Centro-Oeste depende de solução para seus gargalos

Publicado em 22/09/2010 08:40
Candidatos aos governos estaduais também miram promessas na ampliação de incentivos fiscais ; região rica no agronegócio sofre com problemas em estradas, ferrovias e hidrovias que, a médio prazo, podem comprometer a renda do setor e sua competitividade
As previsões de expansão da demanda mundial por alimentos colocam a região Centro-Oeste, responsável por 35% da safra de grãos do país, em condições de manter o ritmo de crescimento verificado na última década.

Segundo analistas, produtores e entidades do agronegócio, esse prognóstico é condicionado, porém, à solução de gargalos que afetam a renda do setor e a competitividade da produção.

O tema é tido como prioritário nas promessas dos principais candidatos aos governos de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.

Além da ampliação dos atuais programas de incentivo fiscal, os candidatos prometem pressionar o governo federal a tirar do papel projetos de ferrovias, hidrovias e a expansão de portos.

"Promover ações políticas para a construção da Ferrovia Centro-Oeste, consolidar a hidrovia Paraguai-Paraná e a estruturação dos portos", diz trecho do programa de governo de Silval Barbosa (PMDB), atual governador e candidato que lidera as pesquisas ao governo em MT.

Em segundo lugar no Estado, o empresário Mauro Mendes (PSB) defende que "o sistema rodoviário se interligue aos sistemas ferroviário, hidroviário e aeroviário".

Em Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), que tenta reeleição, diz que vai atuar para pavimentar e federalizar rodovias. Seu oponente, Zeca do PT, propõe "o reaparelhamento de portos, aeroportos, geração e transmissão de energia e comunicação".

Em Goiás, Marconi Perillo (PSDB) fala em criar "política agrícola, baseada em assistência técnica e segurança rural", enquanto Íris Rezende (PMDB) espera o apoio federal para assegurar a construção do Alcoolduto que liga Senador Canedo (próxima a Goiânia) a Paulínia (SP).

Dever de Casa

Do escoamento eficiente da safra às definições ambientais e fundiárias, os futuros governantes têm uma extensa "lição de casa" a cumprir, diz José Gasques, coordenador de Planejamento do Ministério da Agricultura.

Mas a região não quer apenas exportar produtos primários. Especialmente nos últimos dez anos, tem recebido investimentos industriais.

O movimento tem, em parte, relação com políticas de incentivo fiscal que, no caso de MT, geram renúncias superiores a investimentos em saúde e educação.

"Em Goiás, como também em todo o Centro-Oeste, o processo de agroindustrialização está em pleno desenvolvimento. Ou seja, a vocação continua a mesma, mas o foco não é mais apenas a exportação de produtos primários", diz o economista Cleyzer Cunha, da Universidade Federal de Goiás.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, afirma que as perspectivas "são fantásticas" e que a infraestrutura "não é o único limitante".

"Seja em relação às normas ambientais ou à questão indígena, vivemos tempos de insegurança", declara.

Normando Corral, da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso, reconhece que a maior parte dos "gargalos" existentes hoje na região é de responsabilidade federal. Mas atribui grande importância aos governadores. "De nada adianta a implantação de uma hidrovia se as rodovias estaduais de acesso às fazendas estão intransitáveis", afirma.

Fonte: Folha de São Paulo

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