Brasil irá de novo às urnas para decidir entre Serra e Dilma

Publicado em 03/10/2010 21:40
Segundo turno: começa o novo confronto



A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, e o candidato do PSDB, José Serra, vão disputar o segundo turno das eleições. Pouco depois de 21h, com 96% das urnas apuradas, Dilma tinha 46,41% dos votos válidos e Serra, 32,86%. Para vencer no primeiro turno, a petista precisaria obter 50% dos votos válidos (excluídos brancos e nulos ) mais um voto.

Os escândalos de tráfico de influência que tiveram como pano de fundo a Casa Civil e derrubaram Erenice Guerra somados à postura agressiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a imprensa e opositores foram determinantes para levar a disputa presidencial deste ano a um novo round, no dia 31 de outubro.

Desde que o esquema de lobby no ministério foi revelado por VEJA, em setembro, Dilma viu uma vitória que chegou a ser tida como certa transformar-se em uma batalha diária contra os números. Resultado: a petista e o tucano terão novo confronto nas urnas, no segundo turno.

Na avaliação de Rui Tavares Maluf, coordenador da área de pesquisa de opinião pública da Fundação Escola de Sociologia de São Paulo, o “efeito repetição” de denúncia s contra o governo respingou na candidata. “Nas últimas semanas de setembro, houve muitas denúncias contra a Casa Civil, sempre com novos fatos ou desdobramentos que não deixaram a história morrer”. Para o cientista político, os eleitores com maior renda e escolaridade vincularam a corrupção a Dilma. A petista acabou caindo nas pesquisas.

A perda de votos também foi atribuída à polêmica sobre o aborto, alimentada por declarações dadas pela candidata em outras ocasiões, em que ela teria defendido a descriminalização do procedimento. Preocupada com a queda entre os cristão, Dilma se reuniu com 27 líderes de denominações cristãs – católicas e evangélicas – em Brasília, no dia 30 de setembro, para negar que tenha defendido a interrupção da gravidez.

Outro fator que contribuiu para que a vitória não ocorresse no primeiro turno foi a presença constante do presidente Lula, principal cabo eleitoral da ex-ministra. É o que afirma Rubens Figueiredo, diretor do Centro de Pesquisas e Analises de Comunicação (Cepac) e autor do livro Marketing Político e Persuasão Eleitoral. “Lula, o personagem mais importante desta eleição, mostrou-se muito raivoso e destemperado quando os escândalos contra o governo eclodiram e isso não pegou bem para grande parte do eleitorado”.

Para Maluf, a postura mais agressiva do presidente pode fazer com que ele seja visto pela oposição e por um setor da sociedade “mais como um líder de facção do que como presidente. E isso traz um certo receio para o eleitor”.

Os números – A possibilidade de segundo turno surgiu na reta final da campanha e foi apontada pelo Instituto Datafolha em 28 de setembro – a cinco dias do pleito. De acordo com levantamento divulgado em 28 de setembro, a petista tinha 46% das intenções de voto, uma queda de três pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, uma semana antes. Enquanto isso, Serra mantinha-se estável, com 28%, e Marina Silva (PV) subiu de 13% para 14%.

Após as denúncias envolvendo a Casa Civil, a petista viu sua vantagem para os demais candidatos cair de 14 para dois pontos porcentuais. Pela contagem dos votos válidos (excluídos brancos e nulos), isso significou a perda de cerca de 6 milhões de votos em apenas quinze dias.

No mesmo dia da divulgação da pesquisa, Mauro Paulino, diretor do Datafolha, publicou um artigo dizendo que “seria impossível afirmar de forma isenta”, se Dilma Rousseff teria ou não mais votos do que a soma de seus concorrentes. No entanto, Paulino afirmava que “a minoria iria assumir o protagonismo das eleições”.

O fator verde – Para Rui Tavares Maluf, a responsável por impulsionar o segundo turno entre Dilma e Serra foi a candidata verde. “Dilma caiu e Serra permaneceu estagnado, enquanto Marina foi capaz de capturar uma parte do eleitorado que combina pessoas que não levam em conta partidos políticos com aquelas que estavam satisfeitas com o governo Lula e até inclinadas a votar em Dilma, mas que são mais sensíveis a questões como ética e moral na política”.

Segundo o Datafolha, Marina conquistou cerca de 4 milhões de votos em duas semanas, enquanto Serra ganhava 2,3 milhões de novos eleitores em cima da queda de Dilma.

Com as denúncias contra a Casa Civil, avaliam os especialistas, quem teve maior preocupação com as chamadas questões republicanas – e parte dos considerados indecisos – não se permitiu votar na ex-ministra, mesmo que isso estivesse em seus planos antes de setembro.

No entanto, o cenário de indefinição persistiu. Na véspera da eleição, o Datafolha indicava Dilma Roussef com 50% dos votos válidos – uma queda de dois pontos porcentuais em relação ao levantamento anterior, do dia 30 de setembro. Serra tinha 31%, os mesmos obtidos no levantamento anterior.

Já Marina havia subido dois pontos porcentuais e tinha 17% das intenções de voto. Era impossível cravar, com segurança, se haveria segundo turno. A resposta só veio com a abertura das urnas.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Veja.com

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário