Sem acordo sobre área de Sorriso/MT

Publicado em 29/03/2010 08:36

A disputa iniciada no final da década 70 entre 275 produtores rurais e o norte-americano Edmund Augustos Zanini, 78 anos, por uma extensa porção de terras em Sorriso (a 420 quilômetros de Cuiabá) resistiu ontem à segunda tentativa de conciliação judicial entre as partes. Representantes dos dois lados estiveram reunidos na Câmara Municipal de Sorriso em audiência promovida pelo juiz Pedro Sakamoto, titular da Vara Especializada de Direito Agrário, onde até propostas milionárias foram insuficientes para selar acordo.

A área disputada em Sorriso tem aproximadamente 150 mil hectares de terra e é avaliada em cerca de R$ 1 bilhão. Zanini reivindica direitos sobre as terras, alegando não tê-las vendido para os que hoje se instalam ali e exploram o lucrativo plantio de soja na região, como o ex-diretor da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Nadir Sucoloti, o diretor do Sindicato Rural, Sadi Beledelle e o empresário Joci Piccini.

Zanini aponta que as terras haviam sido vendidas de maneira forjada e, por isso, ingressou na Justiça em 1991, levando o presente impasse à esfera judicial e tentando reaver o bem. A defesa do norte-americano chegou a declarar que ele não queria simplesmente retirar as pessoas das terras, mas receber parte dos valores referentes a elas.

“Ali não tem pobre, só milionários, e ninguém de boa-fé, todos sabiam que havia um litígio quando compraram as terras”, disse o advogado Neilton Cruvinel Filho em 2009. Desta vez, ele não foi encontrado pela reportagem para comentar o assunto.

Entretanto, os 30 produtores rurais que usufruíam da terra na época reagiram à ação de Zanini em busca de indenização. Eles constituíram um representante e protocolaram na Justiça um embargo de terceiro (que cabe a pessoas alheias ao processo que serão prejudicadas ou beneficiadas com a sentença).

Como o impasse já durou mais de 30 anos, a Justiça tentou levar as partes a um entendimento. A primeira tentativa foi em setembro passado, como parte da Semana Nacional pela Conciliação, e a segunda foi ontem.

Durante a audiência, as partes e o magistrado apresentaram propostas e contra-propostas de indenização e para pôr fim ao litígio que envolviam somas milionárias de dinheiro e sacas de soja, com parcelamento ou não. Chegaram a suspender a audiência para análise das propostas, mas sem sucesso. Diante da falta de acordo, o juiz Sakamoto não viu alternativa a não ser determinar o prosseguimento do trâmite processual até sentença de mérito. Ou seja, o impasse ainda segue.

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Diário de Cuiabá

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1 comentário

  • Dalci Paranhos Mesquita Maringá - PR

    Este assunto não é o primeiro e nem será o último. A terra tem um dono, não interessa o tempo que passou, os que estão na terra desenvolveram a agricultura e fatalmente fizeram parte do desenvolvimento da região. Pelo que se observa o verdadeiro dono não quer tirar o pessoal de lá, quer ver ressarcido o valor da terra. Fácil paguem pelo valor da terra bruta, sem as melhorias. Em não ocorrendo o acordo, e confirmando judicialmente que a terra é do americano, ele vai exigir inclusive os direitos da preservacão da terra. E srrado preservado hoje vale ouro. É bom fazer o acordo caríssimos amigos produtores.

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