Cana interrompe avanço da soja no Tocantins

Publicado em 23/11/2010 09:42
Cooperativa centrada em grãos se obriga a investir em alternativas como o leite. Canaviais devem abocanhar 40 mil hectares até o próximo ano.
Diferente do que ocorre na Bahia, Piauí e Maranhão, as lavouras de soja do Tocantins ficam espalhadas pelo estado e crescem à medida que os agricultores testam solo e clima de cada região. No maior bolsão tocantinense da cultura, em Pedro Afonso (Centro), no entanto, o cultivo passa por um solavanco. A expansão da produção de grãos bateu de frente com o cultivo da cana, ainda incipiente, mas claramente promissor.

Segundo a Conab, a cana avançou de aproximadamente 700 hectares para 26, mil hectares no último ano, com a instalação de uma usina da Bünge no município. As áreas plantadas com cana eram usadas na soja, que vem compensando a perda graças à conversão de áreas de Cerrado para a agricultura.

A área de cana do estado ainda é menor que a da Bahia e a do Maranhão, que cultivam 43 mil e 45 mil hectares respectivamente. Mas a produtividade já foi bem além da média regional de 70 toneladas por hectare. No ciclo 2010/11 devem ser colhidos 120 toneladas por hectare de cana no Tocantins. Os produtores de soja dão como certa a expansão dos canaviais.

“Neste ano, o impacto foi grande, mas as novas áreas da soja compensaram a expansão da cana. No ano que vem, não vai ter jeito, teremos redução. A cana vai chegar a 40 mil hectares”, prevê o presidente da Coapa, Ricardo Khouri. Em dois anos, a produção estadual deve passar de 15 mil para 4,5 milhões de toneladas por safra. A cooperativa se esforça para expandir o quadro de associados e continuar abrangendo 20 mil hectares. Dos 283 cooperados, atualmente, apenas 52 produzem soja.

O clima é de reviravolta. A Coapa, que planejava expandir negócios com o avanço contínuo da área de grãos, agora tenta explorar outros setores. Depois de quatro visitas a cooperativas do Paraná, onde a diversificação e a agroindustrialização se tornaram obrigatórias com o avanço da soja em larga escala em Mato Grosso, os diretores estão apostando na produção de leite. Estão sendo instalados oito tanques para recepção de até 16 mil litros. A produção se­­rá entregue ao laticínio Leitbom, que fica em Conceição do Araguaia, no Pará, a 180 quilômetros de Pedro Afonso.

Por enquanto, a usina de etanol dá prioridade ao cultivo da cana em áreas próprias. A Coa­pa teme expansão da monocultura e tenta evitar que produtores de grãos vendam suas ter­­ras. Uma das alternativas dis­­cutidas é a destinação planejada de par­­te das propriedades para canaviais, até o limite da de­­manda da in­­dústria de combustível. “Se não podemos vencer a cana, temos de saber trabalhar com ela”, afirma Khouri.

O produtor Ronaldo Ma­­ranhão, que planta 1.140 hectares de soja em Pedro Afonso, afirma que a oleaginosa precisa de complemento para se tornar sustentável atualmente. Como o milho tem pouca liquidez na região, ele cultiva pasto e engorda de 800 cabeças de gado por ano. Além disso, testa alternativas como a seringueira e avalia a implantação de uma floresta de eucalipto.

Na avaliação dos técnicos que migraram para a região e vivem a euforia da expansão da soja, a cana provocou apenas uma pausa no avanço da área de grãos do Tocantins. “A competição é forte, mas a região está cada vez mais estruturada. As terras estão se valorizando, mas ainda existe muito espaço disponível”, afirma o paranaense Wanderley de Souza.

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Fonte:
Gazeta do Povo

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