Clima ainda pesa mais que relatórios do USDA

Publicado em 01/04/2010 08:12
O relatório de estoques e plantio divulgado nessa quarta-feira (31) pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostrou redução nas reservas internas de grãos, mas em proporção menor que a esperada pelo mercado. A queda na soja armazenada foi de 2,45%, para 34,56 milhões de toneladas em um ano. As previsões eram de que o número caísse a 32,85 milhões de toneladas.

No milho, a queda foi 45% em relação ao pico de janeiro, mas, na comparação com março de 2009, houve aumento de 10,64% nos estoques, que estariam 195,43 milhões de toneladas. O mercado esperava 10 milhões de toneladas a menos.

Mesmo assim, as previsões do USDA continuam sendo de crescimento no plantio de soja e milho: 0,8% e 2,6%, respectivamente. Queda, só no trigo, de 8,9%. O relatório trimestral trouxe em detalhes as tendências de cada estado, a tempo de muitos produtores reverem suas apostas.

Os números chamaram a atenção na Bolsa de Chicago, mas sem muita agitação, conforme os analistas. Os operadores estão mais atentos a questões climáticas, uma vez que ainda há muito trabalho pela frente nesta safra de milho e soja. O cumprimento dos prazos de plantio deve conduzir as cotações, diz Dale Durchholz, da AgriVisor LLC. Questões como a redução na adubação também estão sendo avaliadas, porque ampliam as exigências em relação ao clima.

Os agricultores estão sendo orientados a prestar mais atenção nas janelas de plantio, tarefa que deve continuar sendo feita até a conclusão da semeadura, afirma o analista de mercado Joe Victor. O conselho é para que o produtor não se prolongue um dia sequer quando tem boas condições para plantar. O atraso inicial no plantio lembra 2009, compara Victor.

Com todo o trabalho a fazer, o produtor pode também refazer planos numa proporção pouco comum, observa Durchholz. O especialista frisa que esta safra oferece aos agricultores uma flexibilidade que ele nunca viu.

Os analistas consideram que os relatórios do USDA deverão ter mais peso a partir de junho, justamente por já incluírem boa parte do andamento da safra atual. Como o milho tem se mostrado mais lucrativo, eles acreditam que, confirmadas as perspectivas de estoques, poderá haver aumento da área do cereal e redução do cultivo de soja. O quadro de preços também pode mudar, por influência dos estoques ou do próprio campo.
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Fonte:
Gazeta do Povo

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