"Agroinflação" volta a preocupar. Trigo puxa alta dos preços
Conforme já informou o Valor, tal pressão também ocorrerá no mercado doméstico. No caso do trigo, por exemplo, os efeitos já são concretos. Segundo a Associação Nacional das Indústrias de Biscoitos (Anib), com o aumento de insumos e serviços será necessário um reajuste de até 9% nos preços de biscoitos e massas. Nas contas da entidade, apenas a farinha de trigo especial, usadas em massas frescas, já subiu 30%.
No segmento de carnes, previu a Brasil Foods na terça-feira, os custos dos grãos que compõem as rações demandas pela companhia deverão subir de 5% a 7% até o fim do ano.
Como o movimento não é só brasileiro, o índice de preços de alimentos da FAO não deverá ficar imune às valorizações dos produtos do agronegócio. Em agosto, o índice subiu 5% e alcançou o nível mais elevado desde setembro de 2008, embora ainda inferior em 38% ao recorde histórico, de junho daquele ano. Ainda que a "estrela" do aumento tenha sido o trigo, açúcar e oleaginosas - soja entre elas - também foram lembrados como produtos que levaram ao resultado apurado.
Conforme a FAO, a produção global de cereais foi revista para baixo e deverá atingir 2,238 bilhões de toneladas, 41 milhões a menos do que as projeções de junho. A redução se deve essencialmente à quebra do trigo na Rússia, ainda que haja melhoras nos EUA e na China. Os estoques de trigo também vão diminuir 9%, passando a 181 milhões de toneladas.