CRISE EURO: Desvalorização pode afetar exportações à Europa, mas produtores só devem sentir impacto na próxima safra

Publicado em 24/05/2010 14:10 e atualizado em 24/05/2010 15:26

A crise européia vem gerando impactos no mundo todo. A China já informou que a desvalorização do euro sobre o iuane (moeda local) vai prejudicar a exportação de carne. “O iuane subiu notavelmente em relação ao euro e esta apreciação vai prejudicar as exportações chinesas. Isto aumentará a pressão nos custos aos exportadores chineses e também terá um impacto negativo nas exportações da China aos países europeus", declarou Yao Jian, porta-voz do Ministério de Comércio chinês. A União Europeia é o principal destino das exportações chinesas, à frente dos Estados Unidos e Japão.

No Brasil, essa queda na moeda européia não deve afetar diretamente o setor agropecuário no que diz respeito às comercializações, pois as commodities flutuam de acordo com o dólar. “Para o setor agrícola isso não será um empecilho. Nossa relação exportadora é ligada ao dólar, enquanto ele estiver valorizado os produtores não terão problemas” afirmou Guilherme Dias, economista e professor da USP (Universidade de São Paulo).

Porém, para o setor industrial, principalmente aqueles com exportações exclusivamente para a União Europeia as negociações podem ficar mais lentas, pois o alongamento da crise tende a conter as importações européias. “Certamente a área da indústria pode sofrer mais com essa desvalorização do euro” afirma Guilherme.

No caso da indústria de citrus, essa queda no consumo será sentida na próxima safra, diz Christian Lohbauer Presidente Executivo da Citrus BR. “Até o momento não houve redução, mas isso demora uns 6 meses para ser sentido, só saberemos o impacto na próxima safra”.

Para o economista Alcides Leite, o equilíbrio para essas indústrias estará num mercado interno aquecido. “É claro que elas trabalham com produtos de maior valor agregado, porém o mercado interno está em expansão e isso pode ser a saída para essas indústrias” afirma.

Apesar dessa possível saída, de acordo com Lohbauer, a indústria de laranja exporta 98% do que é produzido, sendo que dessa quantidade 70% é destinado à Europa, seguido por EUA com 20% e Japão com 3%.”Ou seja, se a União Europeia reduzir a importação do produto, e mantiver um estoque alto de laranja, não teremos para quem vender na próxima colheita”, afirma.

Leite acredita que essa crise no euro deve demorar a se equacionar, mas que os preços do Brasil são competitivos e não devem reduzir expressivamente as exportações. Para o produtor rural, de acordo com Cristian a caixa ficou na média de R$14, R$15, bem acima dos R$ 4 pagos em 2009.

A América Latina registrou em 2009 um superávit de 8,5 bilhões de euros (10,5 bilhões de dólares) em suas transações com a União Europeia, revertendo a tendência de 2000, segundo dados da agência Eurostat, que indicam, além disso, que o Brasil é o principal sócio comercial dos 27 países do bloco, correspondendo com 34% do total importado pela Europa.

 

Flávia Previato

Fonte: Redação N.A.

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