Lula intercede para blindar Dilma de escândalo na Casa Civil
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, participam da cerimônia de assinatura do contrato de concessão da Usina Hidrelétrica Belo Monte, em 26 de agosto de 2010 (Sérgio Lima/Folhapress)
Após o encontro com Lula, Erenice divulgou nota no site da Presidência da República com ataques a Serra, chamando-o de 'candidato derrotado'
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu agir para evitar que o escândalo envolvendo a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, prejudique sua candidata à Presidência, Dilma Rousseff.
Além de ordenar à Esplanada que providenciasse respostas sobre as irregularidades na Receita e na Casa Civil o mais rápido possível, Lula optou por dar à repercussão do escândalo um ar meramente eleitoreiro, atacando o candidato tucano José Serra. Conforme reportagem publicada nesta quarta-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo, partiu do presidente a tentativa de classificar a oposição como a culpada pela repercussão que o caso ganhou.
Em sua edição desta semana, VEJA traz à tona o esquema de aparelhamento do estado montado sob a supervisão de Erenice. Com a anuência da mãe, o filho da ministra, Israel Guerra, transformou-se em lobista em Brasília, intermediando contratos milionários entre empresários e órgãos do governo, mediante o pagamento de uma "taxa de sucesso".
Temendo que a revelação de que Erenice, sucessora de Dilma no cargo, praticava tráfico de influência na Casa Civil resulte em perda de votos para a candidata petista, Lula reuniu vários ministros na manhã de terça-feira para discutir o impacto do escândalo. O presidente escalou o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, para dar explicações sobre o caso. Em entrevista concedida à tarde, Barreto disse que a Polícia Federal irá investigar o escândalo, mas que Erenice não será ouvida e nem é suspeita de envolvimento no caso.
Após o encontro com Lula, Erenice divulgou nota no site da Presidência da República com ataques a Serra. A ministra classifica a repercussão do escândalo como uma campanha a favor "de um candidato aético e já derrotado, em tentativa desesperada da criação de um 'fato novo' que anime aqueles a quem o povo brasileiro tem rejeitado".
Até Dilma mudou de atitude após a interferência de Lula. A candidata, que no domingo se recusou a dizer se punha ou não a mão no fogo por Erenice e pediu investigações rigorosas sobre o caso, concedeu coletiva na tarde de terça para sair em defesa de seu braço-direito. “Tenho certeza de que a ministra Erenice, pelo o que eu conheço dela, se emprenhará nesta apuração”, declarou. “Eu não me sinto atingida por essa denúncia. Eu acho essa denúncia mais um factoide”, completou Dilma.