Resto de couro pode "alimentar" fábricas

Publicado em 31/05/2010 07:33
UFSCar juntou os resíduos do material a um tipo de plástico com o objetivo de desenvolver partes de sapatos. Além de evitar danos ambientais, estudo visa cortar gastos, já que remover sobra de couro pode custar até R$ 450.
De ameaça ambiental e peso financeiro, os restos de couro gerados em curtumes e fábricas de sapatos da região de Ribeirão Preto podem passar a servir de "alimento" para o próprio setor calçadista.

A transformação do problema em solução foi construída no departamento de engenharia de materiais da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), que juntou os resíduos do couro a um tipo de plástico para desenvolver partes de sapatos.

A pesquisa teve início em 2007 com o objetivo de minimizar problemas com a destinação de subprodutos do couro de boi, segundo o gerente do Centro de Caracterização e Desenvolvimento de Materiais da UFSCar, José Donato Ambrósio.

Para servir de matéria-prima, o couro de boi tem de passar por diversos processos químicos. Um deles é a aplicação de cromo que, em condições normais, não oferece riscos à saúde e ao ambiente. Em contato com umidade, radiação solar e outras condições de exposição, porém, o material pode ser cancerígenos.

A ameaça ambiental trouxe a consequência econômica: como não pode ser jogado em qualquer lugar, as empresas pagam pela destinação dos resíduos. Em Jaú, um dos maiores polos calçadistas do Estado, remover cada tonelada de sobras de couro até um aterro em Paulínia custa cerca de R$ 450.

Já em Franca, o material é depositado num aterro local. Ainda assim, a remoção para essa área custa até R$ 120.

O químico responsável do curtume Quimifran, em Franca, Maurício Silveira, disse que achar uma solução para esse resto do couro pode ajudar a diminuir o custo dos calçados, mas o maior benefício é ambiental.

Atualmente, Franca acumula cerca de cem toneladas por dia de sobras de couro. Bocaina, que também abriga curtumes e fábricas, gera mais 60 toneladas.

Para reduzir custos e tentar não agredir o ambiente, a empresária Rosa Maria Boza Hernandez, da Daleph, aderiu ao projeto de reciclagem da UFSCar. Além de sua empresa, outras três de Jaú, incluindo um curtume, participaram da pesquisa e compartilharão a patente.

Em Franca, o Sindifranca (Sindicato da Indústria de Calçados de Franca) irá apresentar nas próximas semanas um projeto, desenvolvido em parceria com a USP, para também reciclar os restos de couro. Ele é mantido em sigilo pela entidade.

Fonte: Folha de São Paulo

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