FUSÃO DE CITROSUCO E CITROVITA CRIA NOVO LÍDER EM SUCO DE LARANJA

Publicado em 14/05/2010 19:39 e atualizado em 27/02/2020 23:11


 A Citrosuco, controlada pelo Grupo Fischer, e a Citrovita, controlada pelo Grupo Votorantim, assinaram hoje acordo para fundir suas operações. Juntas, as duas unidades devem somar faturamento anual de aproximadamente R$ 2 bilhões e desbancar a Cutrale na liderança do mercado mundial de processamento de suco de laranja. "A empresa terá capacidade de produção equivalente a 25% do consumo mundial de suco de laranja", ressaltou o presidente da Citrosuco, Tales Lemos Cubero.

De acordo com o presidente da Citrovita, Mario Pavaresco Jr., ainda não está definido o nome da nova companhia. Os executivos não revelaram detalhes da operação, que envolve os ativos de processamento de suco dos grupos Fischer e Votorantim, mas ressaltaram que não existem pretensões de a empresa abrir capital no momento. Eles também descartaram traçar projeções sobre o prazo para a conclusão da operação de fusão.

A companhia será composta por seis fábricas em São Paulo e uma na Flórida (EUA), além de operar terminais portuários no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia; e navios próprios e fretados. A nova empresa, segundo os executivos, terá capacidade equivalente a um porcentual entre 40% e 50% da safra total brasileira, ou o equivalente a aproximadamente 160 milhões de caixas de suco.

Questionados a respeito da possibilidade de o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) colocar restrições ao negócio, os executivos destacaram a importância da criação de uma empresa em condições de fazer frente a um movimento de consolidação de companhias instaladas nos Estados Unidos e Europa. "O negócio aumenta o poder da indústria nacional a um nível internacional", destacou
Cubero. Para Pavaresco, as duas empresas juntas terão condição de ser referência mundial em termos de custos, qualidade e eficiência. Os executivos não fizeram projeções sobre as sinergias possíveis provenientes da fusão.

Com receitas anuais de R$ 2 bilhões, a empresa terá sete plantas industriais, sendo uma nos Estados Unidos (Flórida) e seis no Estado de São Paulo, entre elas as duas em Matão e outras muito próximas, como a de Araras, da Citrovita, e a de Limeira, da Citrosuco. As companhias possuem 64 mil hectares de pomares próprios para a produção de laranja que representam, em média, 30% do processamento total da fruta. Os 70% restantes virão de mais de 2,5 mil citricultores independentes. A empresa terá 6 mil funcionários e atingirá 10 mil contratados durante a safra.

Para a exportação de suco, as empresas terão dois terminais portuários no Brasil e seis no exterior - nos Estados Unidos, Bélgica, Austrália e Japão. Segundo as empresas, a nova companhia exportará para mais de 80 países e terá capacidade instalada de processar acima de 40% de todo o suco de laranja produzido e exportado pelo Brasil. Será responsável ainda pela produção de 25% de todo o suco de laranja consumido no mundo.

PRODUTORES CRITICAM UNIÃO ENTRE CITROSUCO E CITROVITA

Mesmo considerando inevitável a união entre Citrosuco e Citrovita, após dois anos
de rumores sobre a operação, representantes de entidades de citricultores criticaram a operação anunciada nesta tarde. Além da concentração no mercado processador - já que a nova empresa terá cerca de 50% da produção brasileira de suco e 25% da mundial - os produtores consideram inevitável o fechamento de fábricas das companhias. Ambas possuem, por exemplo, fábricas de suco em Matão (SP) e unidades muitos próximas, como a unidade de Araras (SP) da Citrovita e de Limeira (SP) da Citrosuco.

"É mais concentração, mais desequilíbrio no setor e mais prejuízo para os produtores e para o País", disse Flávio Viegas, presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus). "Acho que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) não tem como aprovar essa operação", completou. Viegas disse que não há como evitar o fechamento de unidades e lembrou ter alertado o Cade, na compra dos ativos da Cargill pela própria Citrosuco, em 2004, sobre essa possibilidade na unidade de Bebedouro (SP), o que ocorreu no ano passado.

Já Marco Antonio Martins, diretor da mesa de citros da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), disse lamentar a operação e admitiu que a fusão das companhias não dará opção aos produtores. "A operação vai diminuir o poder de negociação do produtor, ampliar o controle das empresas sobre o suco e sobre a fruta, por isso lamentamos", disse. "Mas é uma estratégia das empresas sobre a qual não podemos fazer muita coisa", completou.

Com a fusão, as empresas terão, além das duas unidades em Matão, a de Araras e a de Limeira, uma em Catanduva e a fechada em Bebedouro, todas no Estado de São Paulo. A nova empresa herdará ainda unidade em Lake Wales, na Flórida (EUA), da Citrosuco. O Grupo Fischer, dono da Citrosuco, produz ainda suco de laranja em Videira (SC) aproveitando a capacidade ociosa da unidade produtora de suco de maçã.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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