Acusada de ser sanguessuga é nomeada para a equipe de Dilma

Publicado em 11/11/2010 09:10
Advogada denunciada em 2008 receberá R$ 2.600 para "atender telefone" -- Christiane Oliveira diz que não sabe o que fará e atribui cargo a "ajuda" de seu pai, que é pastor, à campanha de Dilma

A advogada Christiane Araújo de Oliveira, 30, denunciada em 2008 pelo Ministério Público Federal sob acusação de envolvimento com a máfia dos sanguessugas, foi nomeada para a equipe de transição da presidente eleita Dilma Rousseff.
O esquema, descoberto em 2006, consistia no direcionamento de licitações para a compra de ambulâncias por prefeituras com dinheiro de emendas parlamentares em troca de pagamento de propina para congressistas.
Apesar de a nomeação ter sido assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Carlos Eduardo Esteves Lima, a indicação veio da equipe da presidente eleita.
Christiane é um dos 20 nomes oficializados até ontem. Dilma pode indicar até 50 pessoas para sua equipe.
A assessoria da transição informou que a advogada, que receberá salário mensal de R$ 2.600, exercerá a função de secretária, com a atribuição de "atender telefonemas e anotar recados".
Localizada pela Folha ontem à tarde, Christiane disse não saber qual será sua função na equipe. Ela disse que tomou conhecimento da nomeação pela reportagem.

EM NOME DO PAI
"Eu nem sei ainda [sua função], estou falando sério. Eu estava aguardando, esperando [a nomeação]", disse. Christiane afirmou que provavelmente sua nomeação se deveu ao apoio que seu pai, um pastor evangélico cujo nome ela não citou, prestou à campanha de Dilma.
A advogada disse que tem "a consciência tranquila" sobre o processo e que não cometeu irregularidades. "Não fui condenada em nada."
Christiane é ré na Justiça Federal em Arapiraca (AL), desde 2008, em processo que apura supostos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e fraude em licitações no caso sanguessuga.
Na época, Christiane era assessora do então deputado federal João Caldas (AL), do antigo PL (hoje PR).
A denúncia, assinada pelo procurador da República Daniel Ricken, cita trecho de depoimento do empresário Darci Vedoin, pivô do esquema.
O procurador justificou a denúncia dizendo que Christiane era quem fazia contato com os prefeitos no interior de Alagoas "para acertar os detalhes sobre o direcionamento de licitações".
A advogada recém-nomeada para a equipe de Dilma também é ré em outras duas ações por improbidade administrativa, também na Justiça Federal alagoana. Ainda não houve sentença em nenhum dos casos.
A assessoria da equipe de transição informou que o nome de Christiane, assim como os dos outros 19 já nomeados, passou por análise prévia da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), que não teria detectado nada que a desabonasse.
A Abin confirmou, por meio de sua assessoria, ter sido acionada para a checagem dos nomeados, mas disse que não poderia comentar qualquer caso concreto.
A assessoria informou que a opinião da agência "não é vinculante" para a escolha dos assessores.

Cabeleireira vai receber R$ 6.800 como secretária

O governo vai pagar mais de R$ 6.800 para uma cabeleireira gaúcha trabalhar como secretária na equipe de transição da presidente eleita Dilma Rousseff.

Márcia Westphalen é uma das 13 pessoas nomeadas ontem para compor o governo de transição de Dilma Rousseff, até a posse da nova presidente.
Até 2009, ela trabalhava como cabeleireira num salão de beleza em Porto Alegre. Manteve até ontem à tarde no ar um blog sobre "cabelos, tendências e dicas de visual". O blog saiu do ar após a Folha entrar em contato com o governo de transição.
No blog, se apresentava dizendo já ter morado em "vários países" e trabalhado "em salões de diversos estilos". Afirmava ainda que, "por ideologia, não faço alisamento, escovas progressivas ou qualquer outro processo agressivo".
Segundo o governo de transição, Westphalen é formada em direito e foi selecionada por análise de currículo pela campanha de Dilma, quando passou a atuar, de acordo com a assessoria, como secretária trilíngue.
À Folha Westphalen informou outra função. Também disse que foi selecionada por análise de currículo, mas que trabalhou na área de "apoio de produção", auxiliando na organização de eventos da campanha de Dilma.
Sobre seu papel no governo de transição, disse que ainda não sabia qual seria sua função, mas negou que fosse trabalhar como cabeleireira.

"Faz-tudo" de Dilma, ex-office-boy é nome certo para o futuro governo

Ministros, presidentes de partidos, integrantes de legendas aliadas travam nos bastidores uma guerra por cargos no futuro governo Dilma. Enquanto as peças desse quebra-cabeça são mantidas em sigilo, um ex-office-boy já garantiu seu lugar ao lado da presidente eleita nos próximos quatro anos.
Anderson Braga Dorneles, 31, é uma espécie de "faz-tudo". Assessor pessoal de Dilma, se transformou na "sombra" da petista. Suas tarefas incluem segurar a bolsa, acompanhar a ex-ministra em reuniões, filtrar telefonemas, verificar e-mails e até mesmo administrar sua casa e contas pessoais.
O vínculo com Dilma vai além das tarefas do dia a dia. O assessor mantém relação com a família da presidente, em especial com a filha, Paula, e a mãe, Dilma Jane.
A relação de confiança teve início há 17 anos, na Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul, então comandada por Dilma, e onde Anderson trabalhava como office-boy.
Dilma o levou como estagiário para a Secretaria de Minas e Energia gaúcha e depois para o governo de transição do presidente Lula, em Brasília, em 2002.
Os dois ficaram mais próximos quando ela assumiu o Ministério de Minas e Energia. Nessa época, Anderson passou a frequentar a casa de Dilma e se tornou um "assessor para todas as horas".
Anderson tem informações sobre a reservada vida de Dilma: preferências gastronômicas, manias e exigências, por exemplo. Está sempre à disposição, mesmo nos fins de semana, sendo o último a ser liberado.
A dedicação fez com que trancasse a faculdade de direito durante a campanha.
Em comum, eles têm a torcida pelo Internacional.
Mas, apesar da lealdade à presidente eleita, Anderson passou dificuldades com o temperamento de Dilma. Por mais de uma ocasião chegou a pedir demissão. Em 2004, largou tudo e voltou para Porto Alegre, onde ficou por oito meses.
Durante a campanha presidencial, Anderson afastou-se por uma semana devido a uma crise de estresse.
Discreto, recusa-se a dar entrevistas. Argumenta que não quer, e não deve, falar sobre Dilma. Pessoas próximas relatam que ele tem com a presidente uma espécie de relação de "mãe e filho".
Sobre o futuro, Anderson diz a amigos que não espera cargos no governo, somente a alcunha de "assessor pessoal" da presidente eleita.

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Fonte:
Folha de S. Paulo

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