Morreu, aos 99 anos, o fundador da Jacto, o visionário Shunji Nishimura

Publicado em 23/04/2010 23:00 e atualizado em 10/03/2020 14:31

Morreu nesta sexta-feira, 23, ao 99 anos, em Pompéia, no interior de São Paulo, Shunji Nishimura, fundador da Jacto Máquinas Agrícolas, um império que hoje reúne uma dezena de empresas, emprega 3 mil trabalhadores, exporta para 90 países e fatura anualmente quase R$ 1 bilhão.

No fim dos anos 1920, o Japão enfrentava sérias dificuldades econômicas. Milhares de japoneses saíram do país, principalmente entre 1924 e 1934, em busca de novas oportunidades em países como o Brasil. Em 1932, o jovem mecânico Shunji Nishimura, então com 22 anos, estava entre eles. O começo de sua vida brasileira foi em uma fazenda de café no interior de São Paulo.

Franzino e pouco acostumado ao ritmo de trabalho com a enxada, grande demais para ele, Nishimura percebia que as coisas não seriam fáceis, mas estava determinado a vencer. Sua criatividade e seu conhecimento técnico o ajudaram a amenizar os dias difíceis na roça: fez uma enxada mais adaptada à sua estatura.

O cotidiano não era fácil e a remuneração pouco estimulava. Deixou a fazenda e foi tentar a vida no Rio de Janeiro, onde trabalhou como garçom. Conseguiu amealhar algumas economias e, voltando a São Paulo, resolveu estudar português. Trabalhou um tempo na própria escola, depois em uma fábrica como ajudante de torneador e soldador, ganhando o suficiente para se alimentar de pão com banana.

A vida se iluminou quando Nishimura conheceu Chieko, se casou e teve a primeira filha, Mitiko. Depois vieram seis meninos (Takashi, Jiro, Chikao, Shiro, Lincoln e Jorge). Decidido a melhorar de vida e com idéias de inventor na cabeça, tomou um trem com o objetivo de desembarcar apenas no fim da linha: lá seria o local do recomeço. Foi assim que se estabeleceu em Pompéia, cidade de 18 mil habitantes no interior de São Paulo.

Alugou uma casa, buscou a esposa e a filha e colocou uma placa na porta: “Conserta-se tudo”. A oficina foi, aos poucos, conquistando a freguesia. E Nishimura seguia inventando coisas. Colocou alças em latas, criando canecas. Adaptava motores. Desenvolveu um alambique para destilar mentol, que era um item importante da economia local. Daí para criar, em 1948, a primeira polvilhadeira nacional, na época feita de metal, foi só questão de tempo. Nascia a Indústria de Máquinas Jacto. No ano seguinte Nishimura já estava vendendo 30 pulverizadores por mês. Ele não parou mais de inventar e o negócio, de crescer. Já foi homenageado dezenas de vezes por associações empresariais e autoridades, incluindo o Governo japonês.

Ele fundou três escolas - o Colégio Técnico Agrícola de Pompeia, uma escola de ensino fundamental e a Escola Profissionalizante Chieko Nishimura, esta, em convênio com o Serviço Nacional da Indústria (Senai).

Também criou a Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia, em cuja sede o seu corpo está sendo velado. O sepultamento será neste sábado às 17 horas no Cemitério Municipal de Pompeia. 

Na sede da Fundação Shunji Nishimura, em Pompéia, há salas repletas de presentes recebidos por ele, além de um museu com objetos que contam sua trajetória e a história do grupo Jacto. Aos 98 anos, ele dizia: “Estou muito satisfeito com o que conseguiu” e que já podia “partir em paz”. 

Nishimura completaria 100 anos no dia 8 de dezembro deste ano. O corpo do empresário está sendo velado em Pompeia. Shunji Nishimura deixa 7 filhos, 21 netos e 9 bisnetos.

Fonte: Redação NA

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