Juro futuro deve perder prêmios com liquidação de agrocommodities

Publicado em 12/11/2010 10:33
A liquidação de preços de commodities agrícolas no exterior em 
meio à expectativa de que a China anuncie, no fim de semana, um aperto monetário 
deve permitir uma redução das projeções das taxas de juros no mercado futuro de 
depósito interfinanceiro (DI) nesta sexta-feira. Do lado interno, o IGP-M mostrou que 
os preços dos produtos agrícolas no atacado desaceleram de 4,15% para 2,90%, o 
que pode arrefecer as pressões vindas dos alimentos nos índices de inflação para o 
consumidor, caso essa tendência se mantenha em novembro. Nos dados do varejo 
de setembro, a alta de 0,4% em setembro, ante agosto, ficou acima da mediana das 
expectativas, porém sinalizando uma acomodação ante o dinamismo dos meses 
anteriores.
 
Após os dados de inflação da China, divulgados na madrugada de quarta-feira para 
quinta-feira, cresce a expectativa de que Pequim deva anunciar uma elevação dos 
juros nos próximos dias. Hoje, o jornal estatal Securities Times informou que Pequim 
restringiu a compra de propriedades no país por estrangeiros, enquanto a Dow 
Jones informa que o país divulgou novas regras ambientais e de qualidade para 
produtos terra-rara antes das exportações, o que pode limitar a venda destes 
minerais, fundamentais para as indústrias modernas, em particular a eletrônica e a de 
automóveis.
 
As tensões se ampliam após os líderes mundiais não conseguirem selar um acordo 
sobre os desequilíbrios globais na arena do G-20. E no exterior, o quadro que se 
instala é de liquidação dos preços das commodities agrícolas, com o açúcar 
derretendo mais de 5%, o café cedendo 2% e o algodão, mais de 3%. Futuros de 
Trigo, milho e soja e derivados também cedem. As ações negociadas na Europa - 
que refletem também tensões sobre a situação fiscal na Irlanda - e os futuros de 
Nova York regridem, enquanto investidores buscam ativos mais seguros.
 
No que se refere à composição do novo governo brasileiro, a presidente eleita, 
Dilma Rousseff, deu sinais de que manterá Guido Mantega no Ministério da 
Fazenda. Hoje, o Banco Central realiza operação compromissada, repetindo o 
volume de R$ 5 bilhões de títulos da semana passada.
 
Às 10 horas, na BM&F, o DI futuro com vencimento em janeiro de 2012 projetava 
taxa de 11,55% ao ano, ante 11,60% do fechamento de ontem. O DI de janeiro de 
2013 projetava 11,93% ao ano nos primeiros negócios nesta manhã, ante 11,97% 
da véspera.

BOVESPA DEVE SEGUIR EM BAIXA, CONTAMINADA POR CHINA E 
COMMODITIES 
 
A véspera do fim de semana prolongado promete ser agitada para a 
Bovespa. A queda de mais de 5% da Bolsa de Xangai nesta sexta-feira 
desencadeou uma onda de aversão ao risco no exterior, penalizando principalmente 
os preços das matérias-primas (commodities), o que tende a ampliar o impacto 
negativo sobre os negócios locais. Além disso, a ausência de um acordo no G-20, 
ao final da reunião de cúpula em Seul, e as renovadas preocupações quanto à saúde 
fiscal em alguns países da Europa reduzem a disposição dos agentes em 
assumirem posições. Ao mesmo tempo, a safra doméstica de balanços divide as 
atenções com a agenda econômica dos EUA e pode inspirar movimentos nos 
ativos, elevando a volatilidade. Às 11h04, logo após a abertura do pregão regular, o 
índice Bovespa caía 0,63% a 70.749,68 pontos.
 
Enquanto os líderes dos países que representam as 20 maiores economias do 
mundo deixavam Seul sem nenhum acordo prático para contornar os desequilíbrios 
econômicos globais, a China registrava a maior queda porcentual de sua bolsa em 
mais de 14 meses, diante dos renovados temores sobre medidas mais agressivas 
de aperto monetário a serem adotadas por Pequim. "O que a China está fazendo é 
se prevenir de uma enxurrada de dólares que começou a ser despejada esta 
semana pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano), visando evitar o 
surgimento de uma bolha artificial e limitar o impacto dessa liquidez liberada pelos 
EUA", avalia o economista da Senso Corretora, Antônio Cezar Amarante.
 
Depois de o Banco do Povo da China (PBOC) anunciar o aumento do compulsório 
bancário em grandes bancos chineses, a partir da semana que vem, fontes disseram 
ao jornal estatal Securities Times que Pequim restringiu a compra de propriedades 
no país por estrangeiros. As medidas tiveram efeito principalmente nas 
commodities, diante dos receios de demanda mais contida pelos recursos básicos 
em meio às esforços do gigante emergente em controlar a alta dos preços e esfriar 
o curso da atividade. Por volta das 11 horas, o contrato futuro do petróleo leve 
negociado em Nova York, com vencimento em dezembro, caía 1,84%, a US$ 86,19 
por barril.
 
Pulando para o Ocidente, as atenções se concentram no ímpeto dos países em se 
reerguerem no pós-crise e o foco se volta para a fragilidade das finanças públicas 
de nações periféricas da zona do euro. Especulações de que um socorro financeiro 
iminente para a Irlanda estaria sendo trabalhado atenuaram as perdas das bolsas 
europeias e dos índices futuros de Nova York, mas autoridades irlandesas negaram 
o pedido de ajuda e disseram que a necessidade de financiamento do país em 
2011 é de 23,5 bilhões de euros, acima dos 20,5 bilhões de euros deste ano. No 
mesmo horário, o futuro do S&P-500 caía 0,72% e a Bolsa de Paris tinha a maior 
queda entre seus pares, de -1,10%.
 
Internamente, a semana chega ao fim com mais uma série divulgações de balanços 
corporativos. Entre as 17 empresas que apresentam resultado estão: Eletrobras, 
Cemig, TAM, Gol, BRF Brasil Foods, Brasil Ecodiesel, MMX e Sabesp. O Banco 
Panamericano, que iria apresentar seu balanço trimestral hoje, decidiu adiar a 
divulgação dos dados financeiros após o principal controlador da instituição anunciar 
um aporte de R$ 2,5 bilhões para cobrir um rombo nas contas. Ainda não foi definida 
uma nova data para apresentação dos demonstrativos financeiros do banco no 
trimestre passado. De qualquer forma, os recursos vindos do Fundo Garantidor de 
Crédito (FGC) aparecerão apenas nos dados do quarto trimestre de 2010.
 
E o mercado repercute hoje o lucro líquido de R$ 8,566 bilhões no terceiro trimestre 
deste ano, anunciado ontem a noite pela Petrobras. A cifra é 7,88% maior em 
relação ao mesmo período do ano passado, porém, ficou levemente abaixo da 
média das estimativas dos analistas consultados pela Agência Estado. A receita 
líquida da companhia no período alcançou R$ 54,739 bilhões, alta de 14,3% ante o 
mesmo período do ano passado, ocasionada principalmente pela recuperação dos 
preços do petróleo na comparação anualizada e pelo aumento do volume produzido 
ao longo do terceiro trimestre.


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Fonte:
O Estado de S. Paulo

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