Cana e soja atraem a alemã Lanxess para a co-geração

Publicado em 23/03/2010 08:52
SÃO PAULO - A alemã Lanxess investe em co-geração de energia no Brasil, na Índia e na Bélgica. No exterior, os projetos envolvem soja e gás natural ecológico. No Brasil, o grupo instalou em Porto Feliz, no interior paulista, uma usina com capacidade de gerar, a partir do bagaço da cana-de-açúcar, 4,5 megawatts. Ao todo, a empresa deve injetar 25 milhões de euros (US$ 33,8 milhões). Só no País já foram investidos 8 milhões de euros (US$ 10,8 milhões).

Segundo Marcelo Lacerda, Chief Executive Officer (CEO) da Lanxess, a quantidade de dióxido de carbono (CO2) emitida é igual à absorvida pelas plantações de cana durante o cultivo. "Nossa meta é reduzir até 2012 em 80% as emissões de gases causadores do efeito estufa", diz.
De 2007 a 2009, de acordo com levantamento realizado nas 43 unidades do grupo, espalhadas por 23 países, as emissões anuais das plantas já foram reduzidas em quase 60%. Na usina brasileira, a redução será de 44 mil toneladas métricas de gás carbônico por ano. Segundo Lacerda, esse volume deve diminuir a praticamente zero as emissões da planta. "O que sobra é uma cinza irrisória que vira adubo para a própria cana", afirma o executivo.

A energia ecológica será destinada à própria produção de pigmentos de óxido de ferro, comercializados mundialmente como bayferrox ou pó xadrez, como é conhecido na região de Porto Feliz. "A ideia não é vender energia. Mesmo a folga de 20% será usada na planta", afirma.
Além da fábrica em Porto Feliz, segundo Lacerda, a Lanxess possui mais três usinas no País.
Dados da companhia apontam que os volumes da principal unidade da empresa, localizada em Krefeld-Uerdingen, na Alemanha, o qual possui a maior planta mundial de produção de óxido de ferro, com as plantas de Jinshan, na China, e de Porto Feliz somam uma produção de 350 mil toneladas métricas do pigmento por ano. O produto é enviado a indústrias do ramo da construção civil e automotivo, além de fábricas de tintas e revestimentos, e linha industrial de plástico e papel. "O óxido de ferro também é utilizado em pastilhas de freio e airbags", afirma Lacerda.

Das novas usinas, duas serão implantadas na Índia, uma em Nagta, a base de soja, que deve entrar em operação no segundo semestre deste ano, e outra em Jhagadia, com inauguração prevista para o fim do ano. Esta última produzirá resinas de troca iônica, a partir de energia gerada com gás natural ecológico. Em Nagta, a planta gera 4 megawatts e até 45 toneladas métricas de vapor por hora.

Na Bélgica, o fornecimento de energia da unidade, localizada em Zwijndrecht, será realizado, também este ano, em cooperação com o fornecedor belga Electrabel. O objetivo da parceria é colocar em funcionamento uma usina de co-geração para fornecer eletricidade para as fábricas de borracha da Lanxess.

De acordo com Lacerda, a previsão de redução de dióxido de carbono gira em torno de 80 mil toneladas métricas por ano, e como no site brasileiro, deve operar com eficiência de 90%.
Na Antuérpia já funciona uma das primeiras plantas de co-geração da área portuária da empresa. A Lanxess foi fundada em 2005.

Além do Brasil, Índia e Bélgica, a empresa atua também na Austrália, Espanha, Reino Unido, Rússia e Estados Unidos.
Avanço
De acordo com Lacerda, a Lanxess estima um crescimento anual de pelo menos 10%. Os países que mais estão rendendo frutos são o Brasil, Rússia, Índia e China, que juntos foram responsáveis por 20,1% do faturamento do grupo em 2009, um aumento de 16,1% se comparado a 2008. O faturamento combinado atingiu 1,02 bilhão de euros (US$ 1,38 bilhão). "A previsão é de avançar dois dígitos por ano", diz.

Segundo Axel Heitmann, presidente do Conselho de Administração da empresa, o grupo também sofreu com a crise econômica mundial em 2009, devido a fraca demanda global.

No ano passado, a Lanxess somou um faturamento global da ordem de 5,06 bilhões de euros (US$ 6,8 bilhões), 23,1% menor que no acumulado do ano anterior, e um lucro líquido de 40 milhões de euros (US$ 54,1 milhões), ante os 183 milhões de euros (US$ 247,7 milhões) de 2008.
A região da América Latina computou 515 milhões de euros (US$ 697,1 milhões), 28,9% a menos que em 2008, o que responde por 10,2% do faturamento total do grupo.

Em 2009, a Lanxess também reduziu custos, com o programa Challenge 09-12, na ordem de 170 milhões de euros (US$ 230,1 milhões). A líder em especialidades químicas computou um volume de vendas de 6,58 bilhões de euros (US$ 8,91 bilhões em 2008).
Fonte: DCI

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Número de mortos por chuvas no RS sobe para 95; ainda há 131 desaparecidos
Senado aprova projeto de calamidade no RS que facilita repasses federais ao Estado
FPA propõe medidas emergenciais para ajudar na reconstrução do Rio Grande do Sul
Soja e milho e café arabica tem ajuste positivo no mercado. Dólar cai antes dos juros no Brasil
Ibovespa fecha em alta com balanços; Itaú sobe 2%