Em pleno plantio produtores de MT têm maquinários arrestados pelos bancos

Publicado em 08/10/2010 11:27 e atualizado em 08/10/2010 14:43
Depois de prolongado período de seca a chegada da chuva trouxe alívio no campo. As plantadeiras começaram a se movimentar dando a largada do plantio de uma nova safra.  No entanto, para vários produtores de Mato Grosso, a expectativa de um bom ciclo, transformou-se em frustração. Em pleno período do plantio da soja, muitos estão tendo seus equipamentos agrícolas arrestados por conta de dívidas pendentes com os bancos das fábricas. Se a situação já não é confortável com o maquinário na propriedade, agora, sem ter como realizar o plantio da próxima safra ficará ainda mais difícil.

É o caso de Valdo Shelski, produtor do município de Canarana (823 km a Leste da Capital), que no último dia 22 teve sua única máquina colheitadeira arrestada de dentro da fazenda. O agricultor conta que não tem conseguido arcar com a dívida por conta dos altos juros que foram se acumulando durante o período de cumprimento das parcelas, chegando a valores absurdos. “Tenho feito o possível para cumprir meus compromissos, mas como vou liquidar uma dívida altíssima se não tenho renda suficiente”, indagou o produtor.

Segundo ele, em 2004, fez um empréstimo de R$ 278 mil para a compra da máquina que custava R$ 333 mil, com prazos de um ano para começar a pagar e 4 anos para a liquidação da dívida.  Em 2008, por incapacidade de pagamento, fez uma nova negociação e, hoje sua dívida está estimada em R$ 748 mil, sendo que R$ 260 mil já estão novamente vencidos e devem ser pagos 40% no ato e o restante após um ano, se quiser reaver a máquina. “Isso é impossível de se cumprir, pois só as parcelas vencidas dão quase o valor total do empréstimo. Acredito que é preciso rever os números para chegarmos a um valor e prazos que condiz com a nossa realidade”, afirma Shelski, ressaltando que a renda de sua propriedade não ultrapassa os R$ 70 mil/ano.       

O produtor explica ainda que a desvalorização da soja, justamente na época em que começou a pagar o financiamento, também influenciou no atraso dos pagamentos, equacionando prejuízos ao longo do período. A área que era de 700 hectares (ha) plantados de soja e milho no início do financiamento, reduziu a pouco mais de 300 ha, que começariam a receber o plantio nas próximas semanas. “Quando comprei a máquina, a saca de soja custava entre 40 e 42 reais, após um ano o preço foi lá embaixo chegando a 26, 27, enquanto que os juros de 13,88% foi reduzindo minha renda. Hoje se eu entregar a máquina ao banco ainda fico com uma dívida de cerca de 500 mil”, lamenta.

Este comportamento das instituição financeiras tem sido duramente criticada pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), que, há anos busca uma solução definitiva para esta questão. “Não podemos aceitar que esta situação se repita a cada safra e justamente nos períodos de plantio e colheita, quando o produtor mais necessita do equipamento. Esta situação precisa ser solucionada de uma vez por todas para que Mato Grosso consiga dar continuidade a sua expressiva produção”, disse o diretor de relações institucionais da federação, Rogério Romanini. 

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Famato

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