O terreno é fértil - Oportunidades de trabalho qualificado estão no agronegócio

Publicado em 08/08/2010 09:25
Pesquisa mostra as áreas onde há maior carência de profissionais qualificados na Região Centro-Oeste. Muitas das oportunidades estão no agronegócio
Quem busca uma vaga de emprego e pensa que as boas chances estão apenas no Sudeste está enganado. Se áreas como a construção civil, o agronegócio e a tecnologia da informação são algumas que despertam o seu interesse, a boa notícia é que não é preciso ficar longe de casa. Motivado pelo bom período econômico, cada vez mais empresas investem e se fixam no Centro-Oeste. O crescimento, além de favorecer a economia, gera empregos. Mas esbarra na falta de profissionais qualificados.

Segundo pesquisa feita pela Fundação Dom Cabral (FDC), 67% das companhias da região passam por esse problema. Paulo Resende, coordenador do núcleo de logística e de infraestrutura da FDC, aponta três motivos para a escassez de funcionários. O primeiro deles é a falta de harmonia entre a formação e o mercado. Para ele, as instituições de ensino ainda formam profissionais em áreas tradicionais. "A dinâmica das funções atribuídas pelas empresas muitas vezes não é compreendida pelas universidades", explica.

O segundo fator é a falta de mão de obra técnica. "As pessoas estão cada vez mais preocupadas em buscar uma graduação, o que cria uma falta de profissionais para esse tipo de atividade", avalia o coordenador. Por fim, segundo Paulo Resende, há uma concentração de profissionais em determinadas regiões do país, gerando um deficit naquelas tidas como menos promissoras.

A pesquisa da FDC, feita com 76 empresas, também mostra que 88% das companhias do Centro-Oeste aumentaram o investimento em 2009 e retomaram neste ano. "O Brasil superou a crise sem grandes perdas. O país, diferentemente dos Estados Unidos, que tiveram que dispensar funcionários, apenas diminuiu o ritmo dentro das empresas", compara Paulo Resende.

Apesar de apenas 4% das empresas do país estarem no Centro-Oeste, as chances de emprego não são pequenas. E as boas vagas estão em setores como o agronegócio. Nessa área, a região é a que mais cresce no Brasil. Segundo dados da COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB), entre a safra de grãos de 1998/1999 e a de 2008/2009, a produção na região cresceu 104%. No mesmo período, a média brasileira foi de 62,7%.

Com mais de 10 mil produtores e empresas de agronegócio, o Distrito Federal (DF) apresenta grande escala de produção em cultivos de grãos, hortaliças e frutas, e também tem colaborado com a oferta de emprego. A mão de obra mais solicitada, segundo a pesquisa da FDC, é a de operador de máquinas agrícolas. A procura é tanta que o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/DF) costuma oferecer cursos gratuitos nessa área toda semana.

Superintendente do Senar/DF, Mansueto Lunardi explica que a procura pelo curso só aumenta. "Por meio do treinamento prático, é possível trabalhar com diversas máquinas e conseguir uma boa colocação profissional", informa. Neste ano, já foram capacitadas mais de 60 pessoas. E só fica sem emprego quem quer. Segundo Mansueto, no fim do curso, os alunos recebem um certificado com valor nacional. "Eles podem trabalhar em qualquer região do país, em grande empresas ou para os produtores", explica. Em períodos de plantio e colheita, a oferta de emprego aumenta.

Máquinas modernas

Com salários que variam de R$ 600 até R$ 3 mil, a agricultura atrai os olhos de trabalhadores como Juvenildo Alves dos Santos, 25 anos. "É uma boa oportunidade para conseguir um trabalho e melhorar a renda familiar", diz. Diante da possibilidade de manusear máquinas de última geração, que chegam a custar R$ 200 mil, o trabalhador conta que vai se esforçar para aprender a operar esse tipo de equipamento e garantir uma chance no mercado de trabalho.

O produtor de café e milho João Sampaio entende a dificuldade dos agricultores. "A falta de mão de obra capacitada causa prejuízos para a produção e gera custos elevados com a manutenção das máquinas", avalia. Segundo o produtor do Núcleo Rural Café sem Troco, no Paranoá, os equipamentos estão tão modernos que conhecimentos em informática e em inglês são obrigatórios para manuseá-los. Mansueto diz que muitas empresas da região estão com máquinas paradas por falta de profissionais certificados.

Mas para quem busca uma chance fora do DF, a dica do superintendente é ficar de olho em Lucas do Rio Verde (MT) e Rio Verde (GO). Ambas as cidades são destaque no agronegócio e sede das maiores empresas brasileiras e mundiais do setor, como a Brasil Foods, o Grupo Maggi e a cooperativa Comigo.

Procuram-se

Confira as áreas com escassez de profissionais, segundo pesquisa feita pela Fundação Dom Cabral

Operação

Operadores de máquinas agrícolas, de equipamentos de armazenagem, técnicos em linhas de produção e mestres de obra

Analistas

Traders, analistas de logística, analistas de vendas e analistas de meio ambiente

Outros

Pessoal ligado à operação com baixa qualificação técnica: pedreiros, pintores de parede e atendentes de telemarketing

Entre as 10 mais

Brasília é a oitava melhor cidade para fazer carreira no Brasil. Oportunidades são para profissionais de nível superior em áreas como logística, vendas e tecnologia da informação

Em seus 50 anos, Brasília já mostra que tem potencial quando o assunto é emprego. É o que revela uma pesquisa que listou as 100 melhores cidades para fazer carreira no Brasil, feita pela revista Você S/A (veja quadro). A capital do país é a oitava classificada no ranking nacional e a primeira no Centro-Oeste. Outro levantamento, feito pela Fundação Dom Cabral com 76 empresas, aponta os caminhos para o sucesso na região. Com o objetivo de reduzir custos e aumentar os lucros, o setor privado destaca-se principalmente pela oferta de vagas em três áreas: logística, meio ambiente e vendas.

Jair Barbosa Furtado, 40 anos, encontrou no setor privado brasiliense uma oportunidade de criar uma carreira de sucesso. Com mais de 15 anos de experiência em uma multinacional do agronegócio, o profissional decidiu trocar de ramo. Mudou-se para a logística e, há um ano, virou gerente da área na Leroy Merlin. "O mercado de Brasília está bem aquecido. Nos últimos anos, o profissional passou a ser mais valorizado, o que traz importantes resultados para as empresas em valores financeiros", avalia.

De acordo com Jair, todas as empresas já falam em logística. "Os analistas trabalham com gestão e resultados". Para atuar na área, o administrador buscou cursos dentro das empresas onde atuou. "Essas especializações mais rápidas são focadas nas necessidades do contratante, mas já existem cursos superiores que mostram o tema de um jeito mais macro", explica.

Para Mauro Henrique Pereira, membro do conselho deliberativo da Associação Brasileira de Logística (Aslog), as boas ofertas de emprego na área são uma resposta ao crescimento econômico do país. "Com a necessidade de redução de custos em sua cadeia de suprimentos, as indústrias passaram a investir mais. Esse aumento da demanda tem revelado lacunas de profissionais do setor em todos os níveis", diz. Entre as atividades do analista de logística estão o planejamento de compras e insumos, a movimentação de produtos, a recepção e o depósito de mercadoria, e a gestão de estoques.

Meio ambiente

Cientes da importância de trabalhar de forma sustentável, as empresas do Centro-Oeste também contratam cada vez mais os analistas ambientais, atividade que pode ser exercida por profissionais de diversas formações. De acordo com Léo Urbini, presidente da Associação Nacional dos Gestores Ambientais (Anagea), o analista pode ser graduado em engenharia, gestão ambiental e até mesmo em direito. "Mas esse profissionais precisam de uma especialização para exercer a atividade com uma qualidade maior", alerta.

Léo explica que a principal função dos analistas é trazer benefícios para as empresas por meio de ações de redução de custos que não agridam o meio ambiente. "A alta na economia pode acabar esgotando os recursos naturais. O analista ajuda a evitar essa degradação", explica. Atualmente, as empresas privadas são as que mais oferecem oportunidades para esse tipo de profissional, que podem ganhar em torno de R$ 4 mil pelo conhecimento específico.

No caso do comércio, o analista em destaque é o de vendas. Focado na parte administrativa, esse profissional atua em departamentos como o de contas a receber, o de custo e o de produtividade de vendas mensais. "É um profissional que analisa e interpreta o desempenho das vendas na empresa", explica Diego Maia, diretor-presidente do Centro de Desenvolvimento do Profissional de Vendas, no Rio de Janeiro.

TI

O desempenho de Brasília no ranking das melhores cidades para fazer carreira deve-se muito ao setor de tecnologia da informação (TI). São mais de 850 companhias na área. Juntas, elas empregam 28 mil pessoas. Com a criação do Parque Tecnológico Cidade Digital, espera-se que mais 8 mil postos de trabalho sejam criados.

Consultor em TI, Alexandre Ayres considera a capital do país um forte polo nacional na área. "O maior cliente desse serviço é o governo e seus apêndices, como as autarquias", explica. O diretor da Neocom Informação Aplicada acredita que a cidade já está formando bons profissionais na área. "A tecnologia é uma ótima saída para desenvolver soluções para as empresas". De acordo com Alexandre, as oportunidades têm atraído até pessoas de fora do Brasil para Brasília. "Já conheci profissionais que trocaram a Argentina para trabalhar na cidade", conta.

Ranking

NACIONAL

1º - São Paulo

2º - Rio de Janeiro

3° - Vitória (ES)

4º - Barueri (SP)

5º - São Caetano do Sul (CP)

6º - Belo Horizonte (MG)

7º - Porto Alegre (RS)

8º - Brasília

9º - Macaé (RJ)

10 - Curitiba (PR)x

CENTRO-OESTE

1° - Brasília (DF)

2° - Goiânia (GO)

3° - Cuiabá (MT)

4° - Campo Grande (MS)

5° - Dourados (MS)

6° - Anápolis (GO)

7° - Rondonópolis (MT)

Fonte: Você S/A

Vagas também na construção

Nos canteiros de obra de Brasília, além de cimento e tijolos, existe uma pilha de oportunidades de empregos. Mesmo com a redução de 0,5% nas ofertas de vagas, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos (Dieese), em junho deste ano, 65 mil pessoas estavam empregadas no Distrito Federal na área.

No segundo lugar do ranking do mercado imobiliário nacional, atrás apenas de São Paulo, a cidade tem ofertas em vários funções: de engenheiro a pintor de parede. Por conta disso, as construtoras precisam aumentar salários e investir em qualificação para manter a estabilidade de suas equipes.

Segundo Lander Cabral, diretor técnico da construtora Villela e Carvalho, as oportunidades existem para todas as áreas, mas o destaque está em atividades como carpinteiro, mestre de obra e técnico de edificações. Ele explica que os salários variam de R$ 900 a R$ 6 mil. "Mesmo com o número grande de oferta, é importante que as construtoras fiquem de olho nas qualificações e no histórico de trabalho do profissional", recomenda.

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Fonte:
Correio Braziliense

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