Grãos: Conab mantém otimismo em MT
Mesmo apontando as dificuldades do Estado em dar seqüência ao plantio de soja – que segue abaixo dos anos anteriores – a Conab aponta incremento de 4,3% na produção de soja e de 11,9% na do milho safrinha, cultura que depende do fim do ciclo da soja até 20 de fevereiro para poder ser plantado a tempo de ainda receber chuvas. Em função da possibilidade de atrasos também na colheita da soja, o milho pode perder a janela de plantio – melhor período à semeadura – e assim recuar em área como também na produtividade.
Mas, a maior parte do otimismo dos números referentes à safra mato-grossense divulgados nesta quarta-feira (10), no segundo levantamento de acompanhamento feito pela Conab, está alicerçada no algodão. A cultura vem contabilizando bons preços tanto no mercado internacional quanto no doméstico, neste último, há reportes de cotação acima de R$ 81 pela arroba no sul do Estado. Em Nova York – a Chicago do algodão – a alta nos últimos 30 dias é de 44,3%.
A cotonicultura deverá expandir sua área em até 40% e a produção em 58%. Se as projeções se confirmarem, a área cultivada – a partir de dezembro – passará dos atuais 428,1 mil hectares (ha) para até 599 mil. A produção de pluma atingiria 922 mil t contra 856,2 mil da safra 09/10. Conforme a Conab, Mato Grosso consolida por mais uma temporada a posição de maior produtor nacional. Esse crescimento anual – já apontado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) na semana passada – “está sendo previsto principalmente na primeira safra, o que em parte é creditado ao retardamento do plantio da soja, devido, sobretudo a falta de chuva em quantidade ideal, reduzindo acentuadamente a janela de plantio para o cultivo da segunda safra”.
Na semana passada, o Imea já havia observado esta tendência de inversão no Estado, já que até a safra passada quase 60% da pluma vinha da safrinha. Para 10/11 a estimativa é de que a “safrona” responda por até 58% da oferta estadual de pluma. Pelo Imea, num primeiro levantamento, a expansão de área ultrapassa a casa dos 27%, mas o superintendente, Otávio Celidônio, havia antecipado que o número pode ser superado “e muito”, no próximo levantamento mensal.
SOJA – Enquanto o Imea estima uma produção 2% menor no Estado, em função da perda de área para a primeira safra do algodão, conseqüência do atraso na semeadura e da conseqüente perda da janela de plantio, a Conab projeta expansão de 4,3%. O Estado é o maior produtor da oleaginosa no Brasil.
Neste novo levantamento, a área cultivada com oleaginosa passaria de 6,22 milhões ha para 6,39 milhões. Há estimativa de alta também para a produtividade, 1,5% maior, ao atingir 3.060 mil quilos/ha para 3.015. A produção contabilizaria 19,58 milhões t, ante 18,76 milhões da safra passada.
MILHO – Para a safrinha, a Conab prevê incremento na produção de 11,9%. Mato Grosso tem a maior safrinha de milho do país. O Imea, em seu primeiro levantamento, projetou recuo de 9,3%, em função dos problemas já citados acima. A Companhia acredita que o grão passará de 7,70 milhões t para 8,62%. O ganho de uma safra para outra virá da produtividade, que será ampliada no mesmo percentual, pois a estimativa é de que atinja 4.530 quilos/ha, contra 4.047.
Das grandes culturas mato-grossenses apenas o arroz teve a produção apontado com declínio, que pode chegar a 14,7%. Mato Grosso é o terceiro na produção nacional e deverá ter mais um ano de dificuldades, já que a produção prevista passaria de 742 mil t para cerca de 633 mil. A área deve encolher 15%, ao passar de 246 mil ha para 209,9 mil.
ALERTA - Segundo os órgãos oficiais de meteorologia, a previsão para os meses de novembro, dezembro e janeiro/2011 é de as precipitações ocorrerem dentro da média. No Centro-Oeste, espera-se grande volume de chuvas em janeiro/11, o que poderá prejudicar a maturação e a colheita da soja precoce, além da qualidade da fibra do algodão primeira safra, plantado mais cedo. O excesso de chuvas, poderá também prejudicar os tratos culturais e favorecer o ataque de doenças fúngicas.