Presidente dos Correios anuncia demissão de diretor de operações

Publicado em 19/09/2010 18:53
Documentos revelaram que o coronel Artur Rodrigues envolveu-se pessoalmente no esquema montado para viabilizar a MTA no Brasil


Pivô do escândalo que derrubou Erenice do cargo de ministra da Casa Civil, a companhia aérea MTA é controlada do exterior através de empresas de fachada

O diretor de Operações dos Correios, coronel Eduardo Artur Rodrigues, vai deixar o cargo nesta segunda-feira. A informação foi dada pelo presidente da estatal, David José de Matos. "Ele (coronel) está tomando essa decisão por conta própria, por pressão da família, que está sofrendo muito com isso. Ele está arrasado, falou comigo que estava falando a verdade e sendo tratado como um bandido", disse David Matos, em Brasília. "Foi uma decisão dele. Não há demissão por parte dos Correios. Nos Correios, não há nada contra ele."

Artur Rodrigues, que assumiu o cargo em 2 de agosto numa "reformulação administrativa" comandada pela ex-ministra-chefe da Casa Civil Erenice Guerra, é testa de ferro do empresário argentino Alfonso Conrado Rey, que vive em Miami. Rey é o dono da empresa Master Top Linhas Aéreas (MTA), que ganhou as manchetes nas últimas semanas, após reportagem publicada em VEJA da semana passada sobre o tráfico de influência de Israel Guerra, filho de Erenice, a seu favor. O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso a documentos da Justiça, do Banco Central e da própria MTA que comprovam que a MTA pertence, na realidade, ao argentino.

Ex-coronel da Aeronáutica, Artur faz parte de um grupo de executivos e advogados que têm uma rede de empresas de fachada espalhadas pelo Uruguai, Estados Unidos e Brasil. Esse grupo movimenta dinheiro para um casal de laranjas brasileiros, como provam documentos do Banco Central. Eles também trabalham para fazer da MTA o embrião da empresa de logística e carga aérea que o governo Lula promete criar após as eleições. O negócio atiça os empresários porque os Correios pretendem comprar dessas empresas aéreas os aviões da nova estatal.

Até pouco antes de assumir o cargo nos Correios, o coronel Artur dirigia a MTA no país. A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo destaca o papel duplo exercido por Artur e ajuda a entender como a empresa já abocanhou 60 milhões de reais em contratos públicos. A MTA foi o pivô da queda de Erenice da Casa Civil, na quinta-feira. A ex-ministra deixou o governo depois de VEJA ter revelado que seu filho Israel Guerra intermediou junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a devolução da certificação de voo da MTA, que fora suspensa.

Os documentos mostram que o coronel Artur se envolveu pessoalmente no esquema montado para viabilizar a MTA no Brasil com recursos externos e driblar a legislação, que é clara: o capital estrangeiro não pode superar 20% em empresas aéreas. Por isso, foi criada, de 2005 para cá, a rede com pelo menos seis empresas de fachada com sede em apenas dois endereços: em Campinas e em Montevidéu, no Uruguai. Em outra ponta, sustentam o esquema empresas com sede nos EUA, ligadas a Rey. O empresário, que foi a Brasília para prestigiar a posse do coronel Artur nos Correios, é dono do grupo americano Centurion Cargo, que movimenta o dinheiro e fornece os aviões da MTA.

(com Agência Estado)

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Fonte:
Veja e Estadão

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