Agricultura antecipa ofensiva norte-americana

Publicado em 27/04/2010 09:25
Plano nacional de incentivo às vendas externas só deve sair em setembro, mas esforços para fortalecer mercado interno e ampliar comércio internacional já começaram.
Quase três meses depois de lançar o desafio de dobrar as exportações em cinco anos, o presidente Barack Obama ainda aguarda a conclusão do programa que promete criar dois bilhões de empregos e tirar a economia norte-americana da recessão. A agricultura, porém, decidiu se antecipar à formalização do projeto norte-americano de multiplicar os embarques. As ações acontecem em duas frentes principais. Para fortalecer seu mercado interno, os EUA renovam políticas de subsídios diretos. Para ganhar mercados no exterior, investem em missões internacionais e acordos bilaterais.

O crescimento das exportações de soja, um dos principais produtos da balança comercial dos norte-americanos, mostra que eles não estão de brincadeira. Há sete meses o USDA reajusta para cima sua projeção de embarque, agora em 39,3 milhões de toneladas. Faltando pouco mais de quatro meses para o encerramento da temporada, o país já negociou 95% desse volume, o que significa que essa meta pode ser revista novamente, e para cima. Em igual período do ano passado, esse índice era de 87%. Na safra anterior, os EUA exportaram 34,9 milhões de toneladas.

Entre os alvos da nova política de comércio internacional estão países em desenvolvimento e que apresentam rápido crescimento, como China, Índia e Brasil. No ano passado os chineses responderam por 54% do comércio mundial de soja. Não por acaso, incentivar esses países a comprarem produtos norte-americanos faz parte da estratégia. “É aí onde o dinheiro está e é aí onde temos que focar”, afirmou Francisco Sanchez, do Departamento de Comércio, ressaltando que 95% dos consumidores mundiais vivem fora dos EUA. Sanchez, que assumiu o cargo no mês passado, disse em entrevista à agência Reuters que visitará Brasil e China em maio, Índia e Arábia Saudita em junho, e Canadá e México nos meses seguintes.

Em uma dessas missões, na semana passada, no Japão, o secretário de Agricultura, Tom Vilsack, declarou que o objetivo nessas viagens “é incentivar a abertura dos mercados e defender um sistema comercial aberto, baseado em re­­gras internacionais, que irá beneficiar tanto os consumidores quanto os nossos agricultores e pecuaristas, que fornecem produtos pa­­­ra todo o mundo.” Na abertura do 2010 Agriculture Outlook Fo­­rum, em fevereiro, em Wa­­shington, Vilsak afirmou que o USDA não mediria esforços para ajudar Obama a cumprir a promessa.

A Estratégia Nacional de Exportação (NEI, na sigla em inglês), plano norte-americano para fortalecer o comércio exterior, está sendo construída por um grupo de trabalho criado pela Casa Branca em março. A equipe que integra o NEI se reúne pela primeira vez neste mês. O documento final só deve ser apresentado ao presidente em setembro.

Política de subsídios

O caminho para sair da crise, acreditam os EUA, é o livre comércio. Mas isso não significa que eles estão dispostos a abrir o próprio mercado. Ele sabem que para manter seus produtos competitivos no exterior precisam apoiar o setor produtivo. A controversa indústria do etanol de milho, por exemplo, está prestes a ficar mais tranquila por mais cinco anos. Estão em tramitação no Congresso Nacional duas propostas diferentes, mas que têm o mesmo objetivo: ampliar e estender até 2016 os subsídios pagos aos produtores, que expiram no final de 2010.

Além de renovar a tarifa de importação de US$ 0,54 por galão (3,7 litros), as propostas prevêem também o pagamento de um bônus de US$ 0,45 para a indústria por galão de álcool misturado à gasolina, US$ 0,10 por galão para pequenos produtores e US$ 1,01 por galão a produtores de etanol celulósico. Segundo especialistas, os incentivos custariam aos cofres norte-americanos US $ 6 bilhões por ano.

Em 31 de dezembro de 2009, o incentivo de US$ 1 por galão (3,8 litros) que era pago à indústria do biodiesel expirou e, desde então, a produção do país foi praticamente interrompida. Neste ano, a proposta de renovação do subsídio foi aprovada na Câmara e aguarda votação no Senado. Segundo o Instituto de Pesquisa em Política de Agricultura e Alimentação (Fapri, na sigla em inglês), a não-renovação do subsídio pode resultar em uma queda de cerca de US$ 0,15 por bushel nos preços do milho e da soja. Um terço da safra de milho dos EUA é usado para fazer etanol e 11% do óleo de soja produzido no país são utilizados para biodiesel.

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Fonte:
Gazeta do Povo

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