Eles pensam que os eleitores são idiotas, por Augusto Nunes

Publicado em 14/10/2010 16:48

Eles pensam que os eleitores são idiotas

Dilma Rousseff tem o direito de acreditar ou não em Deus, em Nossa Senhora, em um santo ou em todos, em Lula, no PT ou nas aparições regulares de ETs em Varginha. Pode frequentar igrejas ou não fazer ideia do que é uma missa. Está liberada para decorar a Bíblia ou não conseguir recitar a Ave Maria. E deve sentir-se à vontade tanto para defender quanto para criticar a legalização do aborto. Mas não tem o direito de mentir, sejam quais forem as condições de temperatura e pressão da campanha presidencial.

Lula pode advogar em defesa do casamento entre pessoas do mesmo sexo ou lutar para que jamais seja instituído. Tem o direito de endossar integralmente o Programa Nacional de Direitos Humanos ou opor-se a alguns tópicos. Mas não pode endossar ou repelir simultaneamente a mesma coisa. Ou acha isto ou acha aquilo. Estejam como estiverem as curvas das pesquisas eleitorais, um presidente da República tem o dever de expressar claramente o que pensa. O vídeo divulgado pelo blog do Josias de Souza reafirma que, para eleger a sucessora, Lula está enganando o país.

Nem Dilma nem Lula têm o direito de contar mentiras para ganhar a eleição. Claro que ambos apoiam sem restrições todas as propostas do PNDH. Claro que Dilma não sabe da missa nem o começo, que Lula aceita com naturalidade a união homossexual. Não há nada de errado nisso. Se fossem sinceros, estariam apenas exercendo a liberdade de crença e de opinião que a Constituição garante. Em vez disso, resolveram tratar todos os brasileiros como um bando de idiotas. Logo descobrirão que a maioria não é.


Celso Arnaldo e o ministro que só usa a cabeça para fazer sinais de concordância no papel de papagaio de pirata de Dilma

Implacável caçador de cretinices, Celso Arnaldo não deixa escapar sequer as que se expressam por gestos. Por ter achado extenso o texto anterior, o nosso especialista em dilmês deixou para a prorrogação o enquadramento de Juca Ferreira, ministro da Cultura de Lula e ministro do Sim da campanha de Dilma Rousseff. De passagem, Celso Arnaldo detona o conluio criminoso que junta orelhas com argolas, mãos sem algemas, sindicalistas de resultados e catedráticos da USP — os únicos professores da história do Brasil que reprovam alunos que não estudam e se ajoelham diante do Mestre que só lê a marca no rótulo. Divirta-se:

Por falta de espaço, já que o texto era bastante extenso, deixei de registrar a presença do notório Juca Ferreira, ministro da Cultura de Lula, como papagaio de pirata da Dilma na entrevista da Bienal – o segundo vídeo de meu post.

É o ministro que outro dia, em resposta indignada a uma suposta “campanha de difamação”, se transformou no Juquinha inconveniente das piadas ao assegurar que seu pinto, seu estômago, seu coração e seu cérebro eram uma linha só.

Chamam a atenção no ministro, de início, o vistoso brinco de argola na orelha direita e os curativos na esquerda – talvez indícios de tratamento de acupuntura. Socialista histórico, e sempre alternativo, esse ministro. Provavelmente é mais um cliente do Gu Zhou-Ji, o acupunturista da Casa Civil. Nós pagamos aqueles esparadrapos na orelha do Juca. Com a nomeação dele, a Dilma realmente Gu Zhou com nossa cara.

Mas o que mais ressalta à vista, no vídeo, são seus meneios de cabeça, em sinal de concordância, enquanto Dilma despeja sandices sobre bibliotecas andantes e a importância da leitura — com uma sintaxe de quem nunca abriu um livro na vida a não ser para transformá-lo numa claquete improvisada para matar mosquito (uma vez, ainda menino, esmaguei um pernilongo estufado de sangue com uma edição antiga de “O Ateneu”, de meu pai. Só anos depois ele notaria as duas páginas arrancadas para encobrir a prova do mosquiticídio, sem atinar com o autor).

Não parece, pelo trabalho pífio à frente do ministério ou por suas manifestações pessoais, mas Juca Ferreira, exilado nove anos na Europa, estudou Línguas Latinas na Universidade de Estolcomo e Ciências Sociais na Universidade de Sorbonne, onde se graduou.

Ouvir Dilma -– se lhe sobra alguma retidão intelectual –- deve ser um suplício para suas orelhas adornadas por brincos e esparadrapos. Os curativos talvez sejam para neutralizar as agulhadas das sandices de sua presidente. No entanto, avaliza-lhe a fala sem nexo e sem verdade com seus meneios um tanto envergonhados de falsa aprovação. A depender desta entrevista, os planos de Dilma para a pasta hoje comandada por Juca Ferreira estão abaixo das expectativas da família Tiririca

O mais assustador, no insano “Projeto Dilma”, é esse conluio criminoso das forças centrípetas que gravitam em torno do PT – da raia miúda do sindicalismo de resultados a catedráticos da USP. Todos fingem que estão apoiando uma estadista – que, na verdade, não passa de um acidente da história. Se mais um pedaço do Brasil se conscientizar disso no dia 31 de outubro, o logro não merecerá mais do que um rodapé nos livros das “bibliotecas clássicas” que Dilma nunca frequentou.

A senhora acredita em Deus?, quer saber o repórter. Antes da entrevista parcialmente reproduzida no vídeo, havia apenas três respostas para a pergunta formulada há muitos e muitos séculos:

1. Sim.
2. Não.
3. Ainda não tenho opinião formada sobre isso.

Agora existe uma quarta opção: “Penso como Dilma Rousseff”. Quer dizer mais ou menos o seguinte: “Não acredito, mas me disseram pra fingir que sim”. Confira:

Eleição presidencial, convém ressalvar, não é concurso para sacristão. Mas o Brasil não merece ser governado por uma figura incompatível com a verdade. Modificada pela derrapagem da candidata na questão do aborto, a biografia oficial informa que Dilma teve “uma sólida formação religiosa”. Na entrevista, a carola desde criancinha só consegue pronunciar a palavra religiosidade na quarta tentativa. Se estivesse plugada num detector de mentiras, é difícil saber qual dos dois explodiria primeiro.

(do blog de reinaldo Azevedo):

E DILMA ACREDITA EM DEUS? ELA RESPONDE!

Escrevi  um post em que convido o PT e os petistas a terem a coragem de assumir o que de fato pensam. E que “façam o debate na sociedade”, ora essa!, como eles gostam de dizer. Ridículo é tentar fazer de Dilma Rousseff uma pessoa pia, dessas que freqüentam a Igreja. Convenham: ela se atrapalhou no “Pelo Sinal da Santa Cruz…”

Naquela entrevista a Datena há alguns meses, Dilma já havia chamado Nossa Senhora de “deusa”, inaugurando o politeísmo cristão! Na sabatina promovida pela Folha, em 2007 - aquela em que defendeu com veemência a descriminação do aborto -, ela também respondeu se acredita ou não em Deus

Transcrevo um trecho da resposta:
(…)

Eu não acho que a gente pode achar que só existe o… aquele seu Deus, entende? Eu acho que você tem de ter, assim, uma abertura para contemplar todas as possibilidades (…) Eu me equilibro nessa questão: ‘Será que há [Deus], será que não há?”

Volto ao ponto. Ninguém é obrigado a acreditar em Deus! É muito mais honesto dizer “Não acredito, respeito quem acredita e nada farei contra a fé!” O problema não é o eventual ateísmo de ninguém, mas a insinceridade.

Ao fazer o seu manifesto aos evangélicos, convém que Dilma meça muito bem as palavras.

Por Reinaldo Azevedo

Gilberto Carvalho vê “evolução” em Dilma…

Na Folha:
Chefe de gabinete do presidente Lula e um dos principais interlocutores do PT com a Igreja Católica, Gilberto Carvalho afirmou ontem que Dilma Rousseff (PT) passou por uma “evolução do pensamento” em relação à questão do aborto. Antes da campanha, Dilma se manifestou favorável, pelo menos duas vezes, à descriminalização do aborto. Já na campanha, se disse contra o aborto e favorável à manutenção da legislação atual, que só permite a prática em casos de estupro e risco de morte para a mãe.

Folha - O que o sr. achou do panfleto de um braço da CNBB, que associa Dilma à defesa do aborto?
Gilberto Carvalho -
 Não é uma vontade da igreja. A CNBB já reafirmou que não tem posição na atual campanha e que quem fala pela CNBB é só seu comando. Não tenho dúvida de que o campo adversário utilizou-se de um documento produzido por um braço da entidade e o distribuiu com fins eleitorais.

Como vê esse documento?
Acho um absurdo, cheio de mentiras. Ele não olha a condição da realidade brasileira, se presta a uso eleitoral do mais baixo nível.

Mas a Dilma defendeu, antes da eleição, a descriminalização. Agora, ela se diz contra.
É um processo de evolução dela nessa questão.

Não há uma contradição?
Não vejo contradição, mas evolução do pensamento. Ela, vendo a realidade do país, toma essa atitude… Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Trata-se, sim, de uma escolha moral! Ou se deve travar o debate amoral?

Olavo de Carvalho publica hoje, no Diário do Comércio, um artigo primoroso intitulado “Lógica do abortismo”. Observem: não se trata de satanizar questionamentos, dúvidas etc. São legítimos. Os humanos duvidam mesmo. Isso também é da nossa natureza, felizmente. Tampouco é verdade que aqueles que se opõem à legalização pretendem levar para o banco dos réus “milhões de mulheres” - essa fantasia numérica criada pelos abortistas. Esse debate é torto. A questão é, sim, de fundo moral. Leiam.

*

O aborto só é uma questão moral porque ninguém conseguiu jamais provar, com certeza absoluta, que um feto é mera extensão do corpo da mãe ou um ser humano de pleno direito. A existência mesma da discussão interminável mostra que os argumentos de parte a parte soam inconvincentes a quem os ouve, se não também a quem os emite. Existe aí portanto uma dúvida legítima, que nenhuma resposta tem podido aplacar. Transposta ao plano das decisões práticas, essa dúvida transforma-se na escolha entre proibir ou autorizar um ato que tem cinqüenta por cento de chances de ser uma inocente operação cirúrgica como qualquer outra, ou de ser, em vez disso, um homicídio premeditado. Nessas condições, a única opção moralmente justificada é, com toda a evidência, abster-se de praticá-lo.

À luz da razão, nenhum ser humano pode arrogar-se o direito de cometer livremente um ato que ele próprio não sabe dizer, com segurança, se é ou não um homicídio. Mais ainda: entre a prudência que evita correr o risco desse homicídio e a afoiteza que se apressa em cometê-lo em nome de tais ou quais benefícios sociais hipotéticos, o ônus da prova cabe, decerto, aos defensores da segunda alternativa. Jamais tendo havido um abortista capaz de provar com razões cabais a inumanidade dos fetos, seus adversários têm todo o direito, e até o dever indeclinável, de exigir que ele se abstenha de praticar uma ação cuja inocência é matéria de incerteza até para ele próprio.

Se esse argumento é evidente por si mesmo, é também manifesto que a quase totalidade dos abortistas opinantes hoje em dia não logra perceber o seu alcance, pela simples razão de que a opção pelo aborto supõe a incapacidade - ou, em certos casos, a má vontade criminosa - de apreender a noção de “espécie”. Espécie é um conjunto de traços comuns, inatos e inseparáveis, cuja presença enquadra um indivíduo, de uma vez para sempre, numa natureza que ele compartilha com outros tantos indivíduos. Pertencem à mesma espécie, eternamente, até mesmo os seus membros ainda não nascidos, inclusive os não gerados, que quando gerados e nascidos vierem a portar os mesmos traços comuns. Não é difícil compreender que os gatos do século XXIII, quando nascerem, serão gatos e não tomates.

A opção pelo abortismo exige, como condição prévia, a incapacidade ou recusa de apreender essa noção. Para o abortista, a condição de “ser humano” não é uma qualidade inata definidora dos membros da espécie, mas uma convenção que os já nascidos podem, a seu talante, aplicar ou deixar de aplicar aos que ainda não nasceram. Quem decide se o feto em gestação pertence ou não à humanidade é um consenso social, não a natureza das coisas.

O grau de confusão mental necessário para acreditar nessa idéia não é pequeno. Tanto que raramente os abortistas alegam de maneira clara e explícita essa premissa fundante dos seus argumentos. Em geral mantêm-na oculta, entre névoas (até para si próprios), porque pressentem que enunciá-la em voz alta seria desmascará-la, no ato, como presunção antropológica sem qualquer fundamento possível e, aliás, de aplicação catastrófica: se a condição de ser humano é uma convenção social, nada impede que uma convenção posterior a revogue, negando a humanidade de retardados mentais, de aleijados, de homossexuais, de negros, de judeus, de ciganos ou de quem quer que, segundo os caprichos do momento, pareça inconveniente.

Com toda a clareza que se poderia exigir, a opção pelo abortismo repousa no apelo irracional à inexistente autoridade de conferir ou negar, a quem bem se entenda, o estatuto de ser humano, de bicho, de coisa ou de pedaço de coisa.

Não espanta que pessoas capazes de tamanho barbarismo mental sejam também imunes a outras imposições da consciência moral comum, como por exemplo o dever que um político tem de prestar contas dos compromissos assumidos por ele ou por seu partido. É com insensibilidade moral verdadeiramente sociopática que o sr. Lula da Silva e sua querida Dona Dilma, após terem subscrito o programa de um partido que ama e venera o aborto ao ponto de expulsar quem se oponha a essa idéia, saem ostentando inocência de qualquer cumplicidade com a proposta abortista.

Seria tolice esperar coerência moral de indivíduos que não respeitam nem mesmo o compromisso de reconhecer que as demais pessoas humanas pertencem à mesma espécie deles por natureza e não por uma generosa - e altamente revogável — concessão da sua parte.

Também não é de espantar que, na ânsia de impor sua vontade de poder, mintam como demônios. Vejam os números de mulheres supostamente vítimas anuais do aborto ilegal, que eles alegam para enaltecer as virtudes sociais imaginárias do aborto legalizado. Eram milhões, baixaram para milhares, depois viraram algumas centenas. Agora parece que fecharam negócio em 180, quando o próprio SUS já admitiu que não passam de oito ou nove. É claro: se você não apreende ou não respeita nem mesmo a distinção entre espécies, como não seria também indiferente à exatidão das quantidades? Uma deformidade mental traz a outra embutida.

Aristóteles aconselhava evitar o debate com adversários incapazes de reconhecer ou de obedecer as regras elementares da busca da verdade. Se algum abortista desejasse a verdade, teria de reconhecer que é incapaz de provar a inumanidade dos fetos e admitir que, no fundo, eles serem humanos ou não é coisa que não interfere, no mais mínimo que seja, na sua decisão de matá-los. Mas confessar isso seria exibir um crachá de sociopata. E sociopatas, por definição e fatalidade intrínseca, vivem de parecer que não o são.

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Augusto Nunes (Revista Veja

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