Exportação de máquinas ainda deixa a desejar

Publicado em 17/08/2010 08:51
A recuperação da economia mundial após a crise financeira do fim de 2008 já provoca uma reação positiva para a indústria de máquinas agrícolas instalada no Brasil. Além do aumento das vendas internas, influenciado por planos de incentivo do governo federal e de alguns Estados, as vendas externas de tratores e colheitadeiras também dão sinais de retomada.

De janeiro a julho de 2010 foram exportadas 9.672 unidades, desempenho 17,6% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Apenas no mês passado foram embarcadas 1.626 unidades, volume 50,5% superior a julho de 2009.

A recuperação das vendas externas, no entanto, não é encarada pelas montadoras instaladas no país como um fato a ser comemorado. As empresas alegam que o atual desempenho ocorre sobre uma base muito pequena, uma vez que no acumulado de 2009 as vendas externas registraram uma retração de 51% em comparação a 2008, ano visto como um dos melhores pelas montadoras de máquinas agrícolas.

Em 2008, o mercado interno representou 65% das vendas da indústria nacional, ficando as exportações com 35%. Com a crise, a demanda externa recuou. O governo socorreu o setor e concedeu estímulos, o que elevou a procura doméstica. Nesse cenário, o mercado interno representou no ano passado 85% das vendas da indústria, deixando apenas 15% para as exportações.

"Os países da América do Sul estão em recuperação. As vendas para a região estão crescendo, mas ainda longe das exportações feitas pelo setor em 2008", afirma Fabio Piltcher, diretor de marketing para América do Sul da americana AGCO, dona das marcas Massey Ferguson e Valtra e líder de exportações no Brasil.

A recuperação, contudo, esconde uma fraqueza brasileira: a indústria nacional de máquinas já não é mais tão competitiva como antes. A mão-de-obra já não é mais tão barata e o câmbio já não oferece uma vantagem competitiva. Mesmo para a América Latina, o Brasil não tem mais a exclusividade no abastecimento dos países da região e é possível identificar a presença de máquinas agrícolas vindas de países como Índia, México e Turquia.

"Nos últimos dois anos, apareceram no mercado internacional fontes mais competitivas que o Brasil e já percebemos uma migração dos importadores para essas fontes. Na América do Sul o volume ainda não é representativo, mas podemos dizer que isso é uma tendência no médio e longo prazo que precisa ser melhor estudada", afirma Piltcher. Em recente entrevista ao Valor, André Carioba, vice-presidente sênior da AGCO para a América do Sul reconheceu que a empresa já havia importado tratores da Índia e que adotaria a mesma estratégia para outros países.

Mesmo preocupadas com o futuro das exportações, a italiana CNH - dona das marcas Case e New Holland - sentiu perdas de competitividade nas exportações para outros continentes. Mesmo assim, o grupo se mostra otimista com a velocidade da recuperação econômica de países da África e Ásia e espera que o ritmo de crescimento ocorra de forma superior ao observado na Europa e EUA.

"A América Latina é o nosso mercado e vamos continuar atendendo mesmo com um câmbio pouco favorável. Acredito que o Brasil tenha condições de voltar a ser um importante exportador de máquinas e em 2012 esperamos que o patamar de exportação volte para aquele registrado em 2008", diz Francesco Pallaro, vice-presidente comercial para América Latina da CNH.

Encarada pelo mercado como uma das empresas que menos tiveram perdas nas exportações nos últimos anos, a americana John Deere considera que as vendas externas deste ano estão em um ritmo favorável. "Estamos registrando vendas para toda América Latina e também países da África e do Oriente Médio. Essas duas últimas regiões têm grande potencial agrícola e estão aumentando a estabilidade política e econômica", afirma Alfredo Miguel Neto, diretor de assuntos corporativos da John Deere.

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Fonte:
Valor Econômico

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