Mercado aprova indicação de Tombini e juro de longo prazo cai

Publicado em 25/11/2010 07:18

O mercado financeiro aprovou a indicação do economista Alexandre Tombini para a presidência do Banco Central (BC). Não só por meio de declarações entusiasmadas, comuns em momentos como este, mas pelo comportamento das taxas de juros no mercado futuro da BM&FBovespa. No curto prazo, essas taxas subiram. No longo, caíram. 

Significa dizer que os investidores, ao menos por enquanto, acreditam que o BC comandado por Tombini fará o que a maioria deles acha que tem de ser feito: elevar o juro básico (Selic) no início de 2011 para conter a escalada da inflação (que se encontra acima do centro da meta de 4,5% em 12 meses), o que abre espaço para quedas nos anos seguintes. 

O contrato de juro futuro para abril de 2011 subiu de 10,91% ao ano para 10,95%. Para julho do ano que vem, a taxa avançou de 11,30% para 11,38% ao ano. O DI (forma pela qual o contrato de juro é chamado no mercado) para janeiro 2012 cedeu de 11,83% para 11,82% ao ano. No contrato para janeiro de 2014, a queda foi ainda mais expressiva: de 12,32% para 12,16% ao ano.

"O BC de Tombini tem todas as condições de ser independente do ponto de vista operacional", definiu o economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn. Ele discorda da avaliação de muitos no mercado (geralmente expressa em conversas informais, porque ninguém quer se indispor de saída com a nova autoridade monetária), segundo a qual Tombini seria mais suscetível a pressões do Executivo na definição do juro básico. "Tombini tem tudo para fazer um trabalho bem sucedido."

Goldfajn conhece bem o próximo presidente do BC. Quando comandava a diretoria de Política Econômica do BC, o economista-chefe do Itaú tinha Tombini como subordinado – era o chefe do Departamento de Pesquisa. O Itaú estimava que a primeira elevação da taxa Selic ocorreria em abril. "Mas estamos revendo", disse Goldfajn. Nas contas dos especialistas do banco, o juro básico encerrará 2011 em 12,75% ao ano – dois pontos a mais do que o nível atual.

Dois nomes que eram cotados para o cargo também elogiaram a opção pelo atual diretor de Normas do BC. Um deles, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Fabio Barbosa, mostrou expectativas favoráveis em relação a Tombini.

Segundo ele, o próximo presidente do BC tem perfil "bastante técnico", é "extremamente sério" e dá uma indicação clara de que o governo manterá a atual política. "Aliás, conforme a então candidata Dilma Rousseff falou, durante sua campanha: seriam mantidos os pilares básicos da economia."

O outro, Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco, disse que a escolha de Tombini "é uma demonstração de confiança na qualificação acadêmica e excelência técnica dos quadros da instituição". Para ele, sua nomeação "indica o respeito da presidente eleita Dilma Rousseff para com a política de metas de inflação".

Para o presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Marcelo Giufrida, Tombini é a continuidade da gestão da política monetária de Meirelles. "Éuma ótima escolha. É a escolha pela continuidade."

Em nota para clientes, assinada por Marcelo Carvalho e Diego Donadio, o Departamento de Economia do Banco BNP Paribas na América Latina afirmou que a escolha de Tombini é "market-friendly", ou seja, amigável com o mercado.

Raposa

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, elogiou a escolha de Tombini. "Finalmente, tiraram a raposa do galinheiro", disse ele, em referência ao atual presidente do BC, Henrique Meirelles, que veio do mercado financeiro para o governo Lula. "Tiraram o banqueiro e, finalmente, vamos ter um funcionário de carreira no comando do BC", acrescentou.

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Fonte:
O Estado de S. Paulo

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