Paraná reduz área de plantio para trigo e milho nesta safra

Publicado em 24/05/2010 07:21
Duas das principais culturas agrícolas do Paraná, milho e trigo, terão suas áreas de plantio reduzidas nesta safra. Para o cereal, produtores vão cultivar 16% a menos, principalmente por causa da má comercialização, e perdas de safras em função do clima.

"O produtor está desestimulado devido à falta de liquidez no mercado e o mercado [de trigo] está abaixo do preço mínimo. Além disso, tivemos problemas com chuvas na época da colheita e ataque de fungos", disse Flávio Turra, gerente técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), que afirmou que pelo fato de as indústrias e moinhos adquirirem trigo de fora do País, os produtores perdem renda.

José Ronald Rocha, diretor executivo da Nutrimilho e vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Milho (Abimilho), contou que "o cenário atual é positivo para as indústrias, já que têm garantia de preços mínimos". Rocha acrescentou que o valor de R$ 2,52 no leilão de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) para o Paraná é o menor em virtude da logística. "O mecanismo é pensado pela proximidade dos portos. Por isso, o estado receberá um prêmio menor, pois o gasto com frete é baixo", explicou.

Turra reclamou da falta de mecanismos do governo e deu o exemplo do fim do ano passado e início deste. "Foi feito o Leilão de Escoamento de Produto [PEP], que ofertou 1, 45 milhão de toneladas de trigo. Mas, os prêmios estão atrasados, há demora na análise dos processos e muita burocracia para receber", afirmou Turra, acrescentando: "Se, no ano que vem, ainda houver dificuldades para a comercialização, nós poderemos ter mais uma redução no plantio do trigo".

Nesta safra, em que o plantio do trigo é de março até julho e a colheita se inicia em setembro, Turra estima que a produção do cereal, apesar de apresentar problemas, vai superar o ciclo passado: 2, 8 milhões de toneladas, contra 2,5 milhões de toneladas do ciclo passado - questões climáticas do último ano que prejudicaram a agricultura. A temporada 2009/2010 promete mais de 30 milhões toneladas de colheita de grãos, cerca de 21,50% da safra nacional, que é 146 milhões de toneladas.

O milho segue a mesma via que o trigo, embora em um ritmo mais lento. Otávio Canesin, do conselho diretor da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), destaca o câmbio desfavorável. "O milho vai pelo mesmo caminho. O custo de produção é mais elevado do que o da soja e o grau de investimento também é grande. Mas, a remuneração [do milho] vem sendo baixa", afirmou.

Segundo Canesin, é difícil precisar em quanto será a redução do milho. A estimativa para a safra 2009/2010 é de mais de 12 milhões de toneladas de milho, ante a temporada 2008/2009 com produção de 11 milhões. Para Turra, o ideal é de que o mercado interno consuma a próxima safra, para não exportar. A última exportação do Paraná ficou por volta das 700 mil toneladas embarcadas.

Soja

Outra mudança na cultura dos paranaenses é a substituição entre plantios. Por isso, segundo Glauber Silveira, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), haverá uma rotação de plantação do milho para a soja. "Uma alteração de 2% a 3% a mais para se produzir soja", disse. Silveira acrescentou que o plantio de soja no Paraná é compatível com o restante do País, e que, apesar do preço ruim da oleaginosa, não terá redução na plantação.

A exemplo do que disse Silveira, Canesin, que também é produtor, mudou a estratégia no plantio: "As áreas que eram para o milho de inverno terão redução. Vou plantar aveia e braquiária em função, também, da condição desfavorável de preço [do milho]". De acordo com a Secretaria de Agricultura do Paraná (Seab), a expectativa da safra 2009/2010 de soja ultrapassa as 13 milhões de toneladas, ante os 9 milhões de 2008/2009.

As estimativas dão conta que as regiões do norte e oeste do Paraná produzirão mais de 3 milhões de toneladas por hectare nesta safra. "O clima favorece o milho no inverno e, por isso, o desempenho é melhor", afirmou o gerente técnico da Ocepar. As culturas respondem a 25% e 23% da produção total do estado.

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Fonte:
DCI

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