Socorro ao Panamericano ameaça império de Silvio Santos
Publicado em 11/11/2010 13:09
O Grupo Silvio Santos pode vender o controle do Banco
Panamericano para honrar arte do empréstimo de R$ 2,5 bilhões concedido à
holding do apresentador pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). A instituição ainda
não foi colocada à venda oficialmente, segundo fontes próximas à companhia. Mas
essa pode ser a primeira - e a mais rápida - solução para começar a arrecadar o
dinheiro.
Silvio Santos deu como garantia do empréstimo todas as 44 empresas da holding. O
banco, na visão do grupo, é um bom negócio. Seu problema era contábil. Com a
capitalização anunciada ontem, voltaria a atrair compradores. Silvio Santos estaria
disposto a se desfazer do Panamericano, segundo a reportagem apurou. Desde que
o Banco Central apurou a fraude contábil, há cinco semanas, o empresário tem
adotado uma postura bastante pragmática. Todas as opções de venda de patrimônio
serão analisadas. Quando uma participação minoritária foi vendida para a Caixa, há
um ano, o Panamericano foi avaliado em cerca de R$ 2 bilhões. A venda do banco
provocaria um forte impacto em todo o grupo, pois é, de longe, o negócio mais
importante e rentável.
No início de 2008, um executivo de um banco americano procurou Silvio Santos para
fazer uma oferta pelo Panamericano. Foi recebido na casa do apresentador. Silvio
não quis vender e teria dito algo como: “Trabalho todos os dias na televisão. Chego
de manhã e saio tarde da noite. No fim do ano, a TV me rende, no máximo, R$ 40
milhões. Quanto ao banco, nunca fui lá. Mas todo ano me dá até R$ 120 milhões.
Não quero vender. E posso correr risco de até uns R$ 2 bilhões no banco”. Na
mesma conversa, o banqueiro perguntou por que não vendia um pedaço do SBT
para a Televisa. Silvio disse que havia tentado, mas não havia encontrado
interessados.
No ano passado, o grupo teve uma receita de R$ 4,7 bilhões e um prejuízo de R$ 8
milhões. O SBT é a divisão mais conhecida, mas não é mais importante. Em 2009,
seu faturamento foi de R$ 734,7 milhões e o lucro, de R$ 44 milhões. Neste ano, a
previsão do mercado é que ela feche no vermelho. O grupo tem ainda outros
negócios, como a empresa de cosméticos Jequiti, a Sisan, de empreendimentos
imobiliários, e a rede de varejo Lojas do Baú Crediário - em 2009, após 50 anos de
operação, o Carnê do Baú foi encerrado e os serviços migraram para o varejo.
Problema familiar
A pessoas próximas, Silvio Santos tem dito que está angustiado e que quer resolver
a questão da dívida rapidamente. O apresentador disse a essas fontes que estuda
soluções como venda de participação no SBT. A liquidação do banco foi cogitada no
mercado. Mas Silvio Santos preferiu garantir o empréstimo na pessoa física a ver
sua imagem manchada pelo episódio. Aos 79 anos e uma das figuras mais
populares do País, Silvio Santos não ficou confortável em ter de ir para Brasília
passar o pires. Além do rombo, teve de lidar também com um problema familiar. O
Panamericano era comandado por um primo da sua mulher, Rafael Palladino, que
está no banco desde a sua criação e tem sido apontado como um dos responsáveis
pelo rombo.
Formado em Educação Física, Palladino já trabalhou como personal trainer, foi
professor na Universidade de São Paulo (USP) por 12 anos, gerenciou academias
de ginástica e montou uma rede de postos de gasolina. Segundo entrevista dada ao
portal da Catho há seis anos, ele foi convidado em 1990 por Silvio Santos para fazer
uma assessoria na área imobiliária e acabou contratado como prestador de serviços
de uma de suas empresas. Um ano depois, passou a atuar na área financeira do
grupo, sendo responsável pelo Banco Financeiro, que passou a se chamar
Panamericano. Procurado, Palladino disse que está “tranquilo” e que “vai ter gente
para apurar o que houve”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Fonte:
O Estado de S. Paulo