Demanda externa fará País ter 30 mi de hectares de palma

Publicado em 13/05/2010 08:44
De olho no mercado externo, a área destinada à produção de óleo de palma (dendê) no Brasil pode chegar a 30 milhões de hectares nos próximos anos. A projeção é de Frederico Ozanan Machado Durães, chefe-geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), responsável pelo departamento da Agroenergia. O avanço também será impulsionado pelo Programa de Produção Sustentável de Palma de Óleo no Brasil, em Belém (PA), lançado pelo governo na última semana.

O papel da entidade no projeto é garantir a pesquisa, desenvolvimento e inovação, além da disponibilidade de sementes e mudas e melhoramento genético.

Consta, entre as atas do programa assinadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Zoneamento Agroecológico e Econômico (ZAI), que permite o plantio em um espaço máximo de 13,6% de área apta, equivalente a 3,7% da área total do Brasil (851 milhões de hectares). O governo estabeleceu linhas de crédito, como a Produção Agropecuária Sustentável (Produsa), o Plantio Comercial e Recuperação de Florestas (Propflora) e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

Hoje, a quantidade aproximada de dendê plantado no Brasil é de 80 mil a 90 mil hectares, e o Pará é responsável por cerca de 90% da produção. "O Brasil produz 220 mil toneladas de óleo de palma. É uma produção baixa, assim como a área plantada", disse Durães. O plantio de dendê e a produção de óleo de palma são considerados atividades potenciais.

Os três maiores produtores de óleo de palma no mundo são: Indonésia, Malásia e Tailândia - localizados ao sudeste da Ásia. Juntos, os três países são responsáveis por cerca de 90% de óleo de dendê do cenário mundial. "Dá quase 40 milhões de toneladas de óleo de palma para o abastecimento global", disse o chefe-geral da Embrapa. Ainda segundo Durães, o Brasil assegura a 10ª posição no ranking de produção da oleaginosa. A produção global é de 47 milhões de toneladas.

Apesar da baixa atividade brasileira, Durães afirmou que o panorama pode ser alterado, principalmente em virtude das boas condições do clima e do solo. "O Brasil é um dos poucos países que têm área preferencial para a expansão de dendê, além de cumprir a agenda ambiental", diz.

As áreas escolhidas pelo programa são as desmatadas na Amazônia Legal: Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima e as áreas utilizadas para cana-de-açúcar do nordeste. "Não pode cortar uma árvore para expandir o programa. São áreas antropizadas, onde o homem já degradou", falou o chefe-geral.

Segundo Durães, 80% do mundo está com os "olhos" voltados para as bases de óleos vegetais, e o biocombustível é outra ramificação em constante crescimento mundial. No entanto, Durães fez uma ressalva: "O consumo de óleo de dendê no mundo é tipicamente para a indústria alimentícia. A demanda de biocombustíveis no mundo inteiro é crescente, então o programa é para criar a possibilidade de produzir mais óleos, um incremento", disse o chefe-geral da Embrapa.

O Grupo Agropalma conta com 39 mil hectares de áreas de plantios e cinco indústrias de extração de óleo bruto, localizados nos municípios de Tailândia, Acará, Moju e Tomé-Açu. Marcello Brito, diretor comercial da empresa, está a par do programa, no entanto, disse que "o foco da empresa é investir em outros setores, como a indústria alimentícia, e não o aumento de plantio".

Brito disse ao DCI que a produção de óleo de palma da entidade para a geração de biocombustíveis é irrisória". A empresa está no segundo ciclo de produção e pretende aumentar a produtividade nos próximos anos.

Recentemente, a Petrobras anunciou que irá construir um empreendimento voltado para a produção de biodiesel a partir do óleo de dendê, no Estado do Pará. O investimento do projeto será de R$ 330 milhões, com operação prevista para começar em julho de 2013. Segundo a empresa, a usina de biodiesel terá capacidade de produzir 120 milhões de litros por ano e poderá abastecer a Região Norte.

A iniciativa da Petrobras está vinculada a um projeto com a portuguesa Galp, a qual receberá o óleo produzido a partir do dendê paraense.

Fonte: DCI

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