Debate entre Dilma e Serra na Band marca 4 pontos de audiência

Publicado em 11/10/2010 18:02 e atualizado em 11/10/2010 19:20



O primeiro debate do segundo turno da eleição presidencial fez a Band marcar 4 pontos na noite do domingo (10). Cada ponto equivale a 65 mil residências na Grande São Paulo.

A média é considerada ótima para emissora neste horário. O debate anterior da emissora marcou 2 pontos. O confronto entre José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) se estendeu até depois da meia-noite.

O último debate antes do primeiro turno, na Globo, registrou 23 pontos. O debate aconteceu em 30 de setembro e reuniu Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL).

Esse debate da Globo teve o maior ibope desta eleição até agora.

Boato de lesbianismo levou à agressividade de Dilma

Moacyr Lopes Jr./Folha

O tom agressivo empregado por Dilma Rousseff no debate presidencial da noite passada tem origem num boato.

O comitê de campanha da pupila de Lula foi informado acerca de um falso processo judicial que circula na internet.

Na peça, um suposto advogado aciona Dilma em nome de uma hipotética ex-doméstica da candidata.

A empregada fictícia sustenta no processo de fancaria ter mantido com Dilma um relacionamento amoroso de 15 anos. Cobra indenização.

Há três dias, o deputado eleito Gabriel Chalita (PSB-SP) tratou do tema em conversa com um petista ligado ao comando da campanha de Dilma.

Chalita contou que um religioso o havia procurado para dizer que recebera cópia de processo em que Dilma era acusada de lesbianismo.

O interlocutor pediu a Chalita que aconselhasse o bispo a checar o número de registro na OAB do advogado que assina o processo. “Não existe. É falso”, disse.

Em diálogos privados que antecederam o debate nos estúdios da TV Bandeirantes, Dilma e seus operadores atribuíram a aleivosia à campanha de José Serra.

Entre quatro paredes, a candidata petista se disse “indignada”. Para ela, o boato do processo tornou incontornável a inclusão da "baixaria" no rol de temas do debate.

Vem daí a decisão de Dilma de inquirir Serra, já na primeira pergunta, acerca da boataria que viceja no “submundo” virtual.

Como as suspeitas contra Serra não estão escoradas em provas, Dilma evitou mencionar o falso processo. Soou genérica:

“Acredito que uma candidatura à Presidência tem por objetivo engrandecer o Brasil, discutir valores e projetos para o futuro”, disse ela para Serra.

“Sua campanha procura me atingir por meio de calúnias, mentiras e difamações. [...] Seu vice, Índio da Costa, a única coisa que ele faz é criar e organizar grupos, até para me atingir com questões religiosas...”

“[...]...Você considera que essa forma de fazer campanha, que usa o submundo, é correta?”

Serra centrou sua resposta na polêmica sobre o aborto e no ‘Erenicegate’. Disse que Dilma confunde “verdades e reportagens com ataques”.

Um integrante do comitê petista contou ao repórter que, antes do início do debate, chegou aos ouvidos de Dilma outra “informação”.

Segundo ele, um panfleto apócrifo contendo ataques à candidata teria sido distribuído em templos evangélicos do Rio, neste domingo (10).

No folheto, Dilma é associada, de novo, à defesa do aborto. O texto a acusa de ser a favor da “matança de criancinhas”.

Foi por essa razão, informa o operador da campanha petista, que a candidata levou aos holofotes o nome da mulher do antagonista.

“Sua esposa, Mônica Serra, disse o seguinte: ‘A Dilma é a favor da morte de criancinhas’.”

Mônica teria dirigido o comentário a um eleitor, durante caminhada pelas ruas de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense (RJ). Coisa do mês passado.

Serra esquivou-se de responder. Presente à platéia da TV Bandeirantes, Mônica não se deu por aludida. Disse que não sabe do que Dilma está falando.

Ouvido pelo blog, um membro da campanha tucana tachou de “alucinação” a alegada vinculação de Serra ao falso processo que retrata Dilma como lésbica.

Como se vê, a disputa eleitoral de 2010 caminha a passos largos para um lodaçal que não dignifica a atividade política.

Caso Erenice mudou mais votos que temas religiosos

Os fatos que levaram à queda da ex-ministra Erenice Guerra da Casa Civil e a quebra de sigilo de tucanos tiveram peso quase três vezes maior na perda de votos de Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno do que questões relacionadas à religião, informa reportagem de Fernando Canzian, publicada nesta segunda-feira pela Folha.


Já Serra perdeu dois pontos percentuais. Tanto pelo caso de quebra de sigilo de tucanos quanto pelo caso Erenice.Os fatos que levaram à queda da ex-ministra Erenice Guerra da Casa Civil e a quebra de sigilo de tucanos tiveram peso quase três vezes maior na perda de votos de Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno do que questões relacionadas à religião, informa reportagem de 
Fernando Canzian, publicada nesta segunda-feira pela Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).

A perda de eleitores de Dilma, que conquistou 47% dos votos válidos no primeiro turno, foi de aproximadamente 4 milhões de eleitores. A de Serra, que teve 33% dos votos válidos, de 2 milhões.

O percentual de eleitores no país que tomou conhecimento dos casos Erenice Guerra e da quebra de sigilo de tucanos é expressivamente maior do que o do total que recebeu alguma orientação de sua igreja para que deixasse de votar em determinado candidato.

Os dois casos que mais pesaram na mudança de votos dos eleitores na reta final do primeiro turno tiveram influência direta de reportagens publicadas pela Folha.

O primeiro (quebra de sigilo) foi revelado pelo jornal em junho, muito antes do primeiro turno. Em relação à queda de Erenice, o caso foi levantado inicialmente pela revista "Veja". Mas foi uma reportagem da Folha que levou à queda da ex-ministra no dia 16 de setembro, a duas semanas do primeiro turno.

As denúncias de tráfico de influência na Casa Civil foram determinantes para mudanças de voto principalmente entre os eleitores mais escolarizados e de maior renda, mostra o Datafolha.

Entre os que votaram em Marina (que teve 19% dos votos válidos), 7% dizem ter deixado de votar em Dilma por conta do caso Erenice.

Leia a reportagem completa na Folha desta segunda-feira, que já está nas bancas.

Atacar primeiro não é para amadores(por Augusdto Nunes, de Veja.com)

Tomar a iniciativa e partir para o ataque num debate eleitoral não é para amadores, ensinou outra vez o duelo transmitido pela Band. Candidata de primeira viagem, espantosamente desarticulada, desprovida de raciocínio ágil, sem vestígios de carisma, Dilma Rousseff desencadeou a ofensiva já na primeira pergunta a José Serra. Levou o troco mas foi em frente. Nas duas horas seguintes, sempre na fronteira do chilique, a veia da pálpebra esquerda latejante de cólera, sobrancelhas em arco de normalista contrariada, tentou combater simultaneamente o português, a lógica e os fatos — além do adversário experiente e tranquilo. Fracassou espetacularmente.

Abalroada por contragolpes sucessivos, levada às cordas por alusões ao bando de Erenice Guerra e ao descompromisso com a coerência, Dilma voltou a “comprimentar” meio mundo, evocou duas vezes uma mesa atulhada de árabes e judeus, conjugou a cada dois minutos o verbo tergiversar, embaralhou temas distintos ao perguntar ou responder, frequentemente não conseguiu dizer coisa com coisa, declarou-se indignada com o que até agora não passava de “factoide”, injuriou a mulher do oponente, fez tudo o que não devia. Depois de 120 minutos de agressividade e grosserias, queixou-se do baixo nível da campanha.

Dilma não aprendeu a atacar nem sabe defender-se. Nitidamente superior em todos os quesitos, nem por isso Serra foi brilhante. Pode melhorar muito. Pode ser bem mais contundente. A arrogância da oponente o autoriza a ser menos gentil. Deve expor com crueza alguns itens do vasto prontuário. Precisa entender que os brasileiros desinformados estão prontos para aprender que as privatizações modernizaram o país. Mas o essencial é que começou a percorrer o caminho correto.

Aparentemente, Serra preferiu transformar o primeiro debate do segundo turno como laboratório para aperfeiçoar a estratégia e a tática que adotará nos próximos. Além de confirmar que Dilma é a adversária que todo candidato pede a Deus, o confronto na Band mostrou que o eleitorado terá de escolher entre um administrador competente e uma gerente debutante. Em pouco tempo estará consolidada a certeza de que disputam o segundo turno um político com currículo respeitável e uma novata que oculta a folha corrida.

Cumpre a Serra deixar claro que, entre os dois candidatos à Presidência da República, só um pode garantir que não vai desonrar o cargo.

Uma coisa é uma coisa

Integrante da coordenação da campanha de Dilma Rousseff, Moreira Franco argumenta que Dilma Rousseff não sofrerá as mesmas consequências eleitorais que Geraldo Alckmin por ter adotado uma postura mais agressiva no debate de ontem.

Segundo Moreira, ficará claro para o eleitor que Alckmin, em 2006, partiu para a ofensiva contra Lula na discussão de temas políticos, enquanto Dilma respondeu a ataques pessoais.

Por Lauro Jardim

- Eu não sou fabricante de boatos, não sou criança. Não vim aqui satanizar partido político. Tenho o maior respeito pelo presidente da República, até o admiro. Mas presidente, aqui não é boataria não. A questão é a seguinte: durante quatro anos, de maneira fechada, o PT jogou em duas áreas: aborto e a PL 122 (projeto de lei que pune o crime de homofobia). A autora da PL 122 é uma deputada do PT.

Malafaia jura respeitar o direito dos homossexuais, mas afirma que também quer ter o direito de critica-los:

- Quem disse que estamos aqui dizendo que homossexual não tem direito nenhum? O direito é igual para todos. Cada um seja o que quiser. Agora, criminalizar aqueles que são contra a prática homossexual ? Que estado democrático é esse? Não quero que os candidatos digam que são contra os homossexuais. Aqui não tem ignorante não. Uma coisa é criticar práticas e condutas. Outra coisa é discriminar pessoas. Nós criticamos a prática homossexual, mas não somos a favor de discriminar os homossexuais. Lamento dizer que o PT lutou para aprovar essa lei esdrúxula que não tem em lugar nenhum do mundo. Não adianta esconder.

No final do vídeo de pouco mais de quatorze minutos, Malafaia torna pública a sua posição nas eleições:

- Preste muita atenção em quem você vai votar. Nós somos quase 25% da população. Eu sou cidadão e pago imposto também. Temos o direito de opinar e interferir sim senhor. Não vai ter colher de chá, tem que se posicionar. Nós não estamos elegendo nem Fernando Henrique nem Lula. Estamos elegendo Dilma ou Serra. Quem é que tem a competência de dirigir esse país? Pra mim, é o Serra.

Por Lauro Jardim

Dilma faz campanha no Santuário de Nossa Senhora

  Joel Silva/Folha
Em tempos de eleição, a religiosidade aflora. É quando se descobre que a política está infestada de ateus.

Por sorte, é muito fácil identificar os heréticos. Estão todos nas coligações adversárias.

Nesta segunda (11), Dilma Rousseff foi ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, na cidade de Aparecida (SP).

Participou da missa das 9h. Percorreu o santuário. Foi ao recanto onde se encontra a imagem da santa padroeira do Brasil.

Depois, em entrevista, justificou o tom azedo que utilizara na noite da véspera, no debate com o antogonista José Serra.

"Esperavam o quê? Que eu não defendesse as minhas posições? Que eu não apresentasse as minhas propostas?...”

“...Que eu não criticasse a visão estratégica dele? Mas o debate é para isso".

Explicou as razões que a levaram a inquirir Serra sobre a tática do boato:

"Eu sempre me recusei a baixar o nível do debate. Passei quase três meses sendo acusada da quebra de sigilo fiscal...”

“...E hoje está claro que quem quebrou o sigilo fiscal foi um esquema mercantilista e corrupto dentro da Fazenda por razões não eleitorais e não políticas..."

"...Eu passei muito tempo calada sobre essas acusações, o tamanho que tinha tomado essa central organizada de boatos...”

“...Eu resolvi tornar isso algo público e compartilhar. Eu não fui na internet e não disse na forma de boato".

Durante a missa, Dilma absteve-se de comungar. Por quê? "Eu prefiro ter essa manifestação –até pode ser uma questão minha— mais recatada".

Questionada sobre sua devoção religiosa, a candidata abespinhou-se:

"Acho que ninguém tem o direito de dizer qual é a minha crença, quem pode julgar sobre crenças e religiões é Deus".

Insinuou que o câncer a aproximou do Padre Eterno: "Eu tive um processo recente e este processo me fez retomar várias coisas que estavam já dentro de mim...”

“...Essas questões dizem respeito a mim e eu não autorizo, não legitimo ninguém a julgar minha crença. Acho que isso é o cúmulo do preconceito".

Na semana passada, Dilma já havia levado sua candidatura para passear num templo religioso, no Rio.

Parece ter dificuldade para virar a página que escreve a crônica da sucessão de 2010 com caligrafia beata.

O diabo é que o histórico da ex-Dilma desautoriza a pose de vítima da candidata. 

 

Em matéria de religiosidade, a pupila de Lula vem se revelando uma ginasta sem futuro.

Em 2007, durante sabatina na Folha, perguntou-se à então chefe da Casa Civil se acreditava em Deus.

E Dilma: "Eu me equilibro nesta questão. Será que há? Será que não há?"

Em 2009, numa entrevista à revista "Marie Claire", Dilma declarou que não praticava religião nenhuma.

Permitiu-se brincar: "Balançou o avião, a gente faz uma rezinha".

Em fevererio de 2010, já na pele de pré-candidata, Dilma foi inquirida pela “Época”: Uma religião específica, a senhora não tem?

Soou peremptória: "Não, mas respeito".

Decorridos três meses, em maio, já convertida em candidata, Dilma falou à “IstoÉ”. Perguntou-se se era católica.

Dilma deu um salto mortal: “Sou, antes de tudo, cristã. Num segundo momento, católica".

Nesta segunda-feira, a candidata escora a “conversão” no câncer. Agora, é católica de frequentar a missa. Mas não comunga.

O melhor que Dilma tem a fazer é dar um triplo mortal carpado em direção a outro tema.

Primeiro porque a agenda carola não a socorre. Segundo porque o evangelho de uma pessoa que se dispõe a presidir o país deveria ser outro.


Serra cresce mais que Dilma na ‘largada’ do 2º turno

Datafolha: a petista soma agora 54% dos votos válidos

Está 8 pontos à  frente do adversário tucano, com 46%

Em relação à apuração do TSE,  Dilma cresceu 7 pontos

Cotejado com a votação oficial, Serra cresceu 13 pontos

Felipe Dana/AP

 

Saiu o primeiro Datafolha do segundo turno. Indica que, na virada da primeira para a segunda fase da disputa, José Serra conquistou mais votos do que Dilma.

Segundo a pesquisa, Dilma dispõe agora de 54% dos votos válidos (a conta exclui os brancos, nulos e indecisos). Serra amealha 46% das intenções de voto.

Tomados pelos dados oficiais da Justiça eleitoral, Dilma emergiu das urnas do primeiro turno com 46,9% dos votos válidos, contra 32,6% de Serra.

Cotejando-se os votos da primeira fase com as intenções de voto da segunda, Dilma registra crescimento de 7,1 pontos percentuais.

Quanto a Serra, avançou na pesquisa 13,4 pontos em relação ao percentual de votos que extraiu das urnas recém-abertas.

Dito de outro modo: considerando-se o tamanho que exibiam depois da contagem das urnas, os dois candidatos cresceram. Porém...

Porém, Serra cresceu 6,3 pontos a mais que Dilma. Por quê? A principal explicação parece vir do espólio de Marina Silva.

A candidata verde amealhou no primeiro turno 19,3% dos votos válidos. Coisa de 19,6 milhões de votos.

Pois bem. Segundo o Datafolha, Serra tornou-se o principal herdeiro dos despojos eleitorais de Marina.

Nada menos que 51% dos eleitores de Marina declaram agora que votarão em Serra. Apenas 22% dizem preferir Dilma.

Nesse universo de eleitores de Marina notáveis 18% migraram para a coluna dos indecisos. Sinal de que uma palavra da candidata pode ter algum peso.

É grande o percentual de eleitores de Marina que migrouaram para a coluna dos indecisos: 18%.

Na conta que inclui a totalidade dos eleitores, Dilma prevalece sobre Serra nesse Datafolha por 48% a 41%. Diferença de sete pontos.

Em pesquisa divulgada na véspera do primeiro turno, o Datafolha esboçara o cenário do segundo turno.

Nessa sondagem, Dilma aparecia com 52%. Serra beliscava 40%. Comparando-se com a pesquisa atual, Dilma recuou quatro pontos.

 

Serra oscilou um ponto para cima. A margem de erro das duas pesquisas é de dois pontos percentuiais, para mais ou para menos.

No confronto direto entre os dois candidatos, cada voto perdido por um dos postulantes é acrescido ao cesto do rival.

Significa dizer que, para alcançar Dilma, Serra precisa “roubar” dela algo como quatro pontos percentuais. Difícil, mas não impossível.

É preciso saber agora se o crescimento de Serra é uma tendência ou mera acomodação do eleitorado.

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Fonte:
Folha de S. Paulo

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