Criação de ovinos e caprinos é alternativa para produtores do Ceará

Publicado em 27/09/2010 07:37
Mortandade caiu para 5% após manejo adequado na ovinocaprinocultura praticada em Acopiara.
A criação de ovinos e caprinos no sertão do Ceará é uma opção viável e rentável para os pequenos produtores rurais e para as unidades de produção familiar. Neste Município da região Centro-Sul, a atividade vem crescendo nos últimos cinco anos graças ao associativismo e aos recursos liberados pelo programa Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS), do Banco do Brasil.

Um grupo de 200 criadores da Associação dos Produtores de Ovinos e Caprinos de Acopiara (Apocace) utiliza manejo correto, sob orientação de técnicos do Serviço Nacional Aprendizagem Rural (Senar), Sebrae, Ematerce, Secretaria de Agricultura do Município e Instituto Elo Amigo. O resultado das práticas modernas e adequadas já é sentido pelos criadores. A renda familiar aumentou. Criar ovinos e caprinos não impede a exploração de outras atividades agrícolas.

Nos últimos anos, a Apocace orienta os criadores a cuidar da sanidade do rebanho, empregar técnicas de manejo alimentar e reprodutivo que possibilitem melhorar a qualidade dos animais e ampliar o plantel, de maneira uniforme e saudável. "Com as técnicas adequadas, reduzimos a mortandade que era de 50% e aumentamos o número do rebanho, que também passou a ter ganho de peso", disse o presidente da entidade, Airton Alves Gurgel.

Vantagens

A finalidade da Apocace é conscientizar o agricultor sobre as vantagens da criação de ovinos e caprinos, animais rústicos que se adaptam com facilidade ao clima do sertão do Ceará. Em relação aos bovinos, animais de maior porte, Gurgel compara: "Um boi come por três ovinos e exige mais capital por parte dos criadores para aquisição das matrizes e bezerros, e mais tempo para atingir o peso ideal de comercialização".

O mercado é favorável e a oferta atual de ovinos sequer atende a demanda regional. "Com sete meses, os ovinos chegam a 35 quilos e até um ano é o tempo ideal para comercialização, porque a carne está macia", frisou Gurgel. "Todo mês o criador tem renda". Há cinco anos, Gurgel trocou a bovinocultura pela ovinocultura e mantém a criação em uma fazenda no Sítio Serra, zona rural de Acopiara. Outra informação essencial para o sucesso da atividade está na escolha certa dos animais. Gurgel disse que a maioria dos produtores prefere criar as raças de ovinos, Santa Inês e Somalis, e de caprinos, Boer, pelas suas características de precocidade e rusticidade. "Fazemos o cruzamento das raças que resulta em borregos resistentes e com pouco tempo de pasto para o abate", afirma Gurgel. "Estes animais apresentam características adaptadas ao clima do sertão e podem ser abatidos com 200 dias".

Antes da capacitação dos criadores associados, os animais eram criados extensivamente e sem aplicação de nenhuma técnica, mas somente seguindo o costume que vem de décadas passadas. Sem alimentação adequada e cuidados sanitários, a taxa de mortalidade dos cordeiros era de 50% em média, mas hoje caiu para apenas 3%. "Isso foi um avanço", observa o produtor José Luciremar Oliveira. Ele cria 120 ovinos na fazenda, com boas instalações, no Sítio Escuro, neste Município.

Segundo os criadores, as matrizes davam apenas uma cria por ano. Agora em média nascem dois borregos e são duas parições por ano. O manejo sanitário implica no uso correto de imunização e de vermifugação periódica de quatro em quatro meses. Os criadores aprenderam a fazer pequenas cirurgias, corte do umbigo e castração, visando prevenir doenças e infecções nas criações.

Para o crescimento adequado dos animais, os criadores passaram a se preocupar com a alimentação. O segundo semestre, período de seca, é o mais crítico, porque há escassez de pastagem nativa. A saída é fazer feno e silagem. O volumoso (capim) é dado aos ovinos e caprinos livremente, mas os animais recebem ração (concentrado) à base de milho, soja e cana-de-açúcar. Para cada animal, são fornecidos, por dia, 200 gramas de ração. Há também suplemento mineral com 20% de sal branco (comum).

O criador Gurgel preocupa-se com o manejo reprodutivo. "É preciso planejar o período certo de cobertura e de criação", disse. Aos sete meses, as ovelhas e cabras entram no cio pela primeira vez, mas o melhor é esperar até que alcance pelo menos 12 meses para adquirir porte apropriado para a reprodução.

O período de gestação demora seis meses, mas três meses após a cria as matrizes já estão prontas para serem novamente cobertas. O produtor José Oliveira, do Sítio Escuro, costuma apartar os borregos aos cinco meses. "Estamos tendo duas crias por ano de dois animais cada, depois das orientações técnicas que recebemos e colocamos em prática", disse. "Isso significa mais ganho para o criador", complementou.

Os associados recebem capacitação sobre cooperativismo, noções de administração da unidade produtiva, agroecologia, manejo sanitário, alimentar e reprodutivo. "Só recebem financiamento quem faz a capacitação", observa Gurgel. "O importante é que os produtores conheçam as técnicas e características da ovinocultura para investir na atividade e completar o elo da cadeia produtiva, onde todos os atores ganham".

O agricultor Valdimiro Dantas do Vale é um dos entusiastas da atividade. Ele optou por criar caprinos. Considera a iniciativa uma oportunidade para ampliar o rebanho, de uma forma saudável e produtiva.

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Fonte:
Diário do Nordeste

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