Código Florestal é motivo de aflição para equipe de Serra; Temer promete adiar a votação

Publicado em 09/10/2010 09:08
No meio do caminho

Apesar da necessidade de atrair o eleitorado de Marina Silva, José Serra sabe que não tem como se comprometer com a rejeição ao novo Código Florestal, um dos principais itens da pauta que a senadora verde gostaria de ver abraçada por quem deseja seu apoio. O assunto é motivo de aflição na campanha do tucano, bem votado no cinturão do agronegócio.
Ciente das dificuldades enfrentadas por Serra, o presidente da Câmara e companheiro de chapa de Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (PMDB), acena aos "marineiros" com a possibilidade de, no mínimo, adiar a votação da matéria para 2011.



Código 1Caberá a Temer conduzir a discussão no colégio de líderes, em novembro, que ditará o cronograma de tramitação do Código Florestal. Se avançar qualquer aproximação Marina-Serra, Temer poderá acelerar o rito, já que existe, entre as bancadas, cenário favorável a um acordo para a votação.

Código 2 O PV discorda da redução, para desmatamento, da reserva legal e da anistia a crimes ambientais anteriores a 2008. Mas pequenos, médios e grandes produtores defendem o texto de Aldo Rebelo (PC do B-SP). Nas áreas ruralistas, Serra só perdeu no primeiro turno em Goiás, no Rio Grande do Sul e no Triângulo Mineiro.

Pop Mesmo fora do segundo turno, Marina continua a enviar sua agenda diária à imprensa. Bem ou mal, a verde segue com espaço cativo no "Jornal Nacional".

#prontofalei De Plinio de Arruda Sampaio (PSOL) no Twitter: "Marina está apoiando a Dilma transversalmente. Sem apoiar, apoiando. Por isso, insisto em que é a mais demagoga".

Oremos A superdosagem do tema religião no programa de reestreia de Dilma atendeu a apelo de apoiadores segundo os quais o que fosse levado à TV ontem repercutiria nas missas e nos cultos do fim de semana.

Ajuste fino A coordenação da campanha diz que Dilma tenderá a fazer menos comícios e optar por caminhadas devido à agenda apertada. Mas, para alguns aliados, a mudança decorre da avaliação de que a petista "é ruim de palanque".

Ponta Apesar das cobranças do PMDB, o vice Michel Temer apareceu menos de três segundos no programa de Dilma, ontem, no horário eleitoral gratuito.

Repescagem A campanha de Dilma negocia o apoio formal do PP, não obtido no primeiro turno. Se der certo, o partido passará a contar com um representante na coordenação da campanha. Os pepistas mais entusiasmados com a ideia dizem que o anúncio pode ser feito na próxima semana.

tiroteio

"Se cabe ao Lula decidir quem apanha, amanhã posso ser eu, pode ser você."
DE JOSÉ GREGORI, secretário paulistano de Direitos Humanos, sobre declaração do presidente ao inaugurar uma UPP em Manguinhos no Rio; segundo ele, a polícia irá ao local "pra bater em quem tem que bater".

Lula e os erros da campanha

Soberba - Lula: ele acha que, se tivesse aparecido mais na TV, Dilma teria ganho no dia 3

Aos mais próximos, Lula atribuiu a erros do marqueteiro João Santana a queda de Dilma Rousseff nos últimos dias do primeiro turno. Basicamente, Lula reclamou de duas coisas. Primeiro, da “falta de emoção” da campanha, tanto na TV quanto nas ruas. E, vaidoso como ele só, reclamou da estratégia de diminuir suas aparições nos programas eleitorais gratuitos de Dilma no final da campanha.

Por Lauro Jardim

Tempo integral - Dirceu: 24 horas por dia na campanha

José Dirceu sempre esteve atuando na candidatura de Dilma Rousseff, só que muito mais nos bastidores. Mas, desde que a vitória no primeiro turno não se confirmou, Dirceu entrou na linha de frente da campanha.

Por Lauro Jardim

O eleitor que o PT quer

São dois os perfis de eleitores que a campanha de Dilma Rousseff tentará capturar para conseguir os votos que faltam para vencer o segundo turno. Primeiro, é o do “petista saudoso”, aquele militante ou simpatizante que admirava os valores éticos que o PT pregava antes de 2003 e que não gosta do PSDB. O outro é o que os petistas da campanha classificaram de “eleitor do voto-festa”, ou seja, aquele que teria aderido a Marina Silva em meio à onda verde dos últimos dias do primeiro turno.

Por Lauro Jardim

Mobilização tucana em Minas

A coordenação da campanha de José Serra em Minas Gerais negocia a adesão de prefeitos e líderes locais do PMDB, PV e PP que apoiaram Antonio Anastasia no primeiro turno das eleições.

Por Lauro Jardim

Lula perdeu mais uma

Celso Amorim está foragido, Marco Aurélio Garcia segue trancado no gabinete, Dilma Rousseff faz cara de paisagem, Gilberto Carvalho esconde os jornais, Marisa Letícia prefere tratar de coisas da família e Lula finge que jamais pensou no caso.

Todos fazem de conta que o campeão mundial de popularidade em pesquisa nunca sonhou com o prêmio Nobel da Paz. Que não foi pensando nisso que dedilhou a lira do delírio no Oriente Médio e no Irã. Estimulado pelos áulicos, o presunçoso incontrolável acreditou que se tornara a versão brasileira de Nelson Mandela.

Acabou de colidir com a realidade. Pela segunda vez em uma semana. 

(por Augusto Nunes).


ROBERTO RODRIGUES 

Eleições com sustentabilidade

É preciso debater, além do desmatamento, o que se tem feito em relação às florestas plantadas no país
ANALISTAS POLÍTICOS experientes vêm apontando uma obviedade absoluta em relação ao segundo turno das eleições: graças à espetacular escalada da senadora Marina Silva nos últimos dias da campanha para o primeiro turno, o tema "meio ambiente" ganhou uma dimensão muito significativa, devendo ocupar grande espaço nas plataformas dos dois candidatos à Presidência da República.
É bem verdade, como também apontam os especialistas, que a votação da senadora deveu-se mais a ela mesma do que ao tema em si, uma vez que candidatos destacados de seu partido fracassaram nas eleições para o governo de diversos Estados. Marina teve um discurso à frente do tempo dos concorrentes.
Mas a questão da sustentabilidade é hoje uma unanimidade universal: não há um terráqueo que não se preocupe com o aquecimento global, com a preservação dos recursos naturais, especialmente a água. Este ótimo discurso atraiu a juventude idealista e a enorme parcela de eleitores insatisfeitos com a performance dos demais candidatos.
Portanto, a senadora terá papel preponderante na campanha, e a temática ambiental também, sobretudo pelo amplo debate que se estabelecerá. É um importante avanço para a sociedade brasileira e nos colocará na vanguarda global quanto ao assunto, mormente quando o mundo se prepara para a retomada das conversas frustradas da COP-15.
E, com certeza, dois aspectos serão destacados no cenário nacional: o desmatamento da Amazônia e o papel da agropecuária no desenvolvimento do Brasil.
A própria revisão do Código Florestal em andamento no Congresso Nacional será, de alguma forma, permeada pelo novo patamar do tema ambiental, que, escoimado de radicalismo, ideologias ou paixões, possibilitará a construção de um projeto de desenvolvimento sustentável para o país, exatamente a partir de políticas que qualifiquem o agronegócio.
Além da redução do desmatamento, é preciso ver o outro lado, o que se tem feito no país em relação às florestas plantadas.
O Brasil já é um dos maiores plantadores de florestas do mundo. Seja para atender à demanda da indústria de papel e celulose, seja para a simples recuperação de áreas degradadas, temos hoje 6,3 milhões de hectares plantados com florestas, e 100% da produção de papel e celulose vem desse setor: não se derruba uma só árvore nativa para isso.
Aliás, o Brasil é o quarto maior produtor mundial de celulose e o nono maior de papel, crescendo em ambos os segmentos graças à enorme competitividade, determinada exatamente pela plantação de florestas em nosso imenso território.
É interessante o fato de que, além de plantar quase toda essa área, o setor de celulose e papel mantém 2,9 milhões de hectares de florestas nativas para preservação, recuperação e estudos da biodiversidade.
Cerca de 2,7 milhões de hectares são certificados pelo FSC (Forest Stewardship Council) e pelo Programa Nacional de Certificação Florestal.
E os programas de parceria florestal desenvolvidos pelo segmento de papel e celulose têm um aspecto social relevante: são mais de 20 mil pequenas e médias propriedades rurais abrangidas, gerando 600 mil empregos diretos e indiretos. As florestas plantadas absorvem 1 bilhão de toneladas de CO2 da atmosfera por ano!
Vale a pena, enfim, revelar esse aspecto pouco conhecido da agricultura brasileira. Porque os demais setores são mais notórios, especialmente o dos grãos.
Nunca é demais repetir que nos últimos 20 anos a área plantada com grãos no Brasil cresceu 25%, e a produção, 157%, o que significa uma "economia" de 42 milhões de hectares de florestas ou cerrados.
Ou que a emissão de CO2 da cadeia produtiva de cana (cujo aumento de produtividade desde o início do Proálcool também preservou 5 milhões de hectares), é apenas 11% da emissão de CO2 da gasolina.
São dados importantes para o debate que se dará oportunamente na campanha para o segundo turno: é a sustentabilidade nas eleições.
ROBERTO RODRIGUES, 67, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp e professor do Departamento de Economia Rural da Unesp -Jaboticabal, foi ministro da Agricultura (governo Lula). Escreve aos sábados, a cada 15 dias, nesta coluna.

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Fonte:
Folha e Veja.com

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