Florestas recuperam solos degradados e geram renda em MS

Publicado em 25/05/2010 15:24
Florestas ajudam na recuperação dos solos e reduzem processos erosivos, de acordo com o consultor de sustentabilidade da Fibria e o presidente da Reflore/MS
Existe uma “lenda” que constantemente gera dúvida em vários produtores: o plantio de eucalipto (espécie florestal usada com mais intensidade na silvicultura) suga e seca a água do solo? Na opinião do presidente da Reflore/MS (Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas), Junior Ramires, felizmente não. E ele acrescenta mais: “as florestas ajudam ambientalmente a recuperar os solos e dão alternativas à produção”.

A árvore de eucalipto não suga a água do solo, o deixando sem umidade. “Se o plantio fosse tão agressivo, o local da plantação não seria fixo, afinal, depois da colheita o produtor teria que procurar outra área para plantar”, explica Ramires.

Na opinião de Giordano Bruno Automare, consultor de sustentabilidade da Fibria, maior empresa brasileira de celulose e papel e que possui uma unidade em Três Lagoas, as florestas causam impactos positivos ao meio ambiente através de grandes ganhos no manejo das paisagens, conservação de recursos hídricos e redução de processos erosivos. Ele frisa que qualquer floresta consome mais água que uma pastagem, em contrapartida favorece o equilíbrio do sistema, afinal, cria condições de água no solo.

Mato Grosso do Sul, atualmente, tem disponível em todo o seu território uma das regiões do Brasil com maiores plantios florestais, localizada em partes da extensão entre Campo Grande e Três Lagoas. Essa área também é dedicada à pecuária, no entanto esse sistema, ao longo dos anos, se tornou ostensivo, principalmente nos cerrados, que foram convertidos em pastagens.

Grande parte dessas pastagens hoje se encontra em fase de degradação pelo fato de seus produtores não serem tão bem remunerados por essa pecuária e também por não conseguirem acompanhar os avanços da tecnologia no sentido de desenvolver melhor o seu rebanho ou até mesmo obter receita suficiente para recuperar os pastos. Resultado: grandes áreas degradadas com solos descobertos.

Nesse cenário improdutivo, a floresta apresenta duas propostas: alternativa econômica para a propriedade, gerando mais riquezas para o produtor e o estado e também como benfeitoria ambiental, pois cobre o solo com a atividade florestal, recuperando assim uma área degradada através de anos de pecuária extensiva.

A silvicultura, segundo Junior Ramires, é hoje uma das principais alternativas econômicas para Mato Grosso do Sul. O sistema é ambientalmente qualificado pelo simples fato de contribuir para a recuperação de solos.

Quando a pastagem está muito degradada, a água cai direto no solo e leva todo o material orgânico, resultando na criação de desertos e deixando a área sem perspectiva de produção. A partir do momento em que coberturas de árvores são plantadas, a pressão nesse mesmo solo diminui.

As florestas plantadas ainda têm uma missão muito especial: diminuir a pressão sobre as florestas nativas, fator que destaca seu grande papel ambiental na biodiversidade. Para cada hectare de floresta plantada de eucalipto, por exemplo, são conservados 10 hectares de floresta nativa.

Como no estado, a estimativa da Reflore/MS é de que uma área de 308 a 310 mil hectares esteja ocupada pelo plantio de florestas, seriam necessários 3 milhões de hectares de floresta nativa para suprir essa necessidade em metros cúbicos de madeira, já que numa floresta plantada a produção de metro cúbico é maior.

Apoio - O apoio do governo do estado tem sido de fundamental importância para que o plantio de florestas apresente expansão. A cada dez hectares de florestas plantadas, há uma geração de emprego em toda a cadeia.

“É difícil esse setor não ir para frente, pois conta com vontade política, é interessante socialmente e economicamente, além de o ambiente ser positivo”, analisa Ramires.

Um bom exemplo destacado pelo presidente da Reflore/MS está relacionado às carvoarias. Muitas são nômades e mudam de local com certa frequência, mas a partir do momento em que existem florestas plantadas, elas podem permanecer por muito tempo no mesmo lugar, sem devastar a natureza.

Investimento - Hoje, para um produtor plantar florestas é necessário que invista de R$ 4 a R$ 5 mil reais na produção, que pode ser colhida a partir do sexto ou sétimo anos. Grande parte desse investimento é feito nos primeiros anos, justamente porque é o período em que os produtores realizam as maiores adubações e trabalham na manutenção do sistema de seus plantios.

É preciso que os produtores estejam cientes de que a receita só virá quando a madeira estiver pronta para ser comercializada. Talvez, uma das principais vantagens do plantio das florestas é que elas não têm prazo ou um momento específico para serem colhidas. Elas funcionam como uma conta matemática, em que se pega o volume de madeira da produção, multiplica pelo preço do mercado que o produtor conseguirá vender, resultando no lucro que ele vai ter: se as contas forem positivas, daí é hora de cortar.

Se houver um ganho na produção, resultante de investimentos, tecnologia e técnicas adequadas, acarretando uma maior produção de madeira, de repente o período para o corte pode ser antecipado para seis anos. Agora, se a madeira for comercializada para usos alternativos como móveis, cercas, postes, entre outras possibilidades que darão rentabilidade maior à produção, é o momento do produtor esperar mais um tempo até porque esse tipo de mercado é um pouco mais restrito e menor.

Isso vai depender muito da escala produtiva, pois se for pequena, entre 5 a 15 hectares, o mais recomendável é que a madeira seja comercializada para fins mais nobres, em virtude do nicho de mercado. Agora, se o produtor plantar floresta numa área com 500 mil hectares, a comercialização do produto pode ser ampliada a mercados de commodities, no caso o carvão vegetal, a lenha e a celulose.

Com a expansão da atividade siderúrgica no estado, o sistema florestal é uma opção de renda em longo prazo para o produtor. Mas também deve ser levada em conta a questão de que as florestas podem gerar outras oportunidades econômicas, afinal, o mercado da madeira apresenta um leque variado de opções comerciais.

Ranking - Em relação a áreas plantadas, Mato Grosso do Sul hoje está em sétimo lugar dentre os estados com maior número de florestas plantadas em seu território. Se apenas o eucalipto for considerado, o estado sobe para a quarta posição e já desponta no país como um grande produtor.

Num cenário bastante otimista, a Reflore/MS considera que o estado atualmente figura como grande “player” do setor florestal. E o mais interessante é que o plantio de florestas cresce de forma ordenada.

O esquema de plantio de florestas é mais controlado, por exemplo, do que uma produção de soja. Para plantar madeira, é fator obrigatório que o produtor peça autorização ou pelo menos informe determinados órgãos ambientais.

Caso haja comprometimento entre produtor e legislação ambiental para o plantio de floresta, é certo que a área em questão passará por uma revitalização natural e ambientalmente positiva. Na dúvida em plantar, o primeiro passo é arriscar.
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Fonte:
Campo Grande News

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