Envolvido no caso Erenice, diretor dos Correios apresenta carta de demissão
O coronel Eduardo Artur Rodrigues Silva apresentou nesta segunda-feira sua carta de demissão do cargo de diretor de Operações dos Correios.
Silva tinha ligações com a empresa Master Top Linhas Aéreas (MTA), pivô da crise que derrubou a ex-ministra Erenice Guerra, e estaria atuando para transformar a MTA na empresa de carga aérea oficial dos Correios após as eleições. Ele seria ainda o testa de ferro do empresário argentino Alfonso Rey, dono da MTA.
A carta foi apresentada ao presidente dos Correios, David José de Mattos, que deverá levá-la ao ministro das Comunicações, José Artur Filardi, a quem a ECT (Empresa de Correios e Telégrafos) é subordinada.
O coronel presidiu a empresa até assumir a diretoria da estatal.
"Peço demissão porque não aguento mais tanta pressão, tanta mentira. Tudo isso está destruindo minha vida e minha família", afirmou Silva ontem.
Ele admitiu conhecer o empresário argentino, mas negou qualquer irregularidade. "Quero que mostrem provas, estou pronto para responder a qualquer investigação."
ORIGEM
A crise na Casa Civil começou com uma negociação envolvendo a MTA (Master Top Airlines) e os Correios. Os planos envolviam a compra da empresa aérea pela estatal.
Isso seria possível com a edição de uma medida provisória que transformaria os Correios em uma sociedade anônima, abrindo a possibilidade à empresa pública de ter participação acionária em outras companhias ou criar a sua própria transportadora aérea de cargas.
Vinte dias depois da posse de Silva, a MTA arrematou o contrato de uma das principais linhas dos Correios, a que opera o trecho Manaus-Brasília-São Paulo, com um lance de R$ 44,9 milhões.
A entrada do ex-presidente da MTA na diretoria dos Correios fez ressuscitar os planos então enterrados de aquisição, pela estatal, de uma empresa aérea --no caso a própria MTA.