Ídolos do PT são tão cínicos e corruptos quanto coronéis do NE, diz repórter alemão
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Correspondente alemão elege o pior e o melhor do Brasil recente |
O que diz um jornalista alemão sobre os recentes avanços da economia brasileira e os escândalos políticos? O correspondente Alexander Busch, radicado no país há quase duas décadas, tenta responder no livro "Brasil, País do Presente - O Poder Econômico do Gigante Verde", lançamento da editora Cultrix.
Ele escreve para veículos como "WirtschaftsWoche" (Semana Econômica), "Handelsblatt (Jornal do Comércio) e a revista suíça "Finanz und Wirtschaft" (Finanças e Economia). O repórter foi criado na Venezuela, formou-se em jornalismo em Colônia (Alemanha) e estudou economia e política em Colônia e Buenos Aires. Vive e trabalha em São Paulo e Salvador.
Em sua obra, ele conta que o Brasil ainda é refém dos estereótipos como "futebol, samba, carnaval e praia, de uma sociedade profundamente injusta, marcada pela corrupção e pela violência bárbara". Isso fez, na análise do jornalista, que "a ascensão do Brasil à condição de potencial mundial" fosse ignorada, quase sem repercussão na Alemanha.
"O país já fracassou anteriormente em suas tentativas de ascensão, e depois disso deixamos de nos interessar por ele. Não é a primeira vez que o Brasil tenta 'decolar' rumo à condição de potência econômica mundial. Nos anos 70, o país vivia numa situação parecida com a da China de hoje", escreve Busch.
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Jornalista alemão Alexander Busch está no Brasil há quase 2 décadas |
Ao retratar as últimas transformações do Brasil, o correspondente cita detalhes do cotidiano. "Quando quero dar a um visitante uma ideia do boom econômico brasileiro dos últimos anos, levo-os de metrô até a Zona Leste de São Paulo. Em 10 anos, essa região da metrópole de 12 milhões de habitantes viveu uma ascensão surpreendente. Ainda em meados dos anos 90, a Zona Leste parecia não ter futuro", narra na página 27.
Ele também descreve os efeitos do crescimento do mercado interno ("Os shopping centers cada vez mais numerosos e geralmente abarrotados da antiga periferia") e das mudanças na paisagem urbana ("As igrejas católicas desapareceram. Os evangélicos dominam totalmente a Zona Leste. Seus templos parecem com versões da Acrópole nos parques de Walt Disney").
Os capítulos mais contundentes avaliam o desencanto da classe média com os escândalos de corrupção que atingiram o governo do presidente Lula. "Para a grande maioria dos brasileiros, os políticos são invariavelmente corruptos, os partidos são organizações mafiosas e Brasília é um antro de devassidão", compara Busch.
O correspondente relembra os casos de corrupção mais ruidosos e como o governo Lula se comportou nesses episódios. "As diferenças de renda, o baixo nível educacional da maioria e a pobreza ainda arraigada tornam o Brasil um alvo fácil de políticos demagogos", observa o jornalista.
Ele escreve que "todos ficaram muito decepcionados ao perceber que os ídolos da esquerda brasileira eram tão cínicos, tão corruptos e tão sedentos de poder quanto os velhos 'coronéis' do Nordeste ou os 'dinossauros' da política, como o paulista Paulo Maluf".