Setores do PMDB lulista começam desembarcar da candidatura Dilma

Publicado em 15/10/2010 08:26

Setores do PMDB desembarcam da candidatura Dilma

Por Christiane Samarco, no Estadão:


Setores do PMDB lulista deram a partida na operação de desembarque da candidatura de Dilma Rousseff. Em meio à queda da petista nas pesquisas de intenção de voto, o diretório do PMDB do Rio Grande do Sul decidiu ontem, por maioria, depois de quatro horas de reunião, recomendar o voto no tucano José Serra.

Ao mesmo tempo em que algumas regionais do partido dão passos concretos em direção à Serra, líderes nacionais do PMDB que foram colocados de escanteio pela cúpula do PT na campanha de Dilma, ou atropelados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições estaduais, cruzam os braços no segundo turno.

Até o candidato a vice na chapa petista e presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), tem revelado desânimo nos bastidores. A vários interlocutores, ele se queixou de que foi marginalizado pelo PT na campanha. “Me esconderam, e agora estão tentando reparar”, disse a um correligionário, destacando que os petistas só pediram sua ajuda depois que “levaram um susto”. O PT estava certo de que levaria a eleição no primeiro turno. Com Lula à frente, não precisavam de mais ninguém.

Ao mesmo tempo, a presença do presidente nacional do partido no posto de vice inibe a movimentação de peemedebistas descontentes e o sentimento de revanche dos que se sentiram traídos pelo PT nestas eleições.

Um deles foi o deputado Geddel Vieira Lima, que disputou o governo da Bahia. Ele disse ter perdido a eleição para Lula, e não para o governador reeleito Jaques Wagner (PT). Geddel já avisou que o rompimento entre PT e PMDB na Bahia não tem retorno. Seus interlocutores, contudo, não têm dúvidas de que ele vai cumprir o acordo nacional pró-Dilma. Mas avisam que o apoio será “formal” e que Geddel não perderá “um minuto de seu tempo” pedindo votos para a petista.

No Pará, o senador eleito Jader Barbalho (PMDB) é outro que deve reafirmar apenas apoio formal a Dilma. O PMDB disputou o governo local com candidato próprio e Jader deve anunciar, nos próximos dias, que o partido está liberado para votar em quem quiser no segundo turno, em que a briga é entre a governadora Ana Júlia Carepa (PT) e o ex-governador tucano Simão Jatene.

Na avaliação de um correligionário de Jader, liberar o voto significa, na prática, abrir caminho para a adesão à candidatura de Jatene. Como o tucano toca a campanha em conjunto com Serra, com o discurso de que “Dilma é a Ana Júlia do Brasil”, a aposta geral é que a regional do PMDB também está prestes a desembarcar da candidatura de Dilma.

Um importante dirigente nacional do PMDB adverte que a situação de Dilma é grave porque a onda que afetou a popularidade da petista não é um problema de partidos nem de lideranças políticas, e sim de opinião pública. Segundo ele, a cúpula peemedebista identifica uma onda a favor de Serra, que “nem mesmo Lula” tem poderes para conter.

Em Minas, Aécio comanda ato com quase 400 prefeitos em apoio a Serra. O clima mudou

Por Eduardo Kattah, no Estadão:


Amparado pela liderança política do ex-governador Aécio Neves, o presidenciável José Serra (PSDB) deu demonstrações, ontem, de que aposta numa virada em Minas Gerais no segundo turno para eleger-se presidente da República. Aécio reuniu 398 prefeitos do Estado - de um total de 853 - em ato que em nada lembrava a apatia do primeiro turno.

Eleito senador por larga margem de votos, e tendo feito seu sucessor no Estado, Antonio Anastasia, Aécio comandou um encontro onde o engajamento pró-Serra e a farta distribuição de materiais de campanha deixavam evidente que a adrenalina era outra. Além de exibir a força política do ex-governador, a reunião revela a nova estratégia tucana: combater o chamado voto “dilmasia”, que juntava Dilma Rousseff (PT) e Anastasia.

Orientado por Aécio, Serra assumiu um compromisso em relação ao Fundo de Participação de Municípios (FPM), sem mencionar aumento do porcentual de repasses a prefeitos. Ele também se autoproclamou um municipalista. “Minha proposta é que não seja dado mais nenhum incentivo (fiscal) sem que haja automaticamente a reposição aos municípios”, disse Serra. A coordenação de campanha considera que os prefeitos, assim como foram fundamentais na virada de Anastasia, serão protagonistas numa eventual reversão do quadro em Minas no segundo turno.

No Estado, segundo colégio eleitoral do País, Dilma Rousseff teve uma vantagem de quase 17 pontos porcentuais sobre Serra (46,98% a 34,18%). Agora, os tucanos mineiros estão com os olhos voltados para os 21,25% dos votos válidos que Marina Silva (PV) teve no Estado. O PV é aliado de Aécio em Minas.

Novos painéis fotográficos em que Aécio e Serra se abraçam, sob o slogan “Minas é Serra, pelo Brasil”, foram criados exclusivamente para o segundo turno. Prefeitos levaram ainda sacolas de adesivos, panfletos e outras peças para seus municípios.

“O mais mineiro”. Bandeira de Minas nas costas, Serra disse à plateia, formada por prefeitos, vice-prefeitos, deputados e lideranças regionais: “Quero ser o mais paulista dos mineiros e o mais mineiro dos paulistas.” Ao final do evento, o presidenciável assumiu a importância de Aécio para sua eleição: “Trata-se de uma das figuras mais importantes da política brasileira. É o homem que vai ser presidente do Brasil um dia. É o homem que vai me ajudar muito neste segundo turno em Minas e no Brasil.” Aécio fez o ataque mais direto ao PT e ao governo federal. “O PT, sempre que teve que optar entre o interesse do Brasil e o interesse partidário, ficou com o interesse partidário”, atacou o senador eleito, citando a posição petista contra o colégio eleitoral em 1985, contra o Plano Real e contra o governo de Itamar Franco. “A vitória completa da boa prática política, da seriedade e da eficiência na gestão pública, só existirá com a vitória de José Serra”, prosseguiu.

“Como presidente eu vou estar ligado às prioridades do Estado. Os meus parceiros vão ser o governador Anastasia, os nossos queridos senadores eleitos Aécio Neves e Itamar Franco”, discursou o tucano paulista, que desfiou inúmeros elogios a seus cabos eleitorais mineiros. Itamar, por exemplo, foi chamado de “exemplo de decoro”.

Presidente da Vale critica pressão de petistas

Por Pedro Soares, na Folha:


O presidente da Vale, Roger Agnelli, disse ontem estar seguro no cargo e negou que tenha sofrido pressão do governo para deixar a companhia, mas atacou setores do PT que estariam ávidos por “uma cadeira” dentro da mineradora, a maior companhia privada do país. “Tem muita gente procurando uma cadeira. E é geralmente gente do PT”, disse Agnelli, ao ser indagado sobre a pressão de setores do governo para deixar o posto.

Desde 2001 na presidência da Vale, Agnelli disse manter boa relação tanto com o presidente Lula como com a candidata Dilma Rousseff (PT), e rejeitou a tese de uma suposta pressão para a sua saída da empresa ou para que ela realize mais investimentos. “Fui do Conselho de Administração junto com ela [Dilma]. Temos um relacionamento muito bom. Não existe pressão”, disse Agnelli.

Segundo ele, a pressão que sofre vem exclusivamente do Conselho de Administração e tem relação apenas com a obtenção de resultados e a gestão da companhia. Ele nega, portanto, a ingerência política de dois dos maiores acionistas e vinculados ao governo: o estatal BNDES e a Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil.

“Se tiver alguma pressão, virá dos acionistas e virá na hora que eles quiserem [trocar o comando da empresa]. Do Lula, acho que não. Ele sempre foi muito direto e transparente comigo. A Dilma, idem”, disse. Para Agnelli, existem setores do PT “que não aceitam a privatização da Vale” até hoje e explicitam essa posição.

Ainda assim, o executivo considera a sua relação “boa” tanto como o governo como com o partido. “A Vale está na melhor fase da sua história e cresceu muito durante o governo Lula”, afirmou. Segundo o executivo, a Previ, maior acionista da companhia, foca sua posição dentro da Vale na busca por resultados e no interesse dos seus participantes -cujos benefícios dependem do sucesso dos investimentos realizados pelo fundo. 

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Fonte:
Estadao/Folha

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