Serra ataca programa de governo que Dilma havia assinado

Publicado em 07/07/2010 10:43
Dilma foi cobrada sobre documento entregue ao TSE e se defendeu argumentando que não concorda com posições radicais expressas no texto sobre controle da mídia, aborto e invasão de terras


A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, assinou e rubricou todas as 19 páginas do programa radical de governo apresentado pelo partido, na segunda-feira, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - no que foi acompanhada pelo presidente da legenda, José Eduardo Dutra.

A atitude, seguida de um recuo e da entrega de novo texto horas depois, foi ironizada ontem, no primeiro dia de campanha presidencial, por seu rival tucano José Serra. "Lendo o segundo, é um remendo malfeito", disse ele, durante caminhada pelas ruas centrais de Curitiba, ao lado do candidato do PSDB ao governo paranaense, Beto Richa.

Segundo Serra, as diretrizes do programa de governo são "a alma" do que se quer - e alguns pontos que constavam da primeira versão da equipe de Dilma são o que o PT realmente defende, "como a facilitação de invasão de terras". Ele citou, ainda, o controle da imprensa. "É tema em que a gente sabe o que eles pensam. Sempre que podem, isso é dito, depois eles vêm e corrigem." O que os adversários mostram, acrescentou, "não são duas caras, são várias caras". E acrescentou: "Nós temos uma só cara, a minha cara." Garantiu, em seguida, que as diretrizes de seu programa foram "minuciosamente escritas".

Contra-ataque. Em Porto Alegre, também fazendo caminhada pelas ruas centrais - ao lado do candidato petista ao governo do Rio Grande do Sul, Tarso Genro - Dilma foi cobrada pelo episódio e se defendeu. "Nós não concordamos com a posição expressa (sobre controle da mídia, aborto e invasão de terras)", afirmou. "Tem coisas do PT com as quais concordamos, coisas com as quais não concordamos, e assim nos outros partidos também."

Ela também foi ao ataque contra o rival tucano, ironizando suas promessas de manter os programas sociais do governo Lula. "Faz parte de nossa estratégia o que muitos definem como apenas uma tática eleitoral, que é a questão social", disse. O discurso de Serra, prosseguiu, é que pode ser "um artefato eleitoral a ser abandonado na primeira oportunidade".

Nesse bate-boca, que esquentou a campanha logo no início, Serra também cobrou a ausência da rival petista em debates. "Parece que a candidata Dilma não sabe por que quer ser presidente", provocou. Segundo ele, Dilma "está chegando a um exagero em matéria de omissão", o que "não é bom para o Brasil, para os eleitores".

Coincidência ou não, Dilma respondeu no Sul. "Eu quero ser presidente para continuar mudando o País, fazendo com que não só cresça economicamente, mas também do ponto de vista de milhões de brasileiros", disse. Seu objetivo, afirmou, é levar o País progressivamente a ter uma sociedade "no mínimo" de classe média.

Dilma recusou-se a associar a escolha de Porto Alegre para iniciar a campanha ao fato de estar em desvantagem nas pesquisas no Rio Grande do Sul (onde tem 32%, segundo o Ibope, ante 50% de Serra). "Eu tenho uma filha aqui e uma neta para nascer. Virei tantas vezes quanto puder." Serra disse que Curitiba "é a média nacional", para elogiar: "Uma cidade da qual eu gosto, é arrumada." Comentou ainda que "foi uma pena" o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) não ser seu vice.

DILMA TERIA FICADO BRAVA COM O ERRO!!!

Leiam trecho de reportagem de João Domingos, no Estadão:


De acordo com informações do PT e da assessoria da candidata Dilma Rousseff, tanto ela quanto o presidente do partido e coordenador de sua campanha, José Eduardo Dutra, assinaram a versão radical de programa de governo entregue ao TSE na segunda-feira sem ler nem sequer uma linha do que estava escrito. Na versão da campanha, a displicência teria ocorrido por causa da pressa da candidata em assinar “pacotes de papéis” sobre a inscrição da chapa na Justiça Eleitoral antes de embarcar para São Paulo.

Na correria, em vez de fazer cópia do esboço do programa de governo - mostrada ao Estado, no domingo -, a equipe de Dilma entregou a ela e a Dutra a resolução sobre as diretrizes do 4.º Congresso do PT, realizado em fevereiro. A resolução continha teses radicais, entre elas uma que abria brecha para a interpretação de uma suposta defesa da legalização do aborto, e outra já superada - a que propõe a criação de um vale-cultura aprovado pela Câmara e pelo Senado e dependente apenas de ajustes de texto para virar lei.

Dilma e Dutra rubricaram todas as 19 páginas do programa radical. As propostas incluíam idéias como o controle social da mídia, a taxação de grandes fortunas e a revogação do dispositivo que torna áreas invadidas indisponíveis para a reforma agrária.

“Sabotagem”
Dentro da campanha da petista chegou a haver a desconfiança de que algum petista ligado às alas radicais poderia ter sabotado as cópias e trocado a do esboço do programa - que ainda receberá emendas do PMDB e dos demais oito partidos aliados - pela das resoluções do 4.º Congresso.

(…)
Quem descobriu foi o secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR). “Por volta de 15h30 recebi uma ligação que indagava sobre algo que eu não sabia responder. Fui à página do TSE verificar o que estava ocorrendo e percebi a troca dos programas. Foi uma terrível falha nossa, que certamente vai nos dar dor de cabeça por uns dias, talvez semanas.”
(…)
O documento foi assinado e rubricado pelos advogados Sidney e Mariana Azevedo Reis de Toledo. “Eles são procuradores do PT e podem assinar pelo partido”, afirmou Cardozo, que viajara com Dilma para São Paulo e ontem estava em Porto Alegre.

Mesmo tendo rubricado a documentação radical, Dilma quase teve um ataque ao saber o que estava acontecendo. De acordo com informação de petistas, enfurecida, a candidata chegou a afirmar que alguém do partido deveria estar sabotando a campanha, visto que o documento com as propostas polêmicas apresentado ao TSE era exclusivo do PT.

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Fonte:
O Estado de S. Paulo

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