OAB critica ato contra imprensa

Publicado em 21/09/2010 19:13


O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ophir Cavalcante, reagiu nesta terça-feira aos ataques do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à imprensa e ao ato público contra o “golpe” que estaria sendo promovido pela mídia nas eleições deste ano.

Cavalcante disse que “não existe democracia sem liberdade de expressão”, por isso Lula deveria respeitar a Constituição Federal.

“Esse é princípio constitucional que cabe a todos nós zelar, sobretudo o presidente. Ele cabe respeitar a Constituição mais do que todos os brasileiros. Eu tenho certeza que ele há de cumprir seu compromisso, seu juramento, de respeitar a Constituição. E dentre esses compromissos está o respeito à liberdade de expressão”, afirmou o advogado.

No último sábado, o presidente Lula fez fortes ataques à imprensa em comício em Campinas (SP) e afirmou que alguns veículos de imprensa se comportam como partidos políticos.

Centrais sindicais, movimentos sociais e partidos políticos também preparam para esta quinta-feira um ato público contra a “baixaria nas eleições” e contra o “golpe midiático que têm como objetivo forçar a ida do candidato do PSDB [José Serra] ao segundo turno”.

O convite para o evento, divulgado pelo PT, acusa a imprensa de “castrar o voto popular”.

“Na reta final da eleição, a campanha presidencial no Brasil enveredou por um caminho perigoso. Não se discutem mais os reais problemas do Brasil, nem os programas dos candidatos para desenvolver o país e para garantir maior justiça social.”

Vice-presidente do PSDB, a senadora Marisa Serrano (MS) disse que o ato fere a democracia brasileira.

“O presidente Lula, o seu partido e as organizações sindicais que o apoiam estão planejando fazer um ato contra a liberdade de imprensa nos próximos dias. Trata-se de uma insensatez que assombra aqueles que acreditam na democracia e que lutaram contra a ditadura neste país.”

Serrano comparou as críticas de Lula à imprensa ao comportamento de chefes de Estado que vem adotando “comportamentos ditatoriais” –como Hugo Chávez, da Venezuela.

“Lembremos o que vem acontecendo na Venezuela, onde o presidente Chávez tem fechado emissoras de TV e rádio, boicotando jornais, censurando jornalistas. Lembremos o que vem ocorrendo em vários países ditatoriais onde a liberdade de imprensa não existe e todas as informações estão sob o controle do governo.”

Em defesa de Lula, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que as críticas do presidente não configuram atentado à liberdade de imprensa.

“Eu tenho a convicção de que foi mais esse o sentido das palavras do presidente Lula, que avaliou que alguns órgãos de imprensa, por vezes, querem tanto atacá-lo e também ao seu Governo e que vão, muitas vezes, além daquilo que efetivamente acontece.”


Por Reinaldo Azevedo

O fato de PT e partidos aliados fazerem uma manifestação contra  o que chamam “golpismo da mídia” é, em si, um absurdo, mas vá lá. São, afinal de contas, partidos… Se não gostam do que lêem, ouvem e vêem, que protestem. Grave, aí sim, é que entidades sindicais, inclusive o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, endossem o “protesto”.

Por quê? Em primeiro lugar, porque esses sindicatos e centrais deveriam ser entidades apartidárias — ou, quando menos, múlti ou suprapartidárias, uma vez que congregam, necessariamente, pessoas de variadas colorações ideológicas. Ocorre que, se isso é verdade na base, não é verdade na direção. O comando dessas entidades pertence ao PT. E aqui cumpre lembrar: o partido aparelha os sindicatos, que, não obstante, vivem do Imposto Sindical que tungam de todos os trabalhadores, sindicalizados ou não. Na prática, quem não é petista financia o aparelhamento do partido.

Em segundo lugar, mas não menos importante, estamos assistindo a uma convocação que faz a defesa escancarada da censura. Esses grupos tentam pautar a imprensa na suposição de que, se ela publica o que eles não gostam de ler, então é porque está movida a má fé. Esse trabalho de satanização do jornalismo não começou agora. O grito de guerra foi dado durante a cobertura dos descalabros do mensalão. De lá para cá, o PT vem, como diria José Dirceu, “acumulando forças” para tentar criar mecanismos de censura.

Como o caminho legal para isso pode ser difícil, um tanto tortuoso — mas não impossível —, então se recorre à “mobilização da sociedade”. De qual sociedade? A sociedade petista, aquela que Lula diz ser “a” opinião pública. Quem organiza essa patota é Luiz Inácio Lula da Silva. Seu operador imediato se chama Franklin Martins.

Não me espanta que o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo abrigue a patuscada dos censores. Esteve na linha de frente da defesa do Conselho Federal de Jornalismo, rejeitado pelo Congresso, com características claras de Conselho de Censura. O PT vibra com a possibilidade de eleger Dilma e fazer uma maioria esmagadora no Senado. Resolveram ressuscitar a proposta do Conselho na tal Conferência de Comunicação liderada por Franklin Martins — o cérebro dessa coisa toda — e contam com um Parlamento encabrestado para aprová-la.

O que esperam com isso? Ou um recuo dos veículos independentes de comunicação no trabalho de apuração das irregularidades ou um sinal de que não têm lado na disputa. De fato, não têm, mas isso precisaria ser “provado” aos juízes petistas. E como se faria isso? Ah, sei lá, descobrindo, por exemplo, alguma lambança tucana para compensar. E se não houver nenhuma? Bem, então, nesse caso, seguindo a lógica do “lado/outro lado”, não se publica a sem-vergonhice dos petistas. Entenderam o critério? A patifaria de um partido só pode ser noticiada se houver a patifaria do outro. Sem isso, nada feito! É um critério que só beneficia os patifes.

O mais preocupante, e isto precisa ser dito, é que esse trabalho do PT costuma dar resultado. Algumas redações se sentem “desafiadas” a provar que o partido está errado ao acusar o alinhamento da “mídia” com a oposição e decidem, então, provar que isso é falso, que todos os políticos, no fundo, são iguais.

Chavismo
Para encerrar: o método empregado por essas entidades é o mesmo a que recorreu Chávez, nos primórdios, para destruir a imprensa do país, o que acabou conseguindo. O primeiro grupo que o Beiçola de Caracas mobilizou contra a imprensa foi justamente o dos sindicalistas e… jornalistas de esquerda apaniguados do bolivarianismo — assim como temos por aqui os apaniguados do lulo-petismo.

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Fonte:
Folha Online + Reinaldo Azevedo

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1 comentário

  • Valter Antoniassi Fátima do Sul - MS

    Que decepção!!! Até tu Suplicy!!! Que ingenuidade !!! Eu que acreditava que tivesse alguém sério no PT...E ainda o presidente da OAB acredita que Lula vá cumprir o juramento!!!Fala sério,esse é mesmo um

    país de tolos...

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