prancha para transportar o maquinário até a fazenda.

Valmor conta que comprou a colheitadeira em 2002 no Paraná por R$ 204 mil com juros de 8,75%/ ano, no plano Fernando Henrique Cardoso. O valor do maquinário foi parcelado em 8 prestações. As três primeiras parcelas do financiamento o produtor conseguiu quitar. A partir daí, as quedas que teve na produção e problemas de saúde na família foram alguns fatores que comprometeram o rendimento do produtor.

"Eu tinha o dinheiro para pagar, mas infelizmente, meu filho teve sérios problemas de saúde, eu como pai, não pensei duas vezes em tentar salvar meu filho", desabafou. Ciente das parcelas em aberto, o produtor conta que no meio do ano passado procurou o banco, no Paraná, para tentar fazer um acordo, que foi recusado. Em novembro tentou novamente um acordo e pela segunda vez não foi aceito. Valmor diz que até o mês de novembro, a dívida está acumulada em R$ 189 mil.

 

Conforme o consultor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Luciano Gonçalves, 52% dos produtores rurais do Estado conseguiram renegociar os 40% das dívidas agrícolas. Os que conseguiram quitar o percentual da dívida somam 47% dos produtores, o restante, Luciano disse que não conseguiram renegociar por falta de condições financeiras. Vários produtores rurais procuraram as agências financeiras para tentar conseguir uma parte da linha de crédito, de R$ 500 bilhões[sic erro, era milhões] que o governo federal havia liberado no final do ano passado, mas as agências bancárias alegam que este montante não tem chegado, questionou o consultor técnico da Famato.

Com a safra a ponto de colher, o produtor terá que contar com a ajuda dos vizinhos, pois, com a colheitadeira parada há 44 dias, o maquinário terá que passar por uma revisão que levará em torno de cinco dias. Era para eu ter começado a colher desde sexta-feira (23.01). Caso eu não consiga, corro o risco de perder 20 hectares de soja, lamentou.

 

Considerados pequenos produtores, Valmor e o irmão Roberto Marchioro, plantam soja, milho e arroz há mais de trinta anos na região de Nova Ubiratã. Eles começaram a plantar mil hectares. A partir de 2004, época em que foram registradas as maiores quedas na produção, o plantio foi reduzido em 300 hectares. Segundo os produtores, um número muito pequeno para conseguir uma renda. No nosso caso, temos que torcer para que a nossa safra corra muito bem, para conseguirmos colher 100% da produção e assim, conseguirmos arcar com o financiamento que está atrasado, frisou.

De acordo com o gerente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Marcelo Duarte, a safra do Estado poderá ser prejudicada caso os produtores, que tiveram suas máquinas apreendidas, não consigam recuperá-las a tempo. Dependendo da lavoura, cerca de 25 mil sacos/h. de soja deixarão de ser colhidos por falta de maquinários no campo, destacou Marcelo Duarte. As informações são da Famato.
(JL)

Fonte:  Safras & Mercado